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quinta-feira, 8 de março de 2012

Elisa Lucinda - Aviso da Lua que menstrua


Elisa Lucinda 


Aviso da Lua que menstrua. 
Moço, cuidado com ela! 
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua... 
Imagine uma cachoeira às avessas: cada ato que faz, o corpo confessa. 
Cuidado, moço às vezes parece erva, parece hera cuidado com essa gente que gera essa gente que se metamorfoseia metade legível, metade sereia. 
Barriga cresce, explode humanidades e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar mas é outro lugar, aí é que está: cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita... 
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente que vai cair no mesmo planeta panela. 
Cuidado com cada letra que manda pra ela! 
Tá acostumada a viver por dentro, transforma fato em elemento a tudo refoga, ferve, frita ainda sangra tudo no próximo mês. 
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou é que chegou a sua vez! 
Porque sou muito sua amiga é que tô falando na "vera" conheço cada uma, além de ser uma delas. 
Você que saiu da fresta dela delicada força quando voltar a ela. 
Não vá sem ser convidado ou sem os devidos cortejos... 
Às vezes pela ponte de um beijo já se alcança a "cidade secreta" a Atlântida perdida. 
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela. 
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas cai na condição de ser displicente diante da própria serpente. 
Ela é uma cobra de avental 
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano que a mulher extrai filosofando cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso julgando a arte do almoço: Eca!... 
Você que não sabe onde está sua cueca? 
Ah, meu cão desejado tão preocupado em rosnar, ladrar e latir então esquece de morder devagar esquece de saber curtir, dividir. 
E aí quando quer agredir chama de vaca e galinha. 
São duas dignas vizinhas do mundo daqui! 
O que você tem pra falar de vaca? 
O que você tem eu vou dizer e não se queixe: VACA é sua mãe. 
De leite. Vaca e galinha... ora, não ofende. 
Enaltece, elogia: comparando rainha com rainha óvulo, ovo e leite pensando que está agredindo que tá falando palavrão imundo. 
Tá, não, homem. Tá citando o princípio do mundo!".


Lua - Fotografia Leonora Fink

domingo, 23 de outubro de 2011

Elisa Lucinda - O livro das Horas - A Fúria da beleza

Acontece às vezes e não avisa.
A coisa estarrece e abre-se um portal.
É uma dobradura do real, uma dimensão dele,
uma mágica à queima-roupa sem truque nenhum.
Porque é real.
Doeu a flor em mim tanto e com tanta força
que eu dei de soluçar!
O esplendor do que eu vi era pancada,
era baque e era bonito demais!
sabe como é?
Violenta, às vezes, de tão bela, a beleza é!

Elisa Lucinda - O livro das Horas - A Fúria da beleza

domingo, 2 de outubro de 2011

Elisa Lucinda - O livro das Horas - A Fúria da beleza

Acontece às vezes e não avisa. A coisa estarrece e abre-se um portal. É uma dobradura do real, uma dimensão dele, uma mágica à queima-roupa sem truque nenhum. Porque é real. Doeu a flor em mim tanto e com tanta força que eu dei de soluçar! O esplendor do que eu vi era pancada, era baque e era bonito demais! sabe como é? Violenta, às vezes, de tão bela, a beleza é! (Elisa Lucinda-O livro das Horas- A Fúria da beleza)