terça-feira, 6 de novembro de 2012

Federico Garcia Lorca

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco por sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra na cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, crina verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua cigana
as coisas a estão fitando
e ela não pode fitá-las.

Verde que te quero verde.
As estrelas da geada
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho à alvorada
A figueira esfrega o vento
na lixa da sua rama,
e o monte, gato manhoso,
eriça as piteiras acres.
Mas quem virá? E por onde?
Ela fica na varanda
Verde carne, tranças verdes
Sonhando no mar que amarga.

Federico Garcia Lorca



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