terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Antes do compromisso - Johann Goethe

Antes do compromisso,
há hesitação, a oportunidade de recuar,
uma ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa (e de criação),
há uma verdade elementar
cujo desconhecimento destrói muitas idéias
e planos esplêndidos.
No momento em que nos comprometemos
de fato, a providência também age.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,
coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos emana da decisão,
fazendo vir em nosso favor todo tipo de
encontros, de incidentes
e de apoio material imprevistos, que ninguém
poderia sonhar que surgiriam em seu caminho.
Começa tudo o que possa fazer,
ou que sonhas poder fazer.
A ousadia traz em si o gênio, o poder
e a magia.
Johann Goethe
Foto : O Jovem Johann Wolfgang von Goethe

Sincronicidade ou coincidências?

Sincronicidade ou coincidências?
No aeroporto pensou em alguém e imagina como seria bom uma boa conversa com aquela pessoa querida que há muito você não encontra. Na escada rolante não deu para acreditar: eis a pessoa vindo ao seu encontro! Parece que chamou, que coincidência. Desculpe, coincidências não existem! Tem fato que é muita coincidência para ser verdade e o psiquiatra Carl Jung chamou isto de sincronicidade! Para ele, a sincronicidade representa uma “coincidência significativa” e chegou a pensar em relacionar com a intuição. Na sincronicidade, os eventos não têm relação causal e sim, uma relação de significado.
A sincronicidade não tem nada a ver com a serendipidade; são dois fenômenos diferentes igualmente importantes. Na serendipidade as pessoas com uma mente preparada sacam ou descobrem coisas ao interpretar fenômenos aparentemente ao acaso que para os outros passam despercebidos. A origem do termo é muito bonita e vale a pena ser resgatada. A lista de descobertas e inovações científicas por serendipidade é grande: penicilina, implantes dentários, anestesia, lei da gravidade, big bang, bioeletricidade, borracha vulcanizada, dinamite, fotografia, insulina, iodo, nylon, polietileno, oxigênio, raios-x, sucrilhos, teflon, velcro, etc.
Você ia ligar para a pessoa, eis que toca o telefone: é ela! Isto é sincronicidade. Coincidência ou acaso? No livro “Coincidências existem?” de Jan Cederquist, a sincronicidade é o tema central, mas existem outros, inclusive um do próprio Jung. Podemos conceituar sincronicidade como a coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos de dois ou mais fatos. Sentado no cinema ou no avião, eis quem senta ao seu lado! Alguém que estavas pensando ou desejando: que sincronicidade. O ser humano deveria curtir mais suas coincidências ou sincronicidades: para Milan Kundera seria uma das dimensões da beleza e inteligência humana. “Os astros se alinham e o universo conspira a favor dos bem intencionados!” Nem eu sabia o que estava afirmando, mas acreditem que na sincronicidade tem-se muitas coincidências significativas que somando efeitos levam ao objetivo desejado.
Seríamos objetos da sincronicidade ou apenas uma coincidência? Como pode entre milhões de espermatozoides um ter encontrado aquele óvulo e dar origem a você! O que fez aquele espermatozoide ser o campeão: ou é sincronicidade ou uma coincidência muito maluca! “O mundo não nos parece ser um jogo cego de átomos, mas sim uma grande organização”, segundo Marilyn Ferguson. Seríamos casuais ou planejados?
Quem programou?
O encontro de duas pessoas na Terra pode ser casual ou uma sincronicidade resultante de um desejo mental de ambas quanto ao modelo afetivo, físico e emotivo que se materializou? As vezes, se quer tanto, que acontece! Existem os que acreditam que o encontro faz parte de uma programação espiritual antes da reencarnação, um verdadeiro destino marcado. Como seria a sincronicidade em sua vida? Você consegue distinguí-la? Estás com alguém por coincidência ou sincronicidade?
O exemplo clássico de sincronicidade, contestado pelos religiosos, é a travessia do Mar Vermelho pelos judeus sob a liderança de Moisés. Havia a proximidade do exército do faraó que faria um massacre no acampamento. Inspirado, Moisés levantou a mão e o mar recuou por um forte vento oriental e criou-se uma travessia. Os judeus entraram sobre solo seco com muros de água a esquerda e direita. Os egípcios tentaram atravessar, mas o mar cobriu todo exército e não sobrou nem ao menos um deles.
Três matemáticos do Instituto Oceanográfico de São Petersburgo publicaram um artigo sobre esta passagem bíblica analisando-a cientificamente. Existe um recife onde ocorreu o fato com 6,5km de costa a costa, era maior e mais próximo da superfície e na bíblia fala-se de um forte vento naquela noite. Nos cálculos consideraram a velocidade do vento de 30km/h, direção e a maré baixa para expor o recife. Seiscentos mil judeus passariam em 4h; mais meia hora a água retornaria o que pegou os egípcios no meio da travessia. Que sincronicidade: local, momento, tempo, vento e a experiência de Moisés!
Um grande amor surge assim: ... da sincronicidade !
Quem é o maestro disto tudo?
Um assunto para muitas noites de cultos, mistérios e saraus!
(Alberto Consolaro é articulista do JCNET)