Não me deixe ir, posso nunca mais voltar.
Clarice Lispector
terça-feira, 30 de abril de 2013
AMAR ALGUÉM - Marisa Monte
AMAR ALGUÉM - Marisa Monte
Amar alguém só pode fazer bem
Não há como fazer mal a ninguém
Mesmo quando existe um outro alguém
Mesmo quando isso não convém
Amar alguém e outro alguém também
É coisa que acontece sem razão
Embora soma cause divisão
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
Amar alguém não tem explicação
Não há como conter o furacão
Amores vão embora
Amores vêm
Não se decide amar e nem a quem
Amar alguém só pode fazer bem
Seja só uma pessoa ou um harém
Se não existe algoz e nem refém
Amar alguém e outro alguém também
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
Amar alguém só pode fazer bem
Não há como fazer mal a ninguém
Mesmo quando existe um outro alguém
Mesmo quando isso não convém
Amar alguém e outro alguém também
É coisa que acontece sem razão
Embora soma cause divisão
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
Amar alguém não tem explicação
Não há como conter o furacão
Amores vão embora
Amores vêm
Não se decide amar e nem a quem
Amar alguém só pode fazer bem
Seja só uma pessoa ou um harém
Se não existe algoz e nem refém
Amar alguém e outro alguém também
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém só pode fazer bem
Amar alguém
domingo, 28 de abril de 2013
Led Zeppelin - homenagem no Kennedy Center Honors
Led Zeppelin homenagem no Kennedy Center Honors
http://www.youtube.com/watch?v=jTLFzQZ99l4&feature=youtu.be
Led Zeppelin - Thank You
Led Zeppelin - Thank You
http://www.youtube.com/watch?v=tfUSZVIWhxA&feature=youtu.be
http://www.youtube.com/watch?v=tfUSZVIWhxA&feature=youtu.be
If the sun refused to shine
I would still be loving you
When mountains crumble to the sea
There'll still be you and me
Kind woman, I give you my all
Kind woman, nothing more
Little drops of rain, whisper of the pain
Tears of loves lost in the days gone by
My love is strong with you there is no wrong
Together we shall go until we die
Inspiration is what you are to me
Inspiration, look to see
And so today, my world it smiles
Your hand in mine we walk the miles
Thanks to you it will be done
For you to me are the only one
Happiness, no longer sad
Happiness, I'm glad
If the sun refused to shine
I would still be loving you
When mountains crumble to the sea
There'll still be you and me, and me
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Satélite - Manuel Bandeira
Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.
Manuel Bandeira
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.
Manuel Bandeira
2013. Fotografia © Leonora Fink |
2013. Fotografia © Leonora Fink |
2013. Fotografia © Leonora Fink |
2013. Fotografia © Leonora Fink |
2013. Fotografia © Leonora Fink |
terça-feira, 23 de abril de 2013
William Shakespeare
Saudades - Mia Couto
Saudades
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trêmula, raiz exposta
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono
Mia Couto, no livro "Raiz de Orvalho e outros poemas".
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
dói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trêmula, raiz exposta
Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono
Mia Couto, no livro "Raiz de Orvalho e outros poemas".
Oração de São Jorge
Oração de São Jorge
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge
para que meus inimigos tendo pés, não me alcancem;
tendo mãos, não me peguem;
tendo olhos, não me vejam
e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar,
cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça,
Virgem de Nazaré me cubra com o seu manto sagrado e divino,
protegendo-me em todas as minhas dores e aflições,
e Deus com sua Divina Misericórdia e grande poder
seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus,
estenda-me o seu escudo e suas poderosas armas,
defendendo-me com sua força e grandeza,
e que, debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.
Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
Pintura Gustave Moreau, St Geoges et le dragon
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge
para que meus inimigos tendo pés, não me alcancem;
tendo mãos, não me peguem;
tendo olhos, não me vejam
e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar,
cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça,
Virgem de Nazaré me cubra com o seu manto sagrado e divino,
protegendo-me em todas as minhas dores e aflições,
e Deus com sua Divina Misericórdia e grande poder
seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus,
estenda-me o seu escudo e suas poderosas armas,
defendendo-me com sua força e grandeza,
e que, debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.
Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
Pintura Gustave Moreau, St Geoges et le dragon
Pintura Gustave Moreau, St Geoges et le dragon |
Luna - Quint Buchholz
Luna - Quint Buchholz
Cambiemos el nombre
de las cosas,
o mejor,
pongamos un nombre
cada día.
Los nombres distraen mucho.
No ha de cambiar el mar
si lo llamamos humo.
Llamemos exageración
a la luna.
Llamemos a nunca
todavía.
Dulce Chacón
Cambiemos el nombre
de las cosas,
o mejor,
pongamos un nombre
cada día.
Los nombres distraen mucho.
No ha de cambiar el mar
si lo llamamos humo.
Llamemos exageración
a la luna.
Llamemos a nunca
todavía.
Dulce Chacón
Do Tempo ao Coração - David Mourão-Ferreira
Do Tempo ao Coração
E volto a murmurar Do cântico de amor
gerado na Suméria às novas europutas
Do muito que me dás ao muito que não dou
mas que sempre conservo entre as coisas mais puras
De uma genebra a mais num bar de Amsterdão
a não perder o pé numa praia da Grécia
De tantas tantas mãos que nos passam pelas mãos
a tão poucas que são as que nunca se esquecem
De ter visto o começo e o fim da Via Ápia
De ter atravessado o muro de Berlim
De outros muros que não aparecem no mapa
De outros muros que só aparecem aqui
ao barro deste céu que te modela os ombros
ao sopro deste céu que te solta o cabelo
ao riso deste céu que vem ao nosso encontro
quando sabe que nós não precisamos dele
Da pertinaz presença E da longevidade
do corvo do chacal do louco do eunuco
ao rouxinol que morre em plena madrugada
à rosa que adormece em caules de um minuto
Do que foi noutro tempo a saúde no campo
à lepra que nos rói a paisagem bucólica
Do tempo ao coração minado pelo cancro
Dos rins ao infinito incubado na cólera
Do tempo ao coração mas com pausa na pele
como «Roma by night» entre dois aviões
como passar o Verão numa vogal aberta
como dizer que não que já não somos dois
Dos rins ao infinito A este que não outro
Ao que rola dos rins Ao que vai rebentar-te
na câmara blindada e nocturna do útero
E nos transfere o fim para um pouco mais tarde
Da curva de entretanto à entrada do poço
De soletrar em mim a ler nas tuas mãos
como é rápido e lento e recto e sinuoso
o percurso que vai do tempo ao coração.
David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”
E volto a murmurar Do cântico de amor
gerado na Suméria às novas europutas
Do muito que me dás ao muito que não dou
mas que sempre conservo entre as coisas mais puras
De uma genebra a mais num bar de Amsterdão
a não perder o pé numa praia da Grécia
De tantas tantas mãos que nos passam pelas mãos
a tão poucas que são as que nunca se esquecem
De ter visto o começo e o fim da Via Ápia
De ter atravessado o muro de Berlim
De outros muros que não aparecem no mapa
De outros muros que só aparecem aqui
ao barro deste céu que te modela os ombros
ao sopro deste céu que te solta o cabelo
ao riso deste céu que vem ao nosso encontro
quando sabe que nós não precisamos dele
Da pertinaz presença E da longevidade
do corvo do chacal do louco do eunuco
ao rouxinol que morre em plena madrugada
à rosa que adormece em caules de um minuto
Do que foi noutro tempo a saúde no campo
à lepra que nos rói a paisagem bucólica
Do tempo ao coração minado pelo cancro
Dos rins ao infinito incubado na cólera
Do tempo ao coração mas com pausa na pele
como «Roma by night» entre dois aviões
como passar o Verão numa vogal aberta
como dizer que não que já não somos dois
Dos rins ao infinito A este que não outro
Ao que rola dos rins Ao que vai rebentar-te
na câmara blindada e nocturna do útero
E nos transfere o fim para um pouco mais tarde
Da curva de entretanto à entrada do poço
De soletrar em mim a ler nas tuas mãos
como é rápido e lento e recto e sinuoso
o percurso que vai do tempo ao coração.
David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”
domingo, 21 de abril de 2013
Led Zeppelin - Kashmir - Celebration Day
Led Zeppelin - Kashmir - Celebration Day
http://www.youtube.com/watch?v=PD-MdiUm1_Y&list=PLMmd10177iHtvpf8rJZf3IgvmxM63eKvk
Kashmir
Oh, let the sun beat down upon my face
Stars to fill my dream
I am a traveler of both time and space
To be where I have been
To sit with elders of the gentle race
This world has seldom seen
They talk of days for which they sit and wait
When all will be revealed
Talk and song from tongues of lilting grace
Whose sounds caress my ear
But not a word I heard could I relate
The story was quite clear
Oh, oh, oh, oh
Oh, I been flying
Mama, there ain't no denying
Oh yeah, I've been flying
Mama, ain't no denying, no denying
All I see turns to brown as the sun burns the ground
And my eyes fill with sand
As I scan this wasted land trying to find
Trying to find where I've been
Oh, pilot of the storm who leaves no trace
Like thoughts inside a dream
Hid the path that led me to that place
Yellow desert stream
My Shangri-la beneath the summer moon
I will return again
Sure as the dust that floats high in June
When moving through Kashmir
Oh, father of the four winds, fill my sails
Across the sea of years
With no provision but an open face
Along the straits of fear
Oh, oh, oh, oh
When I'm on
When I'm on my way, yeah
When I see
When I see the way, you stay, yeah
Oh yeah, yeah, oh yeah, yeah
When I'm down
Oh my baby, oh my baby
Let me take you there
NÃO ABANDONAMOS O QUARTO NO DOMINGO - Fabrício Carpinejar
NÃO ABANDONAMOS O QUARTO NO DOMINGO
Acordamos e não nos levantamos.
Desde que nos apaixonamos, a cama é o nosso acampamento.
Despertamos cedo e ficamos conversando, recapitulando a rotina, rindo à toa.
É um domingo inteiro assim, entre travesseiros, almofadas e edredom.
O quarto permanece trancado, as cortinas fechadas, o jornal empilhado na porta.
De vez em quando, um dos dois é sorteado como emissário da geladeira, para buscar frutas ou água. É uma visita rápida pelos demais aposentos, na ponta dos pés para não assustar as pálpebras.
Não é aconselhável demorar pela sala, para a claridade não quebrar o encanto e nos obrigar a sair à rua.
Somos sonâmbulos um do outro. Viciados um no outro. Intoxicados um do outro.
Passamos os dias no colchão travando histórias e revelando segredos.
A cama é o nosso hotel, nossa casa na serra, nossa residência de praia, nosso bunker, nosso pub, nossa água-furtada.
A cama é o que precisamos do mundo, o resto pode levar.
Reduzimos o universo àquele estrado de madeira, e nos divertimos com os problemas antigos, com as dores antigas, com aquilo que nos antecedeu e ainda não era a gente.
Na verdade, sinto que estudo para o vestibular de sua memória. Olho o teto coberto de fórmulas, fotos, cenas, equações e cálculos de sua vida.
Decoro suas sobrancelhas, seus suspiros, sou um mímico atento de seu rosto.
Faço perguntas despropositadas - nunca prevejo o que vai cair na prova do amor.
Interesso-me por qual lugar que sentava no colégio Champagnat. Me diz que era no fundo, com as costas coladas na janela.
E você me interroga a cor da minha térmica no jardim de infância do Santa Inês. Falo rápido que era azul.
Quem teria coragem de fazer essas questões senão quem ama? Mais: quem responderia com naturalidade essas questões senão quem ama?
Não nos assustamos com nenhuma gratuidade. Não estranhamos a curiosidade ou nos envergonhamos da loucura.
Intimidade é não temer o que será feito com nossas palavras.
Deitamos de lado, atravessados, você em meu peito, eu encaixado na moldura de seu pescoço. Giramos para esquerda, tonteamos para direita, argumentamos, confortamos, descrevemos nossos amigos, confessamos nossos pecados, sussurramos bobagens.
Os ouvidos se tornam rápidos como a boca. Falo e ouço na mesma hora.
Nossas mãos se beijam, nossos pés se beijam.
Tudo é intenso entre nós a ponto da lembrança criar a experiência. É como se nossos olhos fossem aquela máquina polaroid cuspindo fotos.
Os vizinhos devem suspeitar que já morremos, mas nunca estivemos tão vivos.
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Revista Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 21/04/2013 Edição N° 17409
Acordamos e não nos levantamos.
Desde que nos apaixonamos, a cama é o nosso acampamento.
Despertamos cedo e ficamos conversando, recapitulando a rotina, rindo à toa.
É um domingo inteiro assim, entre travesseiros, almofadas e edredom.
O quarto permanece trancado, as cortinas fechadas, o jornal empilhado na porta.
De vez em quando, um dos dois é sorteado como emissário da geladeira, para buscar frutas ou água. É uma visita rápida pelos demais aposentos, na ponta dos pés para não assustar as pálpebras.
Não é aconselhável demorar pela sala, para a claridade não quebrar o encanto e nos obrigar a sair à rua.
Somos sonâmbulos um do outro. Viciados um no outro. Intoxicados um do outro.
Passamos os dias no colchão travando histórias e revelando segredos.
A cama é o nosso hotel, nossa casa na serra, nossa residência de praia, nosso bunker, nosso pub, nossa água-furtada.
A cama é o que precisamos do mundo, o resto pode levar.
Reduzimos o universo àquele estrado de madeira, e nos divertimos com os problemas antigos, com as dores antigas, com aquilo que nos antecedeu e ainda não era a gente.
Na verdade, sinto que estudo para o vestibular de sua memória. Olho o teto coberto de fórmulas, fotos, cenas, equações e cálculos de sua vida.
Decoro suas sobrancelhas, seus suspiros, sou um mímico atento de seu rosto.
Faço perguntas despropositadas - nunca prevejo o que vai cair na prova do amor.
Interesso-me por qual lugar que sentava no colégio Champagnat. Me diz que era no fundo, com as costas coladas na janela.
E você me interroga a cor da minha térmica no jardim de infância do Santa Inês. Falo rápido que era azul.
Quem teria coragem de fazer essas questões senão quem ama? Mais: quem responderia com naturalidade essas questões senão quem ama?
Não nos assustamos com nenhuma gratuidade. Não estranhamos a curiosidade ou nos envergonhamos da loucura.
Intimidade é não temer o que será feito com nossas palavras.
Deitamos de lado, atravessados, você em meu peito, eu encaixado na moldura de seu pescoço. Giramos para esquerda, tonteamos para direita, argumentamos, confortamos, descrevemos nossos amigos, confessamos nossos pecados, sussurramos bobagens.
Os ouvidos se tornam rápidos como a boca. Falo e ouço na mesma hora.
Nossas mãos se beijam, nossos pés se beijam.
Tudo é intenso entre nós a ponto da lembrança criar a experiência. É como se nossos olhos fossem aquela máquina polaroid cuspindo fotos.
Os vizinhos devem suspeitar que já morremos, mas nunca estivemos tão vivos.
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Revista Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 21/04/2013 Edição N° 17409
Barry Manilow - I can`t smile without you
Barry Manilow - I can`t smile without you
http://www.youtube.com/watch?v=gLuSZLHhoNM
You know I can't smile without you
I can't smile without you
I can't laugh and I can't sing
I'm finding it hard to do anything
You see I feel sad when you're sad
I feel glad when you're glad
If you only knew what I'm going through
I just can't smile without you
You came along just like a song
And brighten my day
Who would of believed that
You where part of a dream
Now it all seems light years away
And now you know I can't smile without you
I can't smile without you
I can't laugh and I can't sing
I'm finding it hard to do anything
You see I feel sad when your sad
I feel glad when you're glad
If you only knew what I'm going through
I just can't smile
Now some people say happiness takes
So very long to find
Well, I'm finding it hard
Leaving your love behind me
And you see I can't smile without you
I can't smile without you
I can't laugh and I can't sing
I'm finding it hard to do anything
You see I feel glad when you're glad
I feel sad when you're sad
If you only knew what I'm going through
I just can't smile without you
Barry White - My First My Last My Everything
Barry White - My First My Last My Everything
http://www.youtube.com/watch?v=qdTDFUaaL9s
You're My First, My Last, My Everything by Barry White
The first, the last, my everything
And the answer to all my dreams
You're my sun, my moon, my guiding star
My kind of wonderful, that's what you are
I know there's only, only one like you
There's no way they could have made two
You're all I'm living for
Your love I'll keep for evermore
You're the first, your the last, my everything
And with you I've found so many things
A love so new only you could bring
Can't you see it's you
You make me feel this way
You're like a fresh morning dew on a brand new day
I see so many ways that I
Can love you till the day I die
You're my reality, yet I'm lost in a-a-a a dream
You're the first, the last, my everything
I know there's only, only one like you
There's no way they could have made two
Girl you're my reality
But I'm lost in a-a-a a dream
You're the first, you're the last, my everything
terça-feira, 16 de abril de 2013
Carlos Drummond de Andrade - O Amor Bate na Aorta
O Amor Bate na Aorta
Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.
O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...
Carlos Drummond de Andrade
Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.
O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 13 de abril de 2013
O SERTANEJO FALANDO - João Cabral de Melo Neto
O SERTANEJO FALANDO
João Cabral de Melo Neto
A fala a nível do sertanejo engana:
as palavras dele vêm, como rebuçadas
(palavras confeito, pílula), na glace
de uma entonação lisa, de adocicada.
Enquanto que sob ela, dura e endurece
o caroço de pedra, a amêndoa pétrea,
dessa árvore pedrenta (o sertanejo)
incapaz de não se expressar em pedra.
2.
Daí porque o sertanejo fala pouco:
as palavras de pedra ulceram a boca
e no idioma pedra se fala doloroso;
o natural desse idioma fala à força.
Daí também porque ele fala devagar:
tem de pegar as palavras com cuidado,
confeitá-la na língua, rebuçá-las;
pois toma tempo todo esse trabalho.
- in “Melhores Poemas de João Cabral de Melo Neto". [Seleção Antônio Carlos Secchin], São Paulo: Global Editora, 8ª ed., 2001, pag. 184.
João Cabral de Melo Neto
A fala a nível do sertanejo engana:
as palavras dele vêm, como rebuçadas
(palavras confeito, pílula), na glace
de uma entonação lisa, de adocicada.
Enquanto que sob ela, dura e endurece
o caroço de pedra, a amêndoa pétrea,
dessa árvore pedrenta (o sertanejo)
incapaz de não se expressar em pedra.
2.
Daí porque o sertanejo fala pouco:
as palavras de pedra ulceram a boca
e no idioma pedra se fala doloroso;
o natural desse idioma fala à força.
Daí também porque ele fala devagar:
tem de pegar as palavras com cuidado,
confeitá-la na língua, rebuçá-las;
pois toma tempo todo esse trabalho.
- in “Melhores Poemas de João Cabral de Melo Neto". [Seleção Antônio Carlos Secchin], São Paulo: Global Editora, 8ª ed., 2001, pag. 184.
Joe Cocker - You Are So Beautiful
Joe Cocker - You Are So Beautiful
http://www.youtube.com/watch?v=2UpDDukLwjY
You are so beautiful
To me
You are so beautiful
To me
Can't you see?
You're everything I've hoped for
You're everything I need
You are so beautiful
To me
You are so beautiful
To me
You are so beautiful
To me
Can't you see
You're everything I've hoped for
You're everything I need
You are so beautiful
To me
Joe Cocker - Sorry Seems To Be The Hardest Word
Joe Cocker - Sorry Seems To Be The Hardest Word
What have I got to do to make you love me ?
What have I got to do to make you care?
What do I do when lightning strikes me ?
And I wake to find that you¹re not there
What have I got to do to make you want me ?
What have I got to do to be heard ?
What do I say when it¹s all over?
And sorry seems to be the hardest word,
CHORUS
It¹s sad, so sad,
It¹s a sad ,sad situation,
And it¹s getting more and more absurd,
It¹s sad, so sad,
Why can¹t we talk it over?
Oh it seems to me
That sorry seems to be the hardest word,
What have I got to do to make you want me ?
What have I got to do to be heard ?
What do I say when it¹s all over?
And sorry seems to be the hardest word,
CHORUS
It¹s sad, so sad,
It¹s a sad situation,
And it¹s getting more and more absurd,
It¹s sad, so sad,
Why can¹t we talk it over?
Oh it seems to me
That sorry seems to be the hardest word
What have I got to do to make you love me ?
What have I got to do to be heard ?
What do I do when lightning strikes me ?
What have I got to do?
What have I got to do?
When sorry seems to be the hardest word?
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