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domingo, 31 de janeiro de 2021

Amor é fogo que arde sem se ver. Camões

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sophia de Mello Breyner Andresen

Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
O ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?

Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido

Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pr'além de vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce


Sophia de Mello Breyner Andresen


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vicente de Carvalho

‎"Olhos encantados, olhos côr do mar, 
Olhos pensativos que fazeis sonhar !
Que formosas cousas , quantas maravilhas 
Em voz vendo sonho, em voz fitando vejo.....
Solidões tranquilas feitas para o beijo,
Ninhos verdejantes feitos para o amor ....
Olhos pensativos que falais de amor !" 



Vicente de Carvalho

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eurípedes Barsanulfo - O Universo

O Universo é obra inteligentíssima; obra que transcende a
mais genial inteligência humana; e, como todo efeito
inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a
do universo é superior a toda inteligência; é a inteligência das
inteligências; a causa das causas; a lei das leis; o princípio dos
princípios; a razão das razões; a consciências das consciências;
é Deus! Deus! Nome mil vezes santo, que Newton jamais
pronunciava sem se descobrir! Eurípedes Barsanulfo

domingo, 30 de outubro de 2011

Paul Verlaine

Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville ;
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur ?

Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits !
Pour un coeur qui s'ennuie,
Ô le chant de la pluie !

Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s'écoeure.
Quoi ! nulle trahison ?...
Ce deuil est sans raison.

C'est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi
Sans amour et sans haine
Mon coeur a tant de peine !

Paul Verlaine

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Manoel de Barros

Para entender nós temos dois caminhos:
[o da sensibilidade que é o entendimento
do corpo;
e o da inteligência que é o entendimento
do espírito.
Eu escrevo com o corpo.
Poesia não é para compreender,
[mas para incorporar.
Entender é parede; procure ser árvore
.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fernando Pessoa - Poesia

‎Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o
 que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Antonio Ramos Rosa - Poesia

Este homem que pensou
com uma pedra na mão
tranformá-la num pão
tranformá-la num beijo

Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra

Antonio Ramos Rosa

Mário Quintana - Poesia

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

Mário Quintana

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Fernando Pessoa

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


Fernando Pessoa

sábado, 6 de agosto de 2011

Jacineide Travassos - A odisséia de Penélope - Poesia

A odisséia de Penélope 


a faca em prata-viva
é sombra da tarde

lua

dor da luz


prata


suor do teu cavalo


cães
aves de fogo do teu sexo
devoram o homem

um deserto em rocha-verde
guarda tua origem

castidade

cavalo


Jacineide Travassos

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Românticos - Nado Siqueira

Românticos
Nado Siqueira 


Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucos
Românticos são poucos
Como eu! Como eu!

PABLO NERUDA

PABLO NERUDA

Emerge tu recuerdo de la noche en que estoy. 
El río anuda al mar su 
lamento obstinado.

Abandonado como los muelles en el alba.
Es la hora de partir, oh abandonado!

Sobre mi corazón llueven frías corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos!

En ti se acumularon las guerras y los vuelos.
De ti alzaron las alas los pájaros del canto.

Todo te lo tragaste, como la lejanía.
Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue naufragio!

Era la alegre hora del asalto y el beso.
La hora del estupor que ardía como un faro.

Ansiedad de piloto, furia de buzo ciego,
turbia embriaguez de amor, todo en ti fue naufragio!

En la infancia de niebla mi alma alada y herida.
Descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Te ceñiste al dolor, te agarraste al deseo.
Te tumbó la tristeza, todo en ti fue naufragio!

Hice retroceder la muralla de sombra,
anduve más allá del deseo y del acto.

Oh carne, carne mía, mujer que amé y perdí,
a ti en esta hora húmeda, evoco y hago canto.

Como un vaso albergaste la infinita ternura,
y el infinito olvido te trizó como a un vaso.

Era la negra, negra soledad de las islas,
y allí, mujer de amor, me acogieron tus brazos.

Era la sed y el hambre, y tú fuiste la fruta.
Era el duelo y las ruinas, y tú fuiste el milagro.

Ah mujer, no sé cómo pudiste contenerme
en la tierra de tu alma, y en la cruz de tus brazos!

Mi deseo de ti fue el más terrible y corto,
el más revuelto y ebrio, el más tirante y ávido.

Cementerio de besos, aún hay fuego en tus tumbas,
aún los racimos arden picoteados de pájaros.

Oh la boca mordida, oh los besados miembros,
oh los hambrientos dientes, oh los cuerpos trenzados.

Oh la cópula loca de esperanza y esfuerzo
en que nos anudamos y nos desesperamos.

Y la ternura, leve como el agua y la harina.
Y la palabra apenas comenzada en los labios.

Ese fue mi destino y en él viajó mi anhelo,
y en él cayó mi anhelo, todo en ti fue naufragio!

Oh, sentina de escombros, en ti todo caía,
qué dolor no exprimiste, qué olas no te ahogaron!

De tumbo en tumbo aún llameaste y cantaste.
De pie como un marino en la proa de un barco.

Aún floreciste en cantos, aún rompiste en corrientes.
Oh sentina de escombros, pozo abierto y amargo.

Pálido buzo ciego, desventurado hondero,
descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Es la hora de partir, la dura y fría hora
que la noche sujeta a todo horario.

El cinturón ruidoso del mar ciñe la costa.
Surgen frías estrellas, emigran negros pájaros.

Abandonado como los muelles en el alba.
Sólo la sombra trémula se retuerce en mis manos.

Ah más allá de todo. Ah más allá de todo.
Es la hora de partir. Oh abandonado!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Alice Ruiz - Poesia

A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia

Alice Ruiz

Júlio Cortazar

Lo que me gusta de tu cuerpo… 
Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo.
Lo que me gusta de tu sexo es la boca.
Lo que me gusta de tu boca es la lengua.
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.


Júlio Cortazar

Poem by Hafiz

laughing at the word two

only
that Illumined
one
who keeps
seducing the formless into form
had the charm to win my
heart.

only the perfect one
who is always
laughing at the word two
can make you know
of
Love.
poems by Hafiz

Ernesto Cardenal

Tú eres sola entre las multitudes
como son sola la luna
y solo el sol en el cielo

Ernesto Cardena
l

E.E. Cummings

Não ser ninguém a não ser você mesmo,
num mundo que faz todo o possível, noite e dia,
para transformá-lo em outra pessoa, significa travar a
batalha mais dura que um ser humano pode enfrentar;
e jamais parar de lutar.

E.E. Cummings

Cora Coralina

O saber a gente aprende com os mestres e os livros. 
A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes.

Cora Coralina