Mostrando postagens com marcador 1988. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1988. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 1 de março de 2011

Carnaval Rio 1988 - por Ricardo Apparicio

SALGUEIRO

O Rio não é mais como era antes
Pois acabaram com a nossa Guanabara (diz aí)
Fundiram toda nossa competência
E já não somos a Cidade Jóia Rara
Que saudades que eu tenho
Da bandeira com golfinhos e brasão
Do nosso Rio antigo
Praça Onze, onde o samba tinha abrigo
Rio, grande centro cultural
Patrimônio da riqueza nacional
Dá cá o meu
Dá cá, dá cá o meu (bis)
O povo carioca
Cobra aquilo que perdeu

Quero novamente ver meu Rio
Dono do samba e do grande futebol
Ter um forte banco aqui na praça
E que não seja um comitê eleitoral
Chega de ter nossa casa comandada
Por malandro e coisa e tal

O Rio é negro
E negro luta pelo Rio
Buscando a liberdade
Enfrentando desafio (bis)
O Rio é negro
E é negra essa nação
Vamos firme nessa luta
Proclamando a Abolição





MANGUEIRA

Cem anos de liberdade, realidade e ilusão

Será...
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão
Será...
Que a lei áurea tão sonhada
Há tanto tempo assinada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade
Onde está que ninguém viu
Moço
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso brasil

Pergunte ao criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela

Sonhei...
Que zumbi dos palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção





CAPRICHOSOS

Amor, ai amor
O vento levou
Por toda parte
As maravilhas
Da sétima arte
Lá vou eu, lá vou eu
Curtindo os bastidores
Descobrindo este universo
Tintim por tintim
Ô iaiá, seu vagalume, por favor
Quero um cantinho (bis)
Escondidinho pra ficar com meu amor

Filme proibido pra menor, xi!
Só pornografia
O cangaço
Abriu espaço pro cinema do Brasil
Oh quanta saudade
Do romantismo na tela
Com sutileza
O desenho animado surgiu

Tem comédia, tem piada
Musical com batucada
E no velho Oeste eu vi (bis)
O Nordeste em ação
Ai, coração

Vejam só
Toda a filmagem reunida
Câmeras na festa colorida
Ação, luz e cor, ô ô ô







MOCIDADE PADRE MIGUEL

Bye bye Brasil, beijim, beijim (beijim)
Encanta a Mocidade assim (bis)
E canta a Mocidade
A constituinte independente
Dividiu a nação naufragada
Em sete brasiléias encantadas
O progresso despontou
O Cruzeiro se valorizou

E hoje nem saudade (bis)
Daquele Brasil devedor... que ficou...

Tchau, Cruzado, Inflação
Violência, marajás, corrupção (bis)
Adeus à Dengue e hiena-leão

(E à era...)
A era nucear, usina Rio-Mar
Itapoã, Iracema, Iguarias de Itamaracá
E bate-bate de maracujá
Paulo Afonso, Juazeiro
Padinciço, Petrolina que reluz
Pedras preciosas, mulatas gol gay
Vinho enlatado e o gado revoltado
Chimarrão como exportei
O ouro de Serra Pelada
O P.I. como gritava
Rock outra vez
Divinamente, o salvador surgiu
Dando um toque diferente
Alô... bye bye Brasil





BEIJA-FLOR

Vem amor contar agora
Os cem anos da libertação
A história e a arte dos negros escravos
Que viveram em grande aflição
E mesmo lá no fundo das províncias do Sudão
Foram o braço forte da nação
Eu sou negro
E hoje enfrento a realidade
E abraçado à Beija-flor, meu amor
Reclamo a verdadeira liberdade (já raiou)
Raiou o Sol, sumiu
E veio a Lua (bis)
Eu sou negro, fui escravo
E a vida continua

Liberdade raiou
Mas a igualdade não (não, não, não)
Resgatando a cultura
O grande negro revestiu-se de emoção
(Ih! A Mãe Negra!)
Oh, Mãe Negra faz a festa
O povão se manifesta
Cantando para o mundo inteiro ouvir
Se faz presente a força de uma raça
Que pisa forte na Sapucaí

Dunga Tara Sinherê
Êre rê rê rê (bis)
Êre ré rê rê





PORTELA

Está fazendo um centenário
A Portela em louvação
Voa com a liberdade
A águia e o negro num só coração
Tece versos de amor
Que o Vice-Rei sonhou
Neste cenário de paixão... de paixão
A hora é esta
De irmanar a multidão

Canta, meu povo
Canta, meu povo
Vem no embalo
Que a lenda é carioca (canta, canta)
Canta, meu povo
Vem sambar de novo

Peripécias do amor, ô ô
O Vice-Rei sofreu
Foi Vicente quem casou, ô ô
O sonho se acabou
Suzana, musa deste mar de lama
Simplesmente a tua chama
Queima o peito de quem ama
Valentim, foi ele sim
Sim, quem esculpiu
A fonte dos amores
Recanto tão sutil

Briga, eu, eu quero briga
Hoje eu venho reclamar
(O que que tem, o que que há)
Esta praça ainda é minha
Eu também estou fominha
Jacaré quer me abraçar





UNIAO DA ILHA

Saudade, só deixou saudade
Pra ser mais um dos menestréis
Vem na cegonha pra ver
Ari Barroso, o tema é você
Na Bela Época, nasceu em Ubá (em Ubá, em Ubá)
O menino iluminado
Hoje atravessa o mar
Com a minha Ilha
Nessa Aquarilha do Brasil
Marcou gerações, ligou corações
E o povo ainda canta as suas canções
Tia Ritinha, foi ela
Que abriu as portas pro seu caminhar (ô dá nela)
Machucou meu coração
Ô Maria, na palma da minha mão
Vai cantar o quê? Calouro
Morena da boca de ouro

Quindim gostoso
Quem vai provar? (bis)
No tabuleiro de Iaiá

Boneca de piche, faceira, grau dez
Trabalha, trabalha, nego
Alô amigos, Zé Cariocou
Divina musa
Sua voz maior no exterior

A gaitinha tocando... é gol
A galera vibrando... Mengo! (bis)

Na homenagem veio a paz, a emoção
Minha Ilha risque agora (bis)
A saudade nesse chão





VILA IZABEL

Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu

Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)

Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar (bis)
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular

O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)

Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais

Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua (bis)
Nossa sede é nossa sede
De que o "apartheid" se destrua





TRADICAO

Vem meu amor
Do teu coração abre a janela
Conquistando a passarela
Com saudades da Portela
Vem de novo a Tradição (graças a Deus!)
Vem mostrar um pouco da aquarela
Que o Brasil tem no coração
Tem deus Tupã, tem Boitatá, tem Guaracy
Tem o Quarup e as danças de guerra
Tem Sapain, tem Aritana e Raoni
Lutando ainda pela posse da terra

Tem Carimbó, tem Caxambu, tem Ticumbi
Maracatus e jongos
Tem Chico Rei, Mãe Quelé, tem Zumbi
Regando até hoje a semente dos quilombos

Quem faz a festa é o Chalaça
O imperador vai gostar
Vai ter seresta e cachaça
Mucama vai se enfeitar
Salve a mistura da raça
Que nunca vai se acabar
Até o dia de Graça chegar

Vem, acende a chama
Da nossa história
Vamos exaltar a escola de samba
Nosso panteon de glória

Vem, me dê a mão
Que na folia é todo mundo igual
Vem, vem cantar junto com a Tradição
O melhor do Carnaval





ESTACIO DE SA'

A onda que me levou
Me embalou
De lá pra cá numa legal
E o vento que soprou
Me avisou que tinha boi no Carnaval
Procurei
E achei o boi "Ápis", o boi dourado
A minha fantasia
E também o "Minotauro"
O boi grego da mitologia

Lá no Norte dancei
O "boi bumbá" (bis)
Bumba-meu-boi
Lá pras bandas do Ceará

Em Pernambuco...
Ouvi contar que "Maurício de Nassau"
Por uma ponte fez o boi voar
Foi 171 que enganou o pessoal

No compasso...
Oi, joguei o laço pra pegar o boi (que fracasso...)
Que fracasso
Não sei pra onde o mandingueiro foi

Se matar esse boi
O mocotó é meu (bis)
Pra pagar a corrida
Que esse boi me deu

Tem boi no pasto e de presépio
Boicote em qualquer lugar
E o boi da cara preta
Que fez careta pra me assustar

O boi de corte virou vaca
A carne é fraca, é isso aí (bis)
O boi dá bode na Sapucaí





UNIDOS DA TIJUCA

Brasil... Bar Brasil
Berço das grandes resoluções
Pra quem se queixa que dá um duro danado
E é mal remunerado
Pro revoltado com as broncas do patrão
Ai, quem me dera se eu fosse um marajá (obá)
Ganhasse a vida sem precisar trabalhar
Mas acontece que é só a minoria
Que desfrita a mordomia
Nessa tal democracia
Apertaram o gatilho num salário baleado
Outra piada depois desse tal Cruzado (bis)

E segue o tormento
"Congelaumentos"...
É o preço da alimentação (que confusão)
O medo de sair, ser assaltado
E o plano mal traçado
A bomba que estourou em nossas mãos
As brigas com a patroa em casa
E o time que só faz perder
Não dá pra segurar, já chega de sofrer
Quero poder bebemorar
(Êta papo pra rolar...)

Êta papo pra rolar
No templo do debate popular
Pobres e ricos falam da dívida externa (bis)
Dos problemas desta terra
E se perguntam onde a coisa vai parar