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quarta-feira, 16 de março de 2011

Cruz e Souza - Antífona



Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
     De luares, de neves, de neblinas!...
     Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
     Incensos dos turíbulos das aras...



Formas do Amor, constelarmente puras,
     De Virgens e de Santas vaporosas...
     Brilhos errantes, mádidas frescuras
     E dolências de lírios e de rosas...



Indefiníveis músicas supremas,
     Harmonias da Cor e do Perfume...
     Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
     Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...



 Visões, salmos e cânticos serenos,
     Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
     Dormências de volúpicos venenos
     Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...



Infinitos espíritos dispersos,
     Inefáveis, edênicos, aéreos,
     Fecundai o Mistério destes versos
     Com a chama ideal de todos os mistérios.



 Do Sonho as mais azuis diafaneidades
     Que fuljam, que na Estrofe se levantem
     E as emoções, sodas as castidades
     Da alma do Verso, pelos versos cantem.



 Que o pólen de ouro dos mais finos astros
     Fecunde e inflame a rime clara e ardente...
     Que brilhe a correção dos alabastros
     Sonoramente, luminosamente.



Forças originais, essência, graça
     De carnes de mulher, delicadezas...
     Todo esse eflúvio que por ondas passe
     Do Éter nas róseas e áureas correntezas...



Cristais diluídos de clarões alacres,
     Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
     Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
     Os mais estranhos estremecimentos...



Flores negras do tédio e flores vagas
     De amores vãos, tantálicos, doentios...
     Fundas vermelhidões de velhas chagas
     Em sangue, abertas, escorrendo em rios.....



 Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
     Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
     Passe, cantando, ante o perfil medonho
     E o tropel cabalístico da Morte...



Mais informações no link
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiastranscendentais/1222039