domingo, 20 de março de 2022

Renoir

"Nos últimos anos de vida, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) pinta com muita dor devido ao reumatismo artrítico em suas mãos, quase paralizadas. Quando Matisse pergunta a ele por que continua pintando, Renoir responde: "A dor passa, mas a beleza fica."

terça-feira, 8 de março de 2022

Não te rendas

NÃO TE RENDAS

Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, porque eu te amo.
 
Poema de Mário Benedetti 

Um brinde às mulheres, pelo esforço permanente em suas lutas de cada dia!! 
É preciso ter força e raça, como cantou Milton Nascimento 

“… é preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca possui
A estranha mania de ter fé na vida..”

Brindemos também aos sujeitos “não todos”, aqueles que vão juntos conosco, na caminhada de topar enfrentar as aventuras do feminino - essa terra de ninguém que nos habita…

Rita Mendonça 


Sonnet 43. Elizabeth Barret Browning

Vocês sabiam que o "Sonnet 43" do livro "Sonnets from the Portuguese" escrito por Elizabeth Barrett Browning (Kelloe, Durham, 6 de Março de 1806 — Florença, 29 de Junho de 1861) é considerado o mais belo escrito por uma mulher em língua inglesa?

"How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.

I love thee to the level of everyday’s
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.

I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose

With my lost saints,—I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life!—and, if God choose,
I shall but love thee better after death."

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
sente, alongando os olhos deste mundo, 
os fins do ser, a graça entresonhada.

Amo-te a cada dia, hora e segundo
A luz do sol, na noite sossegada
e é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com a dor, das velhas penas
com sorrisos, com lágrimas de prece,
e a fé de minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas, 
por toda vida, e assim DEUS o quiser
Ainda mais te amarei depois da morte.
Elizabeth Barrett Browning
Tradutor: Manuel Bandeira.