domingo, 31 de julho de 2011

Carlos Drummond de Andrade

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?


Carlos Drummond de Andrade

Sing Sing Sing - Benny Goodman

Sing Sing Sing

Louis Prima

Sing, sing, sing, everybody start to sing like dee dee dee, bahbah bah dah
Now you're singin with a swing
sing sing sing everybody start to sing like dee dee dee, bah bahbah dah
Now you're singin like evrything.
When teh music goes around,
everybody's gonna go to town.
But here is one thing you should know
Sing it high and sing it low.
Oh, sing sing sing sing everybody start to sing like dee dee dee,bah bah bah dah
Now you're singin with a real good swing!

Maria Bethânia e Caetano Veloso - É de Manhã

É de Manhã

Caetano Veloso

É de manhã
É de madrugada
É de manhã
Não sei mais de nada
É de manhã
Vou ver meu amor
É de manhã
Vou ver minha amada
É de manhã
Flor da madrugada
É de manhã
Vou ver minha flor
Vou pela estrada
E cada estrela
É uma flor
Mas a flor amada
É mais que a madrugada
E foi por ela
Que o galo cocorocô
Que o galo cocorocõ





Jorge Ben
http://www.youtube.com/watch?v=xndPMdyLHFI&feature=share

A arte de ser feliz - Cecília Meireles

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que
pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um
galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar,
cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.



Cecília Meireles

Velhas árvores - Olavo Bilac

Old Trees 
Look at these old trees, more lovely these 
Than younger trees, more friendly too by far:
More beautiful the older that they are, 
Victorious over age and stormy seas ... 
The beasts, the insects, man, under the tree 
Have lived, and been from toil and hunger free; 
And in its higher branches safe and sound 
Incessant songs of birds and love are found. 
Our youth now lost, my friend, let's not bemoan! 
Let's laugh as we grow old! let us grow old 
As do the trees, so nobly, strong and bold: 
Enjoy the glorious kindness we have sown, 
And succor in our branches those who seek, 
The shade and comfort offered to the weak! 

Poemas translated by Frederic G. Heather Marie Williams

Velhas árvores 
Olha estas velhas árvores, mais belas 
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas, 
Vencedoras da idade e das procelas ... 
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas 
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas 
E os amores das aves tagarelas. 
Não choremos, amigo, a mocidade! 
Envelheçamos rindo! envelheçamos 
Como as árvores fortes envelhecem: 
Na glória da alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem
!



Elis Regina - "Entrevista 6" - Ensaio - MPB Especial

Elis Regina - "Entrevista 6" - Ensaio - MPB Especial

OLAVO BILAC - Soneto XIII

OLAVO BILAC- Soneto XIII

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto ...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

The Rolling Stones - Sympathy For The Devil

:: O diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. O diabo na rua, no meio do redemunho.::
[ João Guimarães Rosa, in 'Grande Sertão: Veredas'
]





The Rolling Stones : Sympathy For The Devil (live) HQ


Please allow me to introduce myself
I'm a man of wealth and taste
I've been around for a long, long years
Stole many a man's soul and faith
And I was 'round when Jesus Christ
Had his moment of doubt and pain
Made damn sure that Pilate
Washed his hands and sealed his fate

Pleased to meet you
Hope you guess my name
But what's puzzling you
Is the nature of my game

I stuck around St. Petersburg
When I saw it was a time for a change
Killed the czar and his ministers
Anastasia screamed in vain

I rode a tank
Held a general's rank
When the blitzkrieg raged
And the bodies stank

Pleased to meet you
Hope you guess my name, oh yeah
Ah, what's puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah
(woo woo, woo woo)

I watched with glee
While your kings and queens
Fought for ten decades
For the gods they made
(woo woo, woo woo)

I shouted out,
"Who killed the Kennedys?"
When after all
It was you and me
(who who, who who)

Let me please introduce myself
I'm a man of wealth and taste
And I laid traps for troubadours
Who get killed before they reached Bombay
(woo woo, who who)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
(who who)
But what's puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah, get down, baby
(who who, who who)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
But what's confusing you
Is just the nature of my game
(woo woo, who who)

Just as every cop is a criminal
And all the sinners saints
As heads is tails
Just call me Lucifer
'Cause I'm in need of some restraint
(who who, who who)

So if you meet me
Have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
(woo woo)
Use all your well-learned politesse
Or I'll lay your soul to waste, um yeah
(woo woo, woo woo)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, um yeah
(who who)
But what's puzzling you
Is the nature of my game, um mean it, get down
(woo woo, woo woo)

Woo, who
Oh yeah, get on down
Oh yeah
Oh yeah!
(woo woo)

Tell me baby, what's my name
Tell me honey, can ya guess my name
Tell me baby, what's my name
I tell you one time, you're to blame

Oh, who
woo, woo
Woo, who
Woo, woo
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah

What's my name
Tell me, baby, what's my name
Tell me, sweetie, what's my name

Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
Woo woo
Woo woo

O homem comum - José Miguel Wisnik

O homem comum - JOSÉ MIGUEL WISNIK

O jogo alucinante entre Santos e Flamengo n
a Vila Belmiro me surpreendeu em pleno Rio de Janeiro. Eu saía de uma mesa-redonda sobre poesia e música popular na simpática Biblioteca Pública do Botafogo quando soube que estava um a zero para o Santos nos primeiros minutos de partida. Ao chegar no hotel já estava dois a zero. Segue-se o golaço de Neymar, o terceiro, ao vencer de uma maneira ou de outra sete adversários que participaram da jogada e dar um drible fora de todos os catálogos no momento decisivo do gol. Uma parada súbita e quase imperceptível em alta velocidade, com o pé direito em cima da bola, repuxando-a levemente para a esquerda, um toque de esquerda rapidíssimo em meia-lua e um complemento de bico por leve cobertura na saída do goleiro.

Esse raio poderia ter fulminado o rubro-negro, mas o primeiro tempo terminou três a três, e o Flamengo venceu por cinco a quarto. Não quero saber a opinião de retranqueiros e não me importa que o meu time tenha perdido. A taxa de faltas era baixíssima, e o que se via era futebol a olho nu, exposto, quase obsceno. Os dois times foram goleados, os dois times deram show. Sem aquela regulagem produtiva, aquele cauteloso pouco-a-pouco e aquela sabotagem medrosa que nos habituaram a ter que garimpar algum futebol no futebol. Me lembrei da minha infância, do sete a três do Santos sobre o Palmeiras em 1959, na mesma Vila Belmiro, e do cinco a um do Palmeiras sobre o Santos no Parque Antártica, naquele mesmo ano.

Se focarmos apenas nos protagonistas, sem analisar o jogo, pode-se dizer que Neymar veio com fome de bola extra, depois de ter tido o respiro de uns dias de folga (este ano ele mal teve férias no começo do ano , disputou o campeonato sul-americano sub-20, o campeonato paulista, a Libertadores e foi
para a Copa América). Jogou um futebol capaz de desmantelar qualquer adversário, não fosse o fato de Ronaldinho Gaúcho ter se reencontrado com Ronaldinho Gaúcho, nessa sua volta ao Brasil. O espetáculo das gerações que se viu na Vila Belmiro só foi possível graças ao encontro excepcional daquele que voltou com aquele que não foi. Pois, até pouco tempo, o imperioso seria que o Gaúcho ainda estivesse na Europa, e que Neymar já tivesse ido para o Chelsea no ano passado, perdendo-se, com isso, o sabor das alternâncias vivas e do confronto do nosso futebol com o nosso futebol. Que é, afinal, a melhor maneira de provar que ele existe.

Falando em provar que existe e em confronto com o espelho: o enigma do declínio precoce de Ronaldinho Gaúcho, o misterioso apagamento, que data de 2006, não da sua qualidade técnica, mas do seu brilho único, parecia ser justamente uma questão de autoidentidade frente ao fantasma do tempo. Como se ele não soubesse, já com certa antecedência, quem ser no final da carreira. Vale lembrar que o apogeu de Ronaldinho Gaúcho já era a saturação de uma cultura futebolística: ele é o ápice maneirista de todos os estilemas do futebol brasileiro, incluindo o drible, o chapéu, o calcanhar, a folha seca, a cavadinha, a matada, a pedalada, o elástico, o passe em concha, todos os tipos de trivelas e tudo o mais que se quiser. Para todos esses procedimentos é possível lembrar jogadas e gols antológicos. Como se ele desenvolvesse no futebol o princípio literário da citação em épocas tardias, citando, em ato, Pelé, Romário, Sócrates, Ademir da Guia. Ou seja, o seu apogeu já era “tardio”, não do ponto de vista individual, mas do ponto de vista da tradição que ele encarnava.

Se um fogo próprio imantava, alimentava e dava liga a tudo isso, o apagamento desse centro irradiador, seja ele explicável ou inexplicável, transformou-o, nunca num jogador qualquer, mas num espectro do seu fulgor, um fantasma dos seus múltiplos fantasmas. Pois o que se viu em Santos x Flamengo foi um Ronaldinho Gaúcho citando ele mesmo: a falta cobrada por baixo da barreira, como ele já tinhafeito no Barcelona , para quem não se lembrava, e o último gol do jogo, vindo como um raio da esquerda para dentro e fulminando o canto oposto do goleiro. Nesse caso, não apenas o gol decisivo de um jogo espantoso e de uma inacreditável virada, mas o ato confirmatório de uma espécie de afinal conquistada coincidência consigo mesmo.

Que estivéssemos em presença da explosão de uma supernova, e ao mesmo tempo do brilho vitorioso de uma grande estrela que cremos extinta, tudo isso deu ao jogo os aspectos de um mito, quando os enigmas do tempo nos aparecem como uma constelação. Por isso se dizia tanto, já durante o jogo, que ele era inesquecível, com todos os seus aspectos dramáticos, poéticos e patéticos. Como os vários erros das defesas, e como a cobrança do pênalti por Elano, que já queria se reabilitar por uma via inabitual das cobranças de pênaltis patéticas na Copa América. (Como diz o verso de Jorge Mautner, “Os erros e os defeitos cotidianos / fazem parte dos direitos
humanos”).

Elis Regina - As Aparências Enganam

As Aparências Enganam
Sérgio Natureza/Tunai
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

Peter, Paul and Mary - The First Time Ever I Saw Your Face

The first time I saw your face
I thought the Sun rose in your eyes

a song about love at first sight to whom believe in it!








The First Time Ever I Saw Your Face

The first time ever I saw your face
I thought the sun rose in your eyes
And the moon and the stars were the gifts you gave
To the dark and the empty skies.


And the first time ever I kissed your mouth
I felt the earth move in my hands
Like the trembling heart of a captive bird
That must stay at my command, my love.

And the first time ever I lay with you
I felt your heart so close to mine
And I knew our joy would fill the Earth
And last and last and last till the end of time, my love.

The first time ever I saw your face, your face,
your face, your face.

sábado, 30 de julho de 2011

Jeff Beck - A day in the life

A Day In The Life
 Paul McCartney / John Lennon


I read the news today oh boy
About a lucky man who made the grade
And though the news was rather sad
Well I just had to laugh
I saw the photograph.
He blew his mind out in a car
He didn't notice that the lights had changed
A crowd of people stood and stared
They'd seen his face before
Nobody was really sure
If he was from the House of Lords.
I saw a film today oh boy
The English Army had just won the war
A crowd of people turned away
but I just had to look
Having read the book.
I'd love to turn you on
Woke up, fell out of bed,
Dragged a comb across my head
Found my way downstairs and drank a cup,
And looking up I noticed I was late.
Found my coat and grabbed my hat
Made the bus in seconds flat
Found my way upstairs and had a smoke,
Somebody spoke and I went into a dream
I read the news today oh boy
Four thousand holes in Blackburn, Lancashire
And though the holes were rather small
They had to count them all
Now they know how many holes it takes to fill the Albert Hall.
I'd love to turn you on

Clarice Lispector

‎O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente.

O amor já está, está sempre.

Falta apenas o golpe da graça que se chama paixão.



Clarice Lispector

Pablo Neruda

Pablo Neruda


http://www.fundacionneruda.org/

Fernando Pessoa

Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura.



 Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

A posse é para meu pensar uma lagoa absurda - muito grande, muito escura, muito pouco profunda. Parece funda a água porque é falsa de suja.  


Fernando Pessoa

Oswald de Andrade - Poesia

As coisas vão
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão      






Oswald de Andrade

Poema 15 - Me gustas cuando callas - Pablo Neruda

Poema 15 - Me gustas cuando callas - Pablo Neruda 

15

ME gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Besos - Gabriela Mistral

Besos


Gabriela Mistral



Hay besos que pronuncian por sí solos 
la sentencia de amor condenatoria, 
hay besos que se dan con la mirada 
hay besos que se dan con la memoria. 

Hay besos silenciosos, besos nobles 
hay besos enigmáticos, sinceros 
hay besos que se dan sólo las almas 
hay besos por prohibidos, verdaderos. 

Hay besos que calcinan y que hieren, 
hay besos que arrebatan los sentidos, 
hay besos misteriosos que han dejado 
mil sueños errantes y perdidos. 

Hay besos problemáticos que encierran 
una clave que nadie ha descifrado, 
hay besos que engendran la tragedia 
cuantas rosas en broche han deshojado. 

Hay besos perfumados, besos tibios 
que palpitan en íntimos anhelos, 
hay besos que en los labios dejan huellas 
como un campo de sol entre dos hielos. 

Hay besos que parecen azucenas 
por sublimes, ingenuos y por puros, 
hay besos traicioneros y cobardes, 
hay besos maldecidos y perjuros. 

Judas besa a Jesús y deja impresa 
en su rostro de Dios, la felonía, 
mientras la Magdalena con sus besos 
fortifica piadosa su agonía. 

Desde entonces en los besos palpita 
el amor, la traición y los dolores, 
en las bodas humanas se parecen 
a la brisa que juega con las flores. 

Hay besos que producen desvaríos 
de amorosa pasión ardiente y loca, 
tú los conoces bien son besos míos 
inventados por mí, para tu boca. 

Besos de llama que en rastro impreso 
llevan los surcos de un amor vedado, 
besos de tempestad, salvajes besos 
que solo nuestros labios han probado. 

¿Te acuerdas del primero...? Indefinible; 
cubrió tu faz de cárdenos sonrojos 
y en los espasmos de emoción terrible, 
llenaron sé de lágrimas tus ojos. 

¿Te acuerdas que una tarde en loco exceso 
te vi celoso imaginando agravios, 
te suspendí en mis brazos... vibró un beso, 
y qué viste después...? Sangre en mis labios. 

Yo te enseñe a besar: los besos fríos 
son de impasible corazón de roca, 
yo te enseñé a besar con besos míos 
inventados por mí, para tu boca.




Gabriela Mistral

-Sou eu, a que encanta,
sou eu, a que tem
luz feita de pranto  



Gabriela Mistral

A vida é maior do que cabe aqui. Leonora Fink.

A vida é real, vasta e complexa, infinitamente maior do que cabe no feed ou numa página da Internet, imensamente maior do que as pessoas possam imaginar. Diante do quase inalcançável é preciso pensar com tranquilidade e encarar com serenidade tudo o que envolva as emoções e os sentimentos das pessoasLeonora Fink

Amor - Leonora Fink

 O amor que sinto e dedico, o amor que recebo e tenho são os maiores bens da minha vida. Amor é amor, mas as pessoas são diferentes. Com os amigos, troco amor de amigo. Amor acontece entre duas pessoas e não há jeito de impor, quando não é espontâneo, ou de impedir, quando se instala e nos toma. Leonora Fink

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Charles Bukowski - ALONE WITH EVERYBODY


CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

ALONE WITH EVERYBODY

the flesh covers the bone
and they put a mind
in there and
sometimes a soul,
and the women break
vases against the walls
and the men drink too
much
and nobody finds the
one
but keep
looking
crawling in and out
of beds.
flesh covers
the bone and the
flesh searches
for more than
flesh.

there's no chance
at all:
we are all trapped
by a singular
fate.

nobody ever finds
the one.

the city dumps fill
the junkyards fill
the madhouses fill
the hospitals fill
the graveyards fill

nothing else
fills.
A BOOK OF RHYMES

Clarice Lispector

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.



Clarice Lispector

Alice Ruiz

lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?

Alice Ruiz

quarta-feira, 27 de julho de 2011

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR - Carlos Drummond de Andrade

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.


Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fernando Pessoa

‎Foi depois que te perdi que te conheci! 


Fernando Pessoa.




Bird of flames







A Hard Rain's A-Gonna Fall - Bob Dylan

A Hard Rain's A-Gonna Fall - Bob Dylan

Oh, where have you been, my blue-eyed son?
Oh, where have you been, my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains,
I've walked and I've crawled on six crooked highways,
I've stepped in the middle of seven sad forests,
I've been out in front of a dozen dead oceans,
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, and it's a hard,
And it's a hard rain's gonna fall.

Oh, what did you see, my blue-eyed son?
Oh, what did you see, my darling young one?
I saw a newborn baby with wild wolves all around it
I saw a highway of diamonds with nobody on it,
I saw a black branch with blood that kept drippin',
I saw a room full of men with their hammers a-bleedin',
I saw a white ladder all covered with water,
I saw ten thousand talkers whose tongues were all broken,
I saw guns and sharp swords in the hands of young children,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, it's a hard,
And it's a hard rain's gonna fall.

And what did you hear, my blue-eyed son?
And what did you hear, my darling young one?
I heard the sound of a thunder, it roared out a warnin',
Heard the roar of a wave that could drown the whole world,
Heard one hundred drummers whose hands were a-blazin',
Heard ten thousand whisperin' and nobody listenin',
Heard one person starve, I heard many people laughin',
Heard the song of a poet who died in the gutter,
Heard the sound of a clown who cried in the alley,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, it's a hard,
And it's a hard rain's gonna fall.

Oh, who did you meet, my blue-eyed son?
Who did you meet, my darling young one?
I met a young child beside a dead pony,
I met a white man who walked a black dog,
I met a young woman whose body was burning,
I met a young girl, she gave me a rainbow,
I met one man who was wounded in love,
I met another man who was wounded with hatred,
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard,
It's a hard rain's gonna fall.

Oh, what'll you do now, my blue-eyed son?
Oh, what'll you do now, my darling young one?
I'm a-goin' back out 'fore the rain starts a-fallin',
I'll walk to the depths of the deepest black forest,
Where the people are many and their hands are all empty,
Where the pellets of poison are flooding their waters,
Where the home in the valley meets the damp dirty prison,
Where the executioner's face is always well hidden,
Where hunger is ugly, where souls are forgotten,
Where black is the color, where none is the number,
And I'll tell it and think it and speak it and breathe it,
And reflect it from the mountain so all souls can see it,
Then I'll stand on the ocean until I start sinkin',
But I'll know my song well before I start singin',
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard,
It's a hard rain's gonna fall.