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sábado, 30 de julho de 2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alice Ruiz

lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?

Alice Ruiz

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Poesia - Igor Marques

a cada
acre arrasado
por dia
por vocês
um acre de carvão
e ossos humanos
calcinados serão
vocês
no derradeiro
dia ocre
da última
queimada
...
IKM

Mario Quintana

Mario Quintana

Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

António Ramos Rosa - Para quê as palavras?

António Ramos Rosa


"Para quê as palavras?

Acaso serão elas necessárias
Ao mundo ou para nós?
A superfície do mundo
É tão compacta e plena que nem um só objecto
Pode deslocar-se ou perder o seu suporte
E para nós qual a diferença entre a página vazia
E a mancha caligráfica das ténues sílabas
Que talvez não sejam mais do que volúveis aranhas
Tecendo uma teia que cintila sobre o vazio?
Mas talvez as palavras nos ofereçam um solo
E um alento para inventar o espaço
E atrair a terra para a página
É porque nós precisamos aderir ao chão

que as palavras abrem a passagem para o começo do mundo”

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mario Quintana - Poesia

‎"Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."



Mario Quintana

sábado, 21 de maio de 2011

Traum * - de Alma Welt

Traum * (de Alma Welt)

Não levantei meu punho contra a vida
Por um certo momento de desgraça *
Que não revelarei, por comovida,
Ou porque até mesmo um trauma passa...

Traum, essa palavra é só um sonho
Na língua de meu avô germânico
Que um olhar legou-me assim bisonho
Que me tem evitado maior pânico.

Então sonharei, eis minha proposta,
Tudo é sonho mesmo... O que é real?
Meu próprio corpo branco é a resposta

Malgrado dores, roxa e triste mancha
Que também se apagará, creio, afinal,
Coberta d’ouro e prata, dona Sancha... *


Nota
* Traum- "sonho" em alemão e "trauma" em português, ambos os termos derivam do grego Traûma= ferida.

*...momento de desgraça- Suponho que Alma se refere, com esse soneto, a um estupro que sofreu...

* Coberta d’ouro e prata, dona Sancha...- Alusão à antiga cantiga de roda infantil: "Senhora dona Sancha, coberta de ouro e prata / Descubra seu rosto, queremos ver sua cara..."
(Lucia Welt)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Janelas - por Leonora Fink

Se as cidades já não têm portas
e as casas são trancadas por trincos e tramelas, 
nelas se entra e sai feito o sol, pelas janelas. Leonora Fink





Fotografia Thiago Segreto

Graciliano de La Vega - Poesia

En tanto que de rosa y azucena
se muestra la color en vuestro gesto,
y que vuestro mirar ardiente, honesto
enciende el corazón y lo refrena;
y en tanto que el cabello, que en la vena
del oro se escogió, con vuelo presto,
por el hermoso cuello blanco, enhiesto,
el viento mueve, esparce y desordena;

coged de vuestra alegre primavera
el dulce fruto, antes que el tiempo airado
cubra de nieve la hermosa cumbre.

Marchitará la rosa el viento helado,
todo lo mudará la edad ligera,
por no hacer mudanza en su costumbre. 


==== Graciliano de La Vega

sábado, 9 de abril de 2011

Amor, amores - Alma Welt

Amor, amores 

Coleciono amores com carinho
E nunca em pensamento os deserdei
Pois que ao respeitar o que amei
Não me perdi no meio do caminho.

Nenhum só jamais eu reneguei
Incluindo os que me foram infiéis,
Que do balanço d’alma só guardei
Um único amor em mil papéis.

Que importam faltas e fraqueza,
Os erros de pessoa e o sofrimento
Produzido por um doce sentimento?

O amor pouco deve ao ser amado,
Se ingênuo por mistério e natureza
Existe por que assim o quis o Fado.

Alma Welt

quinta-feira, 24 de março de 2011

João Guimarães Rosa

Mar - Fotografia Leonora Fink












































"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, 
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"


João Guimarães Rosa

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cruz e Souza - Antífona



Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
     De luares, de neves, de neblinas!...
     Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
     Incensos dos turíbulos das aras...



Formas do Amor, constelarmente puras,
     De Virgens e de Santas vaporosas...
     Brilhos errantes, mádidas frescuras
     E dolências de lírios e de rosas...



Indefiníveis músicas supremas,
     Harmonias da Cor e do Perfume...
     Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
     Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...



 Visões, salmos e cânticos serenos,
     Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
     Dormências de volúpicos venenos
     Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...



Infinitos espíritos dispersos,
     Inefáveis, edênicos, aéreos,
     Fecundai o Mistério destes versos
     Com a chama ideal de todos os mistérios.



 Do Sonho as mais azuis diafaneidades
     Que fuljam, que na Estrofe se levantem
     E as emoções, sodas as castidades
     Da alma do Verso, pelos versos cantem.



 Que o pólen de ouro dos mais finos astros
     Fecunde e inflame a rime clara e ardente...
     Que brilhe a correção dos alabastros
     Sonoramente, luminosamente.



Forças originais, essência, graça
     De carnes de mulher, delicadezas...
     Todo esse eflúvio que por ondas passe
     Do Éter nas róseas e áureas correntezas...



Cristais diluídos de clarões alacres,
     Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
     Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
     Os mais estranhos estremecimentos...



Flores negras do tédio e flores vagas
     De amores vãos, tantálicos, doentios...
     Fundas vermelhidões de velhas chagas
     Em sangue, abertas, escorrendo em rios.....



 Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
     Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
     Passe, cantando, ante o perfil medonho
     E o tropel cabalístico da Morte...



Mais informações no link
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiastranscendentais/1222039



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poesia - Rumi

Vem, 
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.



Rumi






Fotografia Leonora Fink





quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Amor (de Alma Welt)

O Amor (de Alma Welt)

Não ousarei dizer o que é o amor,
Como o fizeram em vão poetas vários,
Sendo que um deles, o maior, *
Definiu-o melhor pelos contrários.

Mas sei que o amor não é usura
Nem cobiça, desejo ou mesmo ciúmes.
Certamente não é simples loucura
E muito menos vive de queixumes.

Não vive da lembrança ou frustração,
Não nos causa pena o desastrado,
E nem imortaliza um coração...

Mas amor sustenta os moribundos
Até a tal chegada do esperado,
E assim vence a Morte por segundos... 

(sem data)

Nota (por Guilherme de Faria)
*... um deles, o maior- Como podem perceber, Alma se refere a Camões e o seu famoso soneto:" Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que doi e não se sente"...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E. E. Cummings

i like my body when it is with your
body. It is so quite a new thing.
Muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows.
(e. e. cummings)





Paraty, RJ 3 a 6 fev 2011 - Fotografia Leonora Fink




domingo, 6 de fevereiro de 2011

Alice Ruiz - Poesia

‎Que o breve
seja de um longo pensar

Que o longo
seja de um curto sentir

Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve. Alice Ruiz





Paraty - RJ Brasil - Fotografia Leonora Fink

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fabrício Carpinejar - Você tem medo de se apaixonar.



Você tem medo de se apaixonar.
Medo de sofrer o que não está acostumada.
Medo de se conhecer e esquecer outra vez.
Medo de sacrificar a amizade.
Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o t...rajeto para apressar encontros.
Medo se o telefone toca, se o telefone não toca.
Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa.
Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo.
Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente.
Não suportar ser olhada com esmero e devoção.
Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas.
Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve.
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida.
Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar.
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer.
Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta.
Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia.
Medo do imprevisível que foi planejado.
Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue.
Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo.
O corpo mais lado da fraqueza.
Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado.
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente.
Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam.
Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado.
Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele.
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas.
Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz.
Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz.
Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas.
Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer.
Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção.
Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas.
Medo de que ele não precise de você.
Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira.
Medo do cheiro dos travesseiros.
Medo do cheiro das roupas.
Medo do cheiro nos cabelos.
Medo de não respirar sem recuar.
Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo.
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego.
Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade.
Medo de não soltar as pernas das pernas dele.
Medo de soltar as pernas das pernas dele.
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir.
Medo da vergonha que vem junto da sinceridade.
Medo da perfeição que não interessa.
Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida.
Medo de estragar a felicidade por não merecê-la.
Medo de não mastigar a felicidade por respeito.
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la.
Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar.
Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou.
Medo de faltar as aulas e mentir como foram.
Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar.
Medo de enlouquecer sozinha.
Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha.
Você tem medo de já estar apaixonada.



Fabrício Carpinejar
















quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Poesia - Cecília Meireles

Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso.
Até a glória de ficar silencioso.
Sem pensar.
Cecília Meireles

Poesia - Emily Dickinson

Florescer – é Resultar – quem encontra uma flor
E a olha descuidadamente
Mal pode imaginar
O pequeno Pormenor

Que ajudou ao Incidente
Brilhante e complicado,
E depois oferecido, tal Borboleta,
Ao Meridiano –

Encher o Botão – opor-se ao Verme –
Obter o que de Orvalho tem direito –
Regular o Calor – escapar ao Vento –
Evitar a abelha que anda à espreita,

Não decepcionar a Grande Natureza
Que A espera nesse Dia –
Ser Flor é uma profunda
Responsabilidade -


Emily Dickinson - séc XIX