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terça-feira, 21 de maio de 2013

A Terra Desolada - T. S. Eliot


A Terra Desolada - T. S. Eliot

Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aleias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam,
nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
Trecho de “Terra Desolada”, T. S. Eliot. Tradução de Ivan Junqueira

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

T. S. Eliot - “East Coker”, V, Four Quartets

“Assim, eis-me aqui na metade do caminho, e vinte anos se passaram
– Vinte anos a rigor desperdiçados, os anos de l’entre deux guerres –
Tentando aprender como empregar as palavras, e cada tentativa
É sempre uma nova partida, e uma diversa espécie de fracasso
Pois apenas se aprendeu a escolher o melhor das palavras
Para o que não há mais a dizer, ou o meio pelo qual
Não mais se está disposto a fazê-lo. E assim cada aventura
É um novo começo, uma rápida incursão ao inarticulado
Com equipamento imprestável e em contínuo desgaste
Na desordem geral da imprecisão dos sentimentos. [...]”

T. S. Eliot (“East Coker”, V, Four Quartets)
– Tradução de Ivan Junqueira