sábado, 20 de dezembro de 2014

Contranarciso - paulo leminski

Contranarciso
"em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós"
p. leminski

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Fotografia me enganou três vezes - Clicio Barroso Filho


A Fotografia me enganou três vezes. Clicio Barroso Filho.
Quando me interessei por fotografia, bem cedo ouvi de todos a quem consultei, incluindo meu próprio pai, que o primeiro passo seria dominar a técnica. Uma tarefa que me parecia longa e complicada, apesar de fascinante e misteriosa. Teria que aprender tudo o que pudesse sobre câmeras: pequenos formatos, médios formatos, grandes formatos. 35mm, 6x6cm, 4x5pol.
Mas isso seria apenas o básico do básico: Era mandatório também saber tudo sobre lentes, elementos, grupos, objetivas, zooms, grandes-angulares, olhos-de-peixe, teleobjetivas, macros. Aberturas de diafragma, velocidades de obturador, ASADIN, foco, profundidade de campo, profundidade de foco, distância hiperfocal, básculas, química, física mecânica, óptica. Filmes, filtros, reveladores, ampliadores, papéis. Nomes estranhos como Leitz, Zeiss, Schneider, Angenieux, Nikkor.
E  não, não acabava por aí; havia que se conhecer de enquadramento; composição; iluminação; direção de modelos; ângulos; plongée e contre-plongée.
Claro que isso tudo só se aprende na escola, e foi exatamente para onde fui.
O professor de fotografia era formado em engenharia óptica na Alemanha. O professor de laboratório era engenheiro químico. Uma das maiores marcas da indústria emprestava seu nome à escola. Depois de quatro semestres suados, já trabalhando como assistente de fotógrafo e respirando fotografia 24/7, achei que poderia começar minha própria carreira e “virar” fotógrafo profissional.
E então, começaram os tombos.
“Sua fotografia é muito certinha, falta personalidade”, ouvia de um; “Essa luz é uma luz covarde” vinha outro me dizer.
E descobri da maneira mais difícil que me faltava conteúdo, vivência, conceito. Saber tudo sobre equipamento e como usá-lo não significava absolutamente nada; ter controle dos processos no laboratório também não.
O que dava era para viver de fotografia comercial, reproduzindo idéias dos outros e copiando em filme o que já havia sido criado anteriormente.
Reprodutor e plagiário!
Faltava ainda muita coisa.
Primeira mentira: “Fotografia é técnica.”
Fui em busca daquilo que, pensava eu, iria modificar a minha fotografia.
Cultura fotográfica.
Comprei livros, todos os que pude. Viajei, e fui conhecer as galerias, os estúdios, os ateliers, os museus; Moma, Prado, Galleria degli Uffizi, NY Metropolitan, Guggenheim, MASP, Pinacoteca, MAM, Louvre, Musée de l’Orangerie,  Museu Calouste Gulbenkian, Museu Picasso, Museu de Atenas, Museu do Cairo, Capela Sistina, ICP.
Enxurrada de imagens, de estilos, de épocas, de assuntos, de técnicas. As rupturas, do expressionismo ao surrealismo ao cubismo ao abstrato de Pollock; a Pop Art de Warhol ironizando a cultura contemporânea do consumo. Me esforcei para entender muito do que não podia compreender, estudando, viajando mais, comprando mais livros. Vivi na América do Norte e na Europa, na tentativa de absorver por osmose a cultura visual de que precisava.
A boa notícia é que minha fotografia mudou. Aprendi a olhar para o mundo de forma menos formal. Minha fotografia já não era mais tão “certinha”, tão previsível, o que me garantia uma certa liberdade, e poder viver de uma fotografia editorial que incentivava, compartilhava e absorvia idéias menos convencionais, mais pessoais. Algumas tinham um ligeiro borrado, tremido intencional de baixa velocidade para simular movimento; outras um foco seletivo tão curto que as altas-luzes se misturavam em brilhos poéticos criando um efeito de “desfoque líquido” (como o definiu um amigo fotógrafo), e muitas em ângulos bastante inusitados que permitiam que o não-mostrado fosse fabricado pela mente do observador e se transformasse em imagem, ainda que etérea.
A partir dessa experiência preparei esse meu melhor material não-comercial e o apresentei as galerias e marchands, para expor onde fosse possível; o amadurecimento do trabalho me parecia suficiente para que as minhas “fotografias autorais” fossem aceitas de imediato.
Mas não foi bem assim.
Descobri da maneira mais difícil que me faltava pensamento, profundidade, história. Apesar da trajetória bem sucedida na fotografia editorial e da cultura visual adquirida que me permitia romper com os paradigmas da fotografia comercial tradicional, apenas técnica e olhar não significavam absolutamente nada.
Dava sim para continuar vivendo de uma fotografia comercial menos previsível, e também dava para ensinar um pouco do que já havia sido criado anteriormente, por artistas e fotógrafos relevantes. Mas não mais que isso.
Produtor e instrutor!
Faltava ainda muita coisa.
Segunda mentira: “Fotografia é só olhar.”
Voltei para a escola.
O ambiente acadêmico, com seu lastro de pesquisa, de aprofundamento, suas referências, debates, palestras e simpósios só poderiam ajudar a desenvolver o pensamento fotográfico que me faltava. Apesar da surpresa inicial de constatar que a maioria absoluta dos mestres e doutores é incapaz de produzir uma única imagem decente (com raras e conhecidas exceções!), o pensar imagético me pareceu instigante, um desafio intelectual com passeios adoráveis pela filosofia, astronomia, psicologia, mecânica quântica, genética e poesia. A falta de imagens é largamente compensada pelos outros saberes, e a ausência da obrigatoriedade da fotografia aplicada, do ato fotográfico em si, é libertadora ao extremo.
Aqui cabem duas interrupções na linha de pensamento que estamos traçando;
1-) Não só os doutores em fotografia, mas também a grande maioria dos críticos, curadores, filósofos, galeristas e marchands é incapaz de fotografar sem que tentem justificar o injustificável com longos e indecifráveis textos, por vezes totalmente disassociados das imagens em questão. Claro, não são fotógrafos, e deles não se deve cobrar boas fotografias!
2-) A Academia nos dá disciplina, cultura adquirida, deadlines, referências, trabalho em equipe, discussões interessantíssimas, respaldo intelectual, e prestígio. É uma oportunidade que não deve ser desprezada por ninguém, mesmo que não se produza uma única fotografia durante o curso.
O ambiente acadêmico me permitiu sonhar mais, dedicar mais tempo a leitura, pesquisar mais profundamente, a respeitar pontos-de-vista diametralmente opostos aos meus. Além da leitura obrigatória dos autores fundamentais como Roland Barthes,Vilém Flusser, Susan Sontag, Walter Benjamin, Rosalind Krauss, Jean Baudrillard, Philippe Dubois, Arlindo Machado ou Boris Kossoy (dentre muitos outros), poder desfrutar da inteligência e sabedoria  de Helouise Costa, Rosely Nakagawa, Lucia Santaella, Simonetta Persichetti ou Annateresa Fabris (dentre muitas outras) é algo que não se esquece.
Mais uma vez a minha fotografia mudou; ganhou intenção, um pensamento prévio, tornou-se mais econômica e sintética; descolou-se dos aparelhos (técnica, equipamento, fetiches); desvencilhou-se dos truques fáceis (desfoques, movimentos desnecessários, tratamento de imagem).
Pronto.
Eu estava pronto para o sucesso.
Mas..
Descobri da maneira mais difícil que as minhas imagens careciam de emoção, de contar uma história intrigante, eloquente ou socialmente relevante de modo não-linear, faltava nelas força política e de denúncia. Apesar de toda a cultura acadêmica, apenas técnica, olhar, pensamento, profundidade e história não significavam absolutamente nada.
Faltava ainda muita coisa.
Terceira mentira: “Fotografia é pensamento.”
Então…
Fotografia é emoção?
Fotografia é política?
Fotografia é documento?
Fotografia é construção de realidades?
Fotografia, agora todos já sabemos, pode ser muito complexa.
Ao substituir a pintura (que segundo muitos autores se auto-esgotou no século XX) como método visual preferencial de expressão artística contemporânea, a Fotografia pode ser  olhar, cultura, documento, expressão, linguagem, filosofia, técnica. Ou um pouco de tudo isso junto, em maiores ou menores porcentagens.
Essas três, ou cinco, ou doze mentiras só são mentiras quando tomadas isoladamente; quando somadas, deixam de sê-lo.
Se ouvimos fotógrafos falando em tom irônico de fotografias feitas por cegos, como por exemplo as de Evgen Bavcar, temos primeiro que entender a experiência vivenciada pelo Dr. Oliver Saks, descrita no livro “Um antropólogo em Marte“, de um seu paciente cego que tem sua visão cirurgicamente recuperada, mas ESCOLHE permanecer cego pois a sua maneira de “enxergar”o mundo lhe faz muito mais sentido do que aquela que a “visão” lhe trouxe.
A partir do momento em que compreendi que todos os saberes possíveis não transformariam a minha fotografia em Arte, ela mudou novamente; agora fotografo o que quero, quando quero, do jeito que bem entendo. Mostro um pouco de mim, um pouco do mundo, construo realidades. Manipulo. Uso a técnica a meu favor. Desfoco. Foco. Sou livre com a minha maneira de olhar ou imaginar o que está ao meu redor.
Entendi, finalmente, que a minha fotografia é o que ela é.
Única, tão minha quanto a minha voz ou as minhas impressões digitais, e será considerada Arte quando alguém, que não eu, assim a enxergar.
Como me alertou mais de uma vez o meu amigo Pepe Mélega, não sou artista.
Sou fotógrafo.
Fonte: http://www.clicio.com.br/blog/2012/fotografia-me-enganou/
Lightroom 5 - Livro de Clicio Barroso Filho


quinta-feira, 17 de julho de 2014

As Iluminações - Lêdo Ivo

As Iluminações
Desabo em ti como um bando de pássaros.
E tudo é amor, é magia, é cabala.
Teu corpo é belo como a luz da terra
na divisão perfeita do equinócio.
Soma do céu gasto entre dois hangares,
és a altura de tudo e serpenteias
no fabuloso chão esponsálício.
Muda-se a noite em dia porque existes,
feminina e total entre os meus braços,
como dois mundos gêmeos num só astro.
- Lêdo Ivo, in "Um Brasileiro em Paris e O Rei da Europa", 1955.
http://www.elfikurten.com.br/2013/04/ledo-ivo-uma-aventura-poetica.html

quarta-feira, 16 de julho de 2014

ÍTACA - Konstantinos Kaváfis

https://www.youtube.com/watch?v=jYvjXEFOmTk

ÍTACA 

Konstantinos Kaváfis

(Trad. Haroldo de Campos)


Quando, de volta, viajares para Ítaca
roga que tua rota seja longa, 
repleta de peripécias, repleta de conhecimentos.
Aos Lestrigões, aos Cíclopes,
ao colério Posêidon, não temas:
tais prodígios jamais encontrará em teu roteiro,
se mantiveres altivo o pensamento e seleta
a emoção que tocar teu alento e teu corpo.
Nem Lestrigões nem Cíclopes,
nem o áspero Posêidon encontrarás,
se não os tiveres imbuído em teu espírito,
se teu espírito não os sucitar diante de si.

Roga que sua rota seja longa,
que, mútiplas se sucedam as manhãs de verão.
Com que euforia, com que júbilo extremo
entrarás, pela primeira vez num porto ignoto!
Faze escala nos empórios fenícios
para arrematar mercadorias belas;
madrepérolas e corais, âmbares e ébanos
e voluptosas essências aromáticas, várias,
tantas essências, tantos arômatas, quantos puderes achar.

Detém-te nas cidades do Egito -nas muitas cidades-
para aprenderes coisas e mais coisas com os sapientes zelosos.
Todo tempo em teu íntimo Ítaca estará presente.
Tua sina te assina esse destino,
mas não busques apressar sua viagem.
É bom que ela tenha uma crônica longa duradoura,
que aportes velho, finalmente à ilha,
rico do muito que ganhares no decurso do caminho,
sem esperares de Ítaca riquezas.
Ítaca te deu essa beleza de viagem.
Sem ela não a terias empreendido.
Nada mais precisa dar-te.
Se te parece pobre, Ítaca não te iludiu.
Agora tão sábio, tão plenamente vivido,
bem compreenderás o sentido das Ítacas.


O Poder da Arte (BBC) - Picasso

https://www.youtube.com/watch?v=sh70SiwjNNw

O Poder da Arte (BBC) - Picasso

Carlos Drummond de Andrade - Se procurar bem

Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.
Carlos Drummond de Andrade

Ricardo Reis - Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a Lua toda
Brilha, porque alta vive.
- Ricardo Reis [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 14.02.1933), In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, 2000.

Desejo - Victor Hugo

Desejo

Victor Hugo
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".

sexta-feira, 11 de julho de 2014

ZZ Top e John Lee Hooker - Boom boom boom

https://www.youtube.com/watch?v=nZWQN0n8x00


ZZ Top e John Lee Hooker - Boom boom boom



The Cult - She Sells Sanctuary

https://www.youtube.com/watch?v=Jj3pEKBRQfA


The Cult - She Sells Sanctuary



She Sells Sanctuary

Oh the heads that turn
Make my back burn
And those heads that turn
Make my back, make my back burn
The sparkle in your eyes
Keeps me alive
And the sparkle in your eyes
Keeps me alive, keeps me alive
The world
And the world turns around
The world and the world, yeah
The world drags me down
Oh, the heads that turn
Make my back burn
And those heads that turn
Make my back, make my back burn, yeah
Yeah-hey...

The fire in your eyes
Keeps me alive
And the fire in your eyes
Keeps me alive
I'm sure in her you'll find
The sanctuary
I'm sure in her you'll find
The sanctuary
And the world
The world turns around
And the world and the world
The world drags me down
And the world and the world and the world
The world turns around
And the world and the world and the world and the world
The world drags me down
Ah...
Hey-yeah...
And the world
And the world turns around
And the world and the world
Yeah, the world drags me down
And the world
Yeah, the world turns around
And the world and the world
The world drags me down
 Sanctuary
Sanctuary
 Sanctuary
 Sanctuary


domingo, 6 de julho de 2014

QUE PENA - JORGE BEN e GAL COSTA

https://www.youtube.com/watch?v=4Dhn5zUjR-0


QUE PENA - JORGE BEN e GAL COSTA



Que Pena

Jorge Ben Jor


Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto dela mesmo assim
Que pena, que pena
Ela já não é mais a minha pequena
Que pena, que pena
Pois não é fácil recuperar
Um grande amor perdido
Pois ela era uma rosa
Ela era uma rosa
As outras eram manjericão
As outras eram manjericão
Ela era uma rosa
Ela era uma rosa
Que mandava no meu coração
Coração, coração
Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto dela mesmo assim
Que pena, que pena
Ela já não é mais a minha pequena
Que pena, que pena
Mas eu não vou chorar
Eu vou é cantar
Pois a vida continua
Pois a vida continua
E eu não ficar sozinho
No meio da rua, no meio da rua
Esperando que alguém me dê a mão


Rubem Alves - “Do universo à jabuticaba”

"Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo, os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as árvores do outono, o banho da cachoeira, mãos que seguram, o abraço do filho: houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse: ‘Valeu a pena eu haver vivido toda a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida’."
Rubem Alves, em “Do universo à jabuticaba”. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010, p. 144.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mario Benedetti - Te Espero

https://www.youtube.com/watch?v=E65kiCyv3Jc


Mario Benedetti - Te Espero


Te espero cuando la noche se haga día,
suspiros de esperanzas ya perdidas.
No creo que vengas,
lo sé, sé que no vendrás.

Sé que la distancia te hiere,
sé que las noches son más frías,
sé que ya no estás.

Creo saber todo de ti.
Sé que el día de pronto se te hace noche:
sé que sueñas con mi amor,
pero no lo dices,
sé que soy un idiota al esperarte,
pues sé que no vendrás.

Te espero cuando miremos al cielo de noche:
tu allá,
yo aquí,
añorando aquellos días
en los que un beso marcó la despedida,
quizás por el resto de nuestras vidas.

Es triste hablar así.
Cuando el día se me hace de noche,
y la luna oculta ese sol tan radiante,
me siento sólo, lo sé;
nunca supe de nada tanto en mi vida,
solo sé que me encuentro muy sólo,
y que no estoy allí.

Mis disculpas por sentir así,
nunca mi intención ha sido ofenderte.
Nunca soñé con quererte,
ni con sentirme así.

Mi aire se acaba como agua en el desierto,
mi vida se acorta pues no te llevo dentro.
Mi esperanza de vivir eres tu,
y no estoy allí.
¿Por qué no estoy allí?,
te preguntarás...
¿Por qué no he tomado ese bus que me llevaría a ti?
Porque el mundo que llevo aquí no me permite estar allí,
porque todas las noches me torturo pensando en ti.
¿Por qué no sólo me olvido de ti?
¿Por qué no vivo sólo así?
¿Por qué no sólo...?


sábado, 28 de junho de 2014

Lago Di Como. 2014. © Leonora Fink

Lago Di Como. 2014. © Leonora Fink

Madredeus - Haja O Que Houver

Madredeus - Haja O Que Houver



Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti

Volta no vento ô meu amor
Volta depressa por favor
Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor...

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...
Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor
Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...