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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mário de Andrade - Aceitarás o amor como eu o encaro?

Aceitarás o amor como eu o encaro?...

Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

Mário de Andrade

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mário de Andrade

Eu não vos convido à ilusão! Nem vos convido á conformista esperança (...) Eu não vos convido siquer á felicidade, pois que da experiência que dela tenho, a felicidade individual me parece mesmo deshumana, muito inútil. Eu vos quero alterados por um tropical amor do mundo, porque eu vos trago o convite da luta (...) vos convido á luta por uma realidade mais alta e mais de todos. Há grave ausência de homens que queiram aceitar este ideal. O maior número se refugia, acovardado, na luta pela própria existência. Mas si há falta de homens, façam-se homens!

Mário de Andrade, 1936, p. 86.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carta a Manuel Bandeira, 1929 - por Mário de Andrade

Monólogo


Oh não! muito obrigado!
Pra depois outro e mais outro...
Basta o que me vai por dentro,
Amargo de alma de moço
Deste século safado.
Cigarro? Para que cigarro?
Basta Mussolini, Trotsky,
A Neoescolástica, Freud,
Crise, mulheres, cinema
E a p... que te pariu.
Não insista mais, ouviu?
Sou desgraçado. Não fumo.



O engraçado é que eu fumo e muito. Mas o poema é sinceríssimo.

Carta a Manuel Bandeira, 1929 - Mário de Andrade