quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Paul Verlaine

Pra vós são estes versos, pla consoladora 
Graça dos olhos onde chora e ri um sonho 
Doce, pla vossa alma pura e sempre boa, 
Versos do fundo desta aflição opressora. 

Porque, ai! o pesadelo hediondo que me assombra
Não dá tréguas e, louco, furioso, ciumento,
Multiplica-se como um cortejo de lobos
E enforca-se com o meu destino que ensanguenta!

Ah! sofro horrivelmente, ao ponto de o gemido
Desse primeiro homem expulso do Paraíso
Não passar de uma écloga à vista do meu!

E os cuidados que vós podeis ter são apenas
Andorinhas voando à tarde pelo céu
— Querida — num belo dia de um Setembro ameno.

Paul Verlaine

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