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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Maria Bethânia - Vive


Maria Bethânia - Vive


http://www.youtube.com/watch?v=ccuy2dvM_4g


É inútil chorar
Noites enveredar
Ruir por nada assim
Minha vida é sua
Como um marinheiro do mar
Sofrer não há porque
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre
Tanto que eu sonhei
Nos amar a pleno vapor
Tanto que eu quis
Fazê-la estrela
Da sagração de um ser feliz
Desinflama meu amor
Do seu jeito é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
Se tiver que acontecer
Vive
Desencana meu amor
Tudo seu é muita dor
Vive
Deixa o tempo resolver
O que tem que acontecer
Livre



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Maria Bethânia - Sensivel Demais


Maria Bethânia - Sensivel Demais



http://www.youtube.com/watch?v=Mv47VtRm0bY&feature=youtu.be


Hoje eu tive medo
De acordar de um sonho lindo
Garantir reter guardar essa esperança
Ando em paraísos descaminhos precipícios
Ao seu lado vejo que ainda sou uma criança
Sensível demais eu sou um alguém que chora
Por qualquer lembrança de nós dois
Sensível demais você me deixou e agora
Como dominar as emoções
Quando vem á tona todo amor que esta por dentro
Chamo por teu nome em transmissão de pensamento
Longe a tua casa vejo a luz do quarto acesa
Não tem nada que não vaze que segure essa represa
Sensível demais eu sou um alguém que chora
Por qualquer lembrança de nós dois
Sensível demais você me deixou e agora
Como dominar as emoções

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Chico Buarque e Maria Bethânia - SEM FANTASIA


Chico Buarque e Maria Bethânia - SEM FANTASIA



http://www.youtube.com/watch?v=vSY8xSrymnM&feature=share


Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perde-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu
Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus

sábado, 8 de dezembro de 2012

Maria Bethânia - Oxum


Maria Bethânia - Oxum



http://www.youtube.com/watch?v=_YxvzVCaXvk&feature=youtu.be


Quando eu morrer
voltarei para buscar os instantes
que não vivi junto do mar
Yèyé e yèyé s'oròodò, yèyé o yèyé s'oròodò
Olóomi ayé s'óromon fée s'oròodò
Oxum era rainha,
Na mão direita tinha
O seu espelho onde vivia á se mirar
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive?
Onde ela mora?
Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.
O que ela gosta?
O que ela adora?
Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.
Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?
Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!
Qual é seu dia,
Nossa Senhora?
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.
O que ela canta?
Por que ela chora?
Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar.
É com povo que é praieiro que Dona Iemanjá
quer se casar.

sábado, 1 de dezembro de 2012


‎Sonhar o sonho impossível
Sofrer a angústia implacável
Pisar onde os bravos não ousam
Reparar o mal irreparável
Amar um amor casto à distância
Enfrentar o inimigo invencível
Tentar quando as forças se esvaem
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.

Cervantes, In 'Dom Quixote

....................................

SONHO IMPOSSÍVEL - MARIA BETHÂNIA - Chico Buarque 


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FYaE2hOGIB8#!

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
















domingo, 9 de setembro de 2012

CARTA DE AMOR - Maria Bethânia


CARTA DE AMOR - Maria Bethânia



http://www.youtube.com/watch?v=WqYDUcv0HAM&sns=fb


não mexe comigo.
 
não mexe comigo, que eu não ando só.
 
eu não ando só. 
 
não mexe, não.
 
eu tenho zumbi dos palmares, tenho besouro (lenda da capoeira), o chefe dos tupis.
 
sou tupinambá.
 
tenho os erês, caboclo-boiadeiro, mãos-de-cura, morubixabas, cocares, arco-íris, zarabatanas, curare, flechas & altares.
 
tenho a velocidade da luz, o escuro da mata escura, o breu, o silêncio, a espera.
 
(o tempo sempre a meu favor.)
 
todos os pajés em minha companhia.
 
o menino deus brinca & dorme nos meus sonhos, o poeta (português) me contou.
 
não misturo. não me dobro.
 
rainha do mar anda de mãos dadas comigo. me ensina o baile das ondas & canta canta canta para mim.
 
é do ouro de oxum que é feita a armadura que guarda o meu corpo, garante meu sangue, minha garganta. o veneno do mal não acha passagem.
 
me sumo no vento. cavalgo no raio de iansã. giro o mundo. viro, reviro. vôo entre as estrelas.
 
vou além. me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas, durmo na forja de ogum guerreiro.
 
rezo com as três marias no céu.
 
mergulho no calor da lava dos vulcões: corpo vivo de xangô.
 
não ando no breu nem ando na treva.
 
medo não me alcança.
 
no deserto (sozinho, apenas comigo mesmo) me acho.
 
faço cobra morder o rabo. faço escorpião virar pirilampo. 
 
fulminar aquele que é injusto, aquele que maltrata, aquele que transforma a vida nas mazelas a que assistimos no dia-a-dia: 
 
tu, pessoa nefasta! 
 
(eu não provo do seu fel, eu não piso o seu chão, e para onde você for, pessoa nefasta, não leva meu nome, não.)
 
onde vai, “valente”?…
 
você, pessoa nefasta, secou. seus olhos insones secaram. seus olhos não vêem brotar a relva que cresce livre & verde, longe da sua cegueira. seus ouvidos se fecharam a qualquer som. o próprio umbigo é a única coisa que interessa. 
 
tu, pessoa nefasta, estás tão mirrada, que nem o diabo te ambiciona: não tens alma. tu, pessoa nefasta, pessoa que corrompe a vida, pessoa que coloca na boca dos seus semelhantes o gosto de terra & sangue, és o oco do oco do oco do “sem fim” do mundo. um nada.
 
(o que é teu, pessoa nefasta, já está guardado. não sou eu quem vou te dar. é a vida & sua reviravolta ante tantos maus tratos propagados por ti. trata-se da lei da ação & re-ação.)
 
eu posso engolir você, pessoa nefasta, só para cuspir depois.
 
minha fome é matéria que você não alcança: desde o leite do peito de minha mãe, mulher sempre linda & benvinda, até o sem fim dos versos versos versos que brotam no poeta, versos versos versos que brotam em toda poesia.
 
se choro, e quando choro & minha lágrima cai, é para regar o capim que alimenta a vida. chorando, eu refaço as nascentes que você, pessoa nefasta, secou.
 
se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal & sortilégio.
 
vivo de cara para o vento. na chuva. e quero me molhar.
 
sou como a haste fina: qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.
 
não mexe comigo.
 
não mexe comigo, que eu não ando só.
 
eu não ando só. 
 
não mexe, não.
__________________________

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MARIA BETHÂNIA - LUAR DO SERTÃO

MARIA BETHÂNIA - LUAR DO SERTÃO 


http://www.youtube.com/watch?v=bg8e3v4pEXo&feature=related



Ai, que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia
A nos nascer no coração
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Coisa mais bela nesse mundo não existe
Do que ouvir um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Ai, quem me dera que se eu morresse lá na serra
Abraçada à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a surunina
Chora a sua viuvez
Azulão, azulão, companheiro
Vai, vai ver minha ingrata
Diz que sem ela o sertão não é mais sertão
Ah! voa azulão, vai contar companheiro vai
Azulão, azulão...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Maria Bethânia, Hermeto Pascoal e Grupo - Tomara


Maria Bethânia (with Hermeto Pascoal e Grupo) - Tomara



Tomara meu Deus tomaraQue tudo que nos separaNão frutifique, não valhaTomara meu Deus...
Tomara meu Deus tomaraQue tudo que nos amarraSó seja amor malha raraTomara meu Deus...
Tomara meu Deus tomaraE o nosso amor se declaraMuito maior e não para em nósSe as águas da GuanabaraEscorrem na minha caraUma nação solitáriaNão para em nós
Tomara meu Deus tomaraUma nação solidáriaSem preconceitos tomaraUma nação como nós...

domingo, 27 de maio de 2012

MARIA BETHÂNIA - DIAMANTE VERDADEIRO

MARIA BETHÂNIA - DIAMANTE VERDADEIRO




http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=7AeBCeMIPO8


Nesse universo todo de brilhos e bolhas
Muitos beijinhos, muitas rolhas
Disparadas nos pescoços das Chandon
Não cabe um terço de meu berço de menino
Você se chama grã-fino e eu afino
Tanto quanto desafino do seu tom
Pois francamente meu amor
Meu ambiente é o que se instaura de repente
Onde quer que chegue, só por eu chegar
Como pessoa soberana nesse mundo
Eu vou fundo na existência
E para nossa convivência
Você também tem que saber se inventar
Pois todo toque do que você faz e diz
Só faz fazer de Nova Iorque algo assim como Paris
Enquanto eu invento e desinvento moda
Minha roupa, minha roda
Brinco entre o que deve e o que não deve ser
E pulo sobre as bolhas da champanhe que você bebe
E bailo pelo alto de sua montanha de neve
Eu sou primeiro, eu sou mais leve, eu sou mais eu
Do mesmo modo como é verdadeiro
O diamante que você me deu.




sábado, 5 de maio de 2012

Maria Bethânia - Melodia Sentimental

Maria Bethânia - Melodia Sentimental


http://www.youtube.com/watch?v=s4M67HeJLss



acorda, vem ver a lua
que dorme na noite escura
que surge tão bela e branca
derramando doçura
clara chama silente
ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
e correm o espaço profundo
oh, doce amada, desperta
vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
na hora serena e calma
a sombra confia ao vento
o limite da espera
quando dentro da noite
reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
que brilha na noite escura
querida, és linda e meiga
sentir meu amor e sonhar




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Maria Bethânia - Fernando Pessoa - SEGUE O TEU DESTINO

MARIA BETHÂNIA - SEGUE O TEU DESTINO 




http://www.youtube.com/watch?v=k7EQO3sA6Ls&feature=related


Segue o Teu DestinoSegue o teu destino, 
Rega as tuas plantas, 
Ama as tuas rosas. 
O resto é a sombra 
De árvores alheias. 

A realidade 
Sempre é mais ou menos 
Do que nos queremos. 
Só nós somos sempre 
Iguais a nós-proprios. 

Suave é viver só. 
Grande e nobre é sempre 
Viver simplesmente. 
Deixa a dor nas aras 
Como ex-voto aos deuses. 

Vê de longe a vida. 
Nunca a interrogues. 
Ela nada pode 
Dizer-te. A resposta 
Está além dos deuses. 

Mas serenamente 
Imita o Olimpo 
No teu coração. 
Os deuses são deuses 
Porque não se pensam. 

Ricardo Reis, in "Odes" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

Maria Bethânia - Fernando Pessoa - O doce mistério da vida

Maria Bethânia - Fernando Pessoa - O doce mistério da vida



O POEMA DO MENINO JESUS

Autor: FERNANDO PESSOA
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
“Se é que ele as criou, do que duvido.” -
“Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.”
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

A MÚSICA

DOCE MISTÉRIO DA VIDA
“Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar,
Escondidos bem no fundo de minh’alma,
Não transparecem nem sequer em um olhar.

Vive sempre conversando à sós comigo,
Uma voz eu escuto com fervor,
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor

A ninguém revelarei o meu segredo
E nem direi quem é o meu amor .”



domingo, 29 de abril de 2012

Maria Bethânia - Oxum

Maria Bethânia - Oxum




http://www.youtube.com/watch?v=_YxvzVCaXvk&feature=related



Quando eu morrer
voltarei para buscar os instantes
que não vivi junto do mar
Yèyé e yèyé s'oròodò, yèyé o yèyé s'oròodò
Olóomi ayé s'óromon fée s'oròodò
Oxum era rainha,
Na mão direita tinha
O seu espelho onde vivia a se mirar
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive?
Onde ela mora?
Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.
O que ela gosta?
O que ela adora?
Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.
Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?
Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!
Qual é seu dia,
Nossa Senhora?
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.
O que ela canta?
Por que ela chora?
Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar.
É com povo que é praieiro que Dona Iemanjá
quer se casar.


Bethânia, Caetano e Dona Canô cantam Oração da Mãe Menininha

Bethânia, Caetano e Dona Canô cantam Oração da Mãe Menininha




http://www.youtube.com/watch?v=bG5nsvrP5l4&feature=share



Ai minha mãe
Minha Mãe Menininha
Ai minha mãe
Menininha do Gantoise
A estrela mais linda, hein? Tá no Gantoise
E o sol mais brilhante, hein? Tá no Gantoise
A beleza do mundo, hein? Tá no Gantoise
E a mão da doçura, hein? Tá no Gantoise
O consolo da gente, hein? Tá no Gantoise
E a Oxum mais bonita, hein? Tá no Gantoise
Olorum quem mandou
Essa filha de Oxum
Tomar conta da gente
E de tudo cuidar
Olorum quem mandou ô ô
Ora iê iê ô...
Ora iê iê ô...