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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Adélia Prado

A vida é muito bonita,
basta um beijo
e a delicada engrenagem movimenta-se,
uma necessidade cósmica nos protege.
Adélia Prado

domingo, 21 de julho de 2013

Adélia Prado

Esconder-se no porão, de vez em quando, é necessidade vital. Precisamos de silêncio e solidão, e, não, apenas os poetas. Senão, corremos o perigo de nos esvairmos em som, fúria e esterilidade. O campo para que a palavra se instale para o autor e para o leitor é o campo do silêncio e da audição.

Adélia Prado

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Adélia Prado

Amor pra mim é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo.
Isso é o mais pleno amor. Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é. 



Adélia Prado

terça-feira, 17 de abril de 2012

Adélia Prado - A cólera divina

A cólera divina

Quando fui ferida,
por Deus, pelo Diabo, ou por mim mesma,
- ainda não sei - 
percebi que não morrera, após três dias,
ao rever pardais
e moitinhas de trevo.
Quando era jovem,
só estes passarinhos,
estas folhinhas bastavam
para eu cantar louvores,
dedicar óperas ao Rei.
Mas um cachorro batido
demora um pouco a latir,
a festejar seu dono
- ele, um bicho que não é gente -
tanto mais eu que posso perguntar
Por que razão me bates?
Por isso, apesar dos pardais e das reviçosas folhinhas
uma tênue sombra ainda cobre meu espírito.
Quem me feriu perdoe-me.

Adélia Prado


terça-feira, 27 de março de 2012

Adélia Prado - Ensinamento

Ensinamento

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente,
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
 



Adélia Prado


Adélia Prado
http://elfikurten.blogspot.com.br/search/label/Ad%C3%A9lia%20Prado%20-%20o%20poder%20humanizador%20da%20poesia 

sábado, 28 de janeiro de 2012

Adélia Prado

Esconder-se no porão, de vez em quando, é necessidade vital. Precisamos de silêncio e solidão, e, não, apenas os poetas. Senão, corremos o perigo de nos esvairmos em som, fúria e esterilidade. O campo para que a palavra se instale para o autor e para o leitor é o campo do silêncio e da audição.


Adélia Prado

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ADÉLIA PRADO

Vale a pena esperar, contra toda a esperança,
o cumprimento da Promessa que Deus fez a nossos
pais no deserto. Até lá, o sol com chuva, o arco-íris,
o esforço de amor, o maná em pequeninas rodelas,
tornam boa a vida. A vida rui? A vida rola mas não cai.
A vida é boa.

ADÉLIA PRADO 

terça-feira, 8 de março de 2011

Adélia Prado

Quando eu nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição para homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado