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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Íris da Silva

"Por causa da paciência, da calma que impera naquele universo. Pinheiros, avencas, cravos, gérberas... As plantas chegaram à Terra há muito tempo. Milhões de anos. Elas escolheram a quietude. Acácias, mangueiras, orquídeas... Ipês, begônias, margaridas... Todas se contentam com o sossego, a imobilidade, a paz. Enquanto nós... Mexer, buscar, perseguir, atacar, devorar. Nós... Caçadores e presas. Dia e noite. Tensos. Nós quisemos a ansiedade. Correr, pegar, mastigar. As plantas desejaram apenas a mansidão. Eu sei. Eu as conheço. Entendo o que lhes acontece. Eu já estive lá. Com as plantas, como as plantas. Sem confusão, sem terror. Não buscar, não perseguir, não atacar. Eu podia continuar por ali indefinidamente. Podia, mas... O clamor de fora, o alvoroço, as cores... Me chamando... Me chamando... Minha existência inteira é uma demorada viagem da luz à escuridão. Não, não... Da escuridão à luz. De uma escuridão luminosa, tranquila, monástica, à claridade débil, frenética, compartilhada." Íris da Silva


Palmeira - Fotografia Leonora Fink