segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

OLAVO DE CARVALHO

“Não parar, não precipitar, não retroceder. Isso é tudo. Com a advertência suplementar de que precipitar é retroceder.”
Olavo de Carvalho

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

OLAVO DE CARVALHO

OLAVO NÃO MORREU
Percival Puggina

 Quem noticia que Olavo de Carvalho morreu esquece que certas pessoas são agraciadas com uma espécie de imortalidade. Por suas obras, elas se fragmentam em milhões de outros indivíduos, contemporâneos e pósteros. Elas permanecerão vivas nas bibliotecas e seu pensamento continuará a suscitar reflexões, verbalizações e ações. 
 Há muitos anos, lá pelo início da década de 90, recebi um convite do Olavo para me reunir com ele e outras pessoas em São Paulo. Iríamos conhecer-nos e trocar ideias sobre os rumos do Brasil. Estranhei o convite porque eu era apenas aquele que ainda sou, um discreto cronista provinciano. Como um filósofo do centro do país, com brilhantes artigos publicados assiduamente nos principais jornalões, havia tomado conhecimento da minha existência? Até hoje não sei a resposta e não a obtive sequer quando compareci àquele e a outros encontros que se seguiram, em São Paulo e Curitiba. Nesses eventos, de conversa amável e generosa, conheci, entre outros, a Graça Salgueiro, o Heitor de Paola, o José Monir Nasser, o Nivaldo Cordeiro, o Eduy Ferro, o Carlos Illitch Azambuja. 
 Convivi com ele e sua família quando, morando em Curitiba, convidou-me para gravarmos um programa de TV com a participação do saudoso José Monir sobre meu livro "A tragédia da Utopia". Se, por um lado, nesse breve convívio, conheci um sábio que passou a influenciar fortemente minha formação - ainda que nunca tenha sido formalmente seu aluno -, por outro conheci sua família, pernoitei na casa deles onde fui acolhido de modo doce e amável pela Roxane e pelos filhos, então pouco mais que adolescentes. Vi um lar como poucos, uma usina de amor e sabedoria (mais ou menos a mesma coisa, não?). Anos mais tarde, desde os EUA, o trabalho de Olavo iria se derramar em proporções inimagináveis pelo país inteiro e mundo afora.
 No meu amado grupo de estudos, que há décadas se reúne semanalmente, quase todos estudam com ele, o intelectual que mais influenciou o Brasil, positivamente, no século 21.
 Neste dia, em que sim, há luto, estou em oração com a querida Roxane, filhos e netos. Melhor do que ninguém eles sabem o imenso bem representado pelo convívio que tiveram e quanto amor recolhem e continuarão a recolher de milhões de brasileiros nessa perene memória do coração chamada saudade.

OLAVO DE CARVALHO


Sua obra permanece. Obrigada. 

OLAVO DE CARVALHO

Repouse em paz, professor Olavo de Carvalho.
Agradeço por sua capacidade, paciência, generosidade. Sua obra de valor inestimável permanecerá. Que D'us o receba.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Oração

“Livra-nos Senhor, dos perigos que a gente não vê, dos corações mal intencionados que a gente não sente, e dos cansaços diários que enfraquecem a alma da gente. Livra-nos de todo mal sim, e nos dê proteção, amor, descanso e paz.” Cecília Sfalsin

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Eros e Psiquê

“Eros e Psique”
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Do além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa

Antonio Canova, detalhe de “Amor e Psique” (1787 - 1793), Museu do Louvre, Paris