Eram amigos na mocidade;
Mas linguas vis ferem a verdade
E só do céu da constância a chama,
E a juventude é vaidosa, e dura
A vida. O irar-se contra quem se ama
Cai sobre o espírito como um loucura...
De alto desdém ambos eles falaram,
Cada um 'aquele que mais amou,
E para sempre se separam!
Mas nenhum deles outro encontrou
Que lhe aliviasse a alma entristecida;
Ficaram à parte sondando a ferida.
Sós, quais rochedos; o mar sombrio,
Somente hoje entre eles mora;
Mas não há raio, calor nem frio
Que possa de todo apagar agora
Sinais daquilo que foi outrora.
Coleridge, traduzido por Fernando Pessoa