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sábado, 2 de maio de 2015

José Saramago - Provavelmente Alegria

Teu corpo de terra e água
Teu corpo de terra e água
Onde a quilha do meu barco
Onde a relha do arado
Abrem rotas e caminho.
Teu ventre de seivas brancas
Tuas rosas paralelas
Tuas colunas teu centro
Teu fogo de verde pinho
Tua boca verdadeira
Teu destino minha alma
Tua balança de prata
Teus olhos de mel e vinho
Bem que o mundo não seria
Se o nosso amor lhe faltasse
Mas as manhãs que não temos
São nossos lençóis de linho
- José Saramago, em "Provavelmente Alegria", 1987.

terça-feira, 3 de julho de 2012

José Saramago - O silêncio

O silêncio

"Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más."

José Saramago

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

José Saramago

Venham enfim as altas alegrias,
As ardentes auroras, as noites calmas,
Venha a paz desejada, as harmonias,
E o resgate do fruto, e a flor das almas.
Que venham, meu amor, porque estes dias
São de morte cansada,
De raiva e agonias
E nada.


José Saramago

sábado, 28 de janeiro de 2012

José Saramago

‎Se nós, de um dia para o outro, nos descobríssemos bons, os problemas do mundo estariam resolvidos. Claro que isso nem é uma utopia, é um disparate. Mas a consciência de que isso não acontecerá, não nos deve impedir, cada um consigo mesmo, de fazer tudo o que pode para reger-se por princípios éticos. Pelo menos a sua passagem pelo este mundo não terá sido inútil e, mesmo que não seja extremamente útil, não terá sido perniciosa. Quando nós olhamos para o estado em que o mundo se encontra, damo-nos conta de que há milhares e milhares de seres humanos que fizeram da sua vida uma sistemática acção perniciosa contra o resto da humanidade. Nem é preciso dar-lhes nomes. 


José Saramago IN Folha de S. Paulo, Outubro 1995

terça-feira, 20 de setembro de 2011

José Saramago - As mãos

‎"As mãos são dois livros abertos,
não pelas razões, supostas ou autênticas,
da quiromancia, com as suas linhas do coração
e da vida da vida,
meus senhores, ouviram bem, da vida,
mas porque falam quando se abrem ou se fecham,
quando acariciam ou golpeiam,
quando enxugam uma lágrima ou disfarçam um sorriso,
quando se pousam sobre um ombro ou acenam um adeus,
quando trabalham,
quando estão quietas,
quando dormem,
quando despertam."


José Saramago

domingo, 21 de agosto de 2011

José Saramago

As palavras não chegarão nunca a enunciar essa coisa estranha, rara e misteriosa que é um sentimento. | Saramago