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sábado, 3 de setembro de 2011

Quase (de Alma Welt) 597

Quase (de Alma Welt)
597

Alguns de nós ficamos quase ricos,
Alguns, quase feliz
es, mas nem tanto;
Outros restamos quase invictos,
E houve um que quase virou santo.

De nós, de nosso grupo quase unido,
Houve os que quase foram pro Tibet,
E um de nós, que foi mais atrevido,
Quase foi pra Sibéria andando a pé.

Mas todos, quase todos, nos perdemos
De nossos sonhos perfeitos, de guri,
Que quase alguns de nós ainda temos.

Somente eu, que quase me cumpri,
Estou firme, quase, nesta estância,
Fiel ao quase-quase meu, da Infância...
09/01/2007

domingo, 28 de agosto de 2011

Alma Welt

Vai demorar ainda alguns séculos, mas o bem triunfará sobre o mal no nosso planeta. Como sei disso? Ah! A própria inteligência do homem aponta para o bem, pois todo o mal é uma espécie de estupidez. E a inteligência do homem está crescendo, apesar de tudo, pela imensa curiosidade que o move, que o faz aos poucos explorar áreas adormecidas do cérebro. A inteligência triunfará... 


(Alma Welt)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Verdade (de Alma Welt) 481

Nota
Fiquei pasma com este belíssimo soneto, e o achei profético, pois é realmente o que tem acontecido por aqui: Alma tem sido vista pelos peões e suas mulheres e filhas, tanto quanto por mim, acreditem vocês ou não. Seu espectro muito branco, translúcido, vaga pelo jardim, pelo pomar e pelas colinas, perdendo-se no bosque. Eu já o segui três vezes, e numa delas encontrei na praia da cascata, brilhando á luz da lua, o anel de prata de lenço de vaqueiro que serviu para a identificação de seu assassino. Mas isto é uma penosa história que fico devendo e contarei mais tarde aqui mesmo neste blog. (Lucia Welt)

A Verdade (de Alma Welt)
481

A Verdade a todos nos liberta,
Ou torna a mente bem mais leve,
Já dizia um velho bom profeta.
Mas fará mais longa a vida breve?

Encarar a Verdade em fundamento
Quase foi fatal a esta guria,
Pois a Morte, angústia-pensamento,
Cedo à consciência me irrompia.

A idéia de que possa ser o Nada
E a dissolução de todo o Ser
Atormenta cada rês desta manada.

A mim quase me fez desesperada,
Até o poeta em mim me prometer
Deixar-me ser em nova temporada...


(sem data)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Alma Welt

‎Nunca concordei com essa afirmação de que "o silêncio é de ouro". Quem escreve está falando, e, no mínimo, sem disfarces. O silêncio, ao contrário, pode ocultar o vazio e a ignorância. Não esqueçamos a figura do comendador Acácio, do Eça de Queirós, que sob reverente questionamento fazia com a mão um gesto vago, horizontal, que servia para tudo, e aos tolos deslumbrava...


Alma Welt

sábado, 21 de maio de 2011

Traum * - de Alma Welt

Traum * (de Alma Welt)

Não levantei meu punho contra a vida
Por um certo momento de desgraça *
Que não revelarei, por comovida,
Ou porque até mesmo um trauma passa...

Traum, essa palavra é só um sonho
Na língua de meu avô germânico
Que um olhar legou-me assim bisonho
Que me tem evitado maior pânico.

Então sonharei, eis minha proposta,
Tudo é sonho mesmo... O que é real?
Meu próprio corpo branco é a resposta

Malgrado dores, roxa e triste mancha
Que também se apagará, creio, afinal,
Coberta d’ouro e prata, dona Sancha... *


Nota
* Traum- "sonho" em alemão e "trauma" em português, ambos os termos derivam do grego Traûma= ferida.

*...momento de desgraça- Suponho que Alma se refere, com esse soneto, a um estupro que sofreu...

* Coberta d’ouro e prata, dona Sancha...- Alusão à antiga cantiga de roda infantil: "Senhora dona Sancha, coberta de ouro e prata / Descubra seu rosto, queremos ver sua cara..."
(Lucia Welt)

domingo, 17 de abril de 2011

Frase - Alma Welt

Somos autênticos quando nossas opiniões gestos e atitudes são fruto do nosso temperamento inato. Pessoas excessivamente educadas dificilmente são autênticas.
Por outro lado, reconheço que é difícil conviver com as pessoas muito autênticas.

Alma Welt







Fotografia Leonora Fink

sábado, 9 de abril de 2011

Amor, amores - Alma Welt

Amor, amores 

Coleciono amores com carinho
E nunca em pensamento os deserdei
Pois que ao respeitar o que amei
Não me perdi no meio do caminho.

Nenhum só jamais eu reneguei
Incluindo os que me foram infiéis,
Que do balanço d’alma só guardei
Um único amor em mil papéis.

Que importam faltas e fraqueza,
Os erros de pessoa e o sofrimento
Produzido por um doce sentimento?

O amor pouco deve ao ser amado,
Se ingênuo por mistério e natureza
Existe por que assim o quis o Fado.

Alma Welt

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Amor (de Alma Welt)

O Amor (de Alma Welt)

Não ousarei dizer o que é o amor,
Como o fizeram em vão poetas vários,
Sendo que um deles, o maior, *
Definiu-o melhor pelos contrários.

Mas sei que o amor não é usura
Nem cobiça, desejo ou mesmo ciúmes.
Certamente não é simples loucura
E muito menos vive de queixumes.

Não vive da lembrança ou frustração,
Não nos causa pena o desastrado,
E nem imortaliza um coração...

Mas amor sustenta os moribundos
Até a tal chegada do esperado,
E assim vence a Morte por segundos... 

(sem data)

Nota (por Guilherme de Faria)
*... um deles, o maior- Como podem perceber, Alma se refere a Camões e o seu famoso soneto:" Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que doi e não se sente"...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Alma Welt

‎As pessoas lerem algo que escreveste equivale a terem feito um momento de silêncio para ouvir o que tu dizes. No meio do imenso burburinho do mundo percebes a honra que te fazem, ó escritor? 


Alma Welt

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Alma Welt - Guilherme de Faria

Alma Welt, Uma noite em Paris- Litografia de Guilherme de Faria

Uma Noite em Paris (de Alma Welt)

Num salon das noites de Paris
No meio de uma festa à fantasia
Estive por momentos por um triz
De ser protagonista de uma orgia.

Sob o efeito do absinto e algo mais
Embora ainda vestidos todos eles
George Sand tirou-me a roupa num zás-trás,
O que me fez pensar já ser um deles. *

Ali estavam Proust e Valéry
Maupassant estava já passando mal,*
Também Baudelaire estava ali...

James Joyce, que sendo de outra era *
E caolho, um Polifemo genial,
Me acordou e... era tudo uma quimera!

(sem data)



Notas

*O que me fez pensar já ser um deles- com esse verso, Alma alude ao fato de George Sand ( embora excelente escritora) ser uma "devoradora " de personalidades célebres de sua época, homens e mulheres. 

*Maupassant estava já passando mal - trocadilho como nome do grande contista, que acabou ficando louco e morrendo num hospício.

*James Joyce, que sendo de outra era - James Joyce era do começo do século XX , portanto não contemporâneo dos outros escritores citados ( o século XIX), e Alma alude ao seu romance Ulisses ( Polifemo era aquele Titã de um olho só, da Odisséia de Homero, que Odisseu (Ulisses ) cegou. Alma alude ao fato de Joyce ter ficado cego de um olho e usar uma venda, como aparece na ilustração do Guilherme, reparem.

(Lucia Welt)





Alma Welt, Uma noite em Paris- Litografia de Guilherme de Faria



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Alma Welt

‎O amor pela humanidade, manifesto pelos grandes benevolentes da História, apesar de tudo, de todos os nossos erros coletivos, é o que redime a própria humanidade. Homens como Buda, Cristo, Gandi, Martim Luther King e Mandela, elevam a condição humana a um patamar ideal que nos segura da derrocada. Eles são os avatares de uma teia de amorosos que trabalha em silêncio e anonimato pelo bem do próximo...


Alma Welt

A Nau, ou O Mistério de Viver - de Alma Welt

A Nau, ou O Mistério de Viver (de Alma Welt)

É tão fina a sintonia do real
Que podemos perdê-la por descuido.
O menor toque errado no dial
E teremos só estática, ruído,

Além dos tais fantasmas do passado,
Aqueles que geramos todo dia
Formando, paralelo, um outro fado,
Que da rota verdadeira nos desvia.

Mas, o mistério de ser e estar na vida
É que sendo tão frágil o equilíbrio
Como nau na procela enraivecida

Que quer ver capitão vencido e morto,
Singramos e empenhamos nosso brio
Qual se nos aguardasse um belo porto...

28/09/2006




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pensamento - Alma Welt

Guilherme de Faria

‎Eu definiria o amor como o correto tônus das almas saudáveis. Sim, porque infelizmente há almas de tônus fraco e sem brilho. Essas logo perdem o corpo em que vieram. Quanto às almas escuras e torpes, sem o amor como base de sua composição, essas infelizmente estão entre nós, infernizando a Terra. Deus nos livre de topar com elas...(Alma Welt)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Alma Welt

"Apesar do primeiro mandamento, é impressionante como Deus faz vista grossa quando amamos alguém mais do que a Ele mesmo..." (Alma Welt)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Palavras à Lúcia (de Alma Welt)


Palavras à Lúcia (de Alma Welt)

(174)

Doce Lúcia, irmã mais parecida
Comigo do que talvez quiséssemos,
Que viveste tanto tempo sem guarida
No meio dos teus sem que soubéssemos,

Pois que eras casada com um tirano
A te fazer sofrer, que te humilhava
Como se foras um farrapo humano,
Não mais que um joguete, uma escrava.

Ah! Se eu soubesse, bem que havia
De prestes te tirar de onde estavas
E haveria de virar a tua mesa

Fazendo-te olhar a tua beleza
E os dons que sem saber desperdiçavas,
A represar em ti tanta poesia!

15/01/2007


Leia este e outros poemas de Alma Welt no Mural dos Escritores Portal Revista da Rede Sócio-Cultural de Escritores

Meu eterno Natal (de Alma Welt)

Meu eterno Natal (de Alma Welt)

Quando guria sonhei ser poetisa
E cantar o amor e a beleza;
Enxergar o mundo com a clareza
Do olhar que quase tudo mimetiza.

Não parecia haver maior escopo,
Nada mais importante ao ser humano;
E agora que atingi de mim o topo
Continuo a esperar o fim do ano:

Os festejos em que sou sempre feliz,
Natal de minha infância eternizada,
Que sou da eternidade a aprendiz...

E escrever é buscar meu paradeiro,
Pois o poeta em mim é a risada,
Aquela ao ver as luzes do pinheiro...

20/12/2006


Leia esta e outras poesias no Mural dos Escritores Portal Revista da Rede Sócio-Cultural de Escritores






























Fotografia Leonora Fink

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Alma Welt

‎"O Amor é a obra de arte dos sentimentos. Aquele que ama participa de uma grande criação e não terá sido estéril em sua passagem pela vida. Deus não o diferenciará no tratamento que prodigaliza aos artistas. E o dotará do mesmo sofrimento e do mesmo êxtase dos poetas, dos pintores e escultores diante de suas melhores obras. Deus nos quer artistas e amorosos..." (Alma Welt)

sábado, 23 de outubro de 2010

Alma Welt - Guilherme de Faria

 Por Guilherme de Faria "A Poetisa Alma Welt era uma pensadora poderosa. Desde Sapho de Lesbos, não se via uma poeta assim...Para rememorar alguns dos inumeráveis pensamentos dela sobre todos os assuntos, já publicados aqui no facebook, republico uma centena de suas considerações profundas sobre temas existenciais, humanos e filosóficos.Sei que há quem considere que este portal de convivência seja essencialmente fútil e para recadinhos. Eu me recuso a pensar assim. A mim cabe divulgar esta grande Poetisa e pensadora em todos os locais da Internet em que haja vida inteligente. ( Guilherme de Faria)"

A Poetisa Alma Welt era uma pensadora poderosa. Desde Sapho de Lesbos, não se via uma poeta assim...
Para rememorar alguns dos inumeráveis pensamentos dela sobre todos os assuntos, já publicados aqui no facebook, republico uma centena de suas considerações profundas sobre temas existenciais, humanos e filosóficos.
Sei que há quem considere que este portal de convivência seja essencialmente fútil e para recadinhos. Eu me recuso a pensar assim. A mim cabe divulgar esta grande Poetisa e pensadora em todos os locais da Internet em que haja vida inteligente. ( Guilherme de Faria)



Sobre a sociedade humana

"O homem é o lobo do homem, já diziam os romanos. Assim, as famílias são alcatéias. A reunião de tantas não deu certo, como não daria entre os lobos. As leis são uma tentativa de moderar a agressividade e a tendência natural à desagregação. Tem tudo para dar errado. Daí o número imenso e crescente de presídios e da população carcerária. Tudo isso vai acabar muito mal, é uma questão de tempo..."

Sobre a Arte e os artistas

"A Arte não nos pertence. Somos meras antenas de freqüências específicas do Astral, que no máximo sintonizamos por afinidades. E ela pertence à humanidade, com um relativo usufruto do artista, que a arrenda, por assim dizer, ao preço de sua vida. É isso que explica o que chamamos de inspiração..." (Alma Welt)

Sobre a contemplação do poente

"Ao contemplarmos o poente, como a "morte" deslumbrante do sol no nosso inconsciente simbólico, nos reconciliamos por momentos com a nossa própria morte. Deus nos envia esse recado todos os dias, convidando-nos à sua contemplação. Estou convencida, como os antigos, que o sol é mesmo Deus, visível e consolador..." (Alma Welt)

Sobre a sensibilidade dos poetas

"Quando se trabalha com a sensiblidade, como é o nosso caso de poetas, a desenvolvemos a um ponto de não suportarmos mais as crueldades do mundo. Esse é o maior preço a se pagar pelo dom da Poesia..." (Alma Welt)

Sobre a Verdade

"A Verdade é quase sempre uma pretensão humana cheia de equívoco e arrogância. A menos que se fundamente no Amor e na Tolerância... " (Alma Welt)

Sobre as últimas palavras dos gênios

"As últimas palavras dos gênios no leito de morte quase sempre foram inventadas por anônimos e são belos achados, cheios de graça e sentido. A humanidade adora contribuir com algumas pitadas ao caldeirão cheio de uma vida fecunda. Está tudo certo... é a melhor maneira de homenageá-los." (Alma Welt)

Sobre amar verdadeiramente

"Só amamos de verdade alguém quando somos capazes de amar outros ao mesmo tempo. Desconfio daqueles que têm um único amor na vida... " (Alma Welt)

Sobre a verdadeira sabedoria

“A verdadeira sabedoria é necessariamente indulgente ou magnânima. Não é sábio quem acusa ou condena. Se tivermos que julgar, que seja para repartir. Como Salomão...” (Alma Welt)

Sobre a criatividade

"A criatividade nasce de uma fonte lúdica e aventureira, e não da prudência. Portanto, da criança em nós, e não do adulto. Penso nisso quando vejo o Einstein mostrando a língua ou Picasso dançando com nariz de palhaço..." (Alma Welt)

Sobre o egoísmo das Nações

"Infelizmente vemos que, ao contrário dos indivíduos, as Nações não se tornam mais generosas depois de grandes provações. Ao prometerem a si mesmas nunca mais provar a mortandade, a fome e o desemprego, elas se tornam duras e egoístas com seus vizinhos, freqüentemente movendo-lhes guerra." (Alma Welt)

A Terra gira...

A Terra gira não só para não se queimar... mas para poder olhar as estrelas!" (Alma Welt)

Sobre a Guerra

"A convivência forçada do instinto com a razão no ser humano permitiu-lhe a sobrevivência, mas também deu origem às chamadas perversões. Nossos instintos ainda são do animal selvagem em nós, e a soma dessas duas vertentes foi desastrosa para a humanidade, ocasionando antes de mais nada o fenômeno da guerra. A guerra só desaparecerá da sociedade humana, quando nossos instintos selvagens desaparecerem." (Alma Welt)

Sobre as mulheres no poder

"As mulheres necessitam do dobro da segurança de um homem para se imporem. Elas não contam com o resíduo de afirmação que a força física deixou no inconsciente milenar dos homens. Mas ai delas se lançarem mão de seus atributos de beleza e sedução para se afirmarem na vida pública ou de comando. Daí o fato de que o poder endurece e enfeia rapidamente as mulheres. A famosa frase do Che, creio, era dirigida às "compañeras"... (Alma Welt)


Sobre a existência de Deus

"Apesar da existência perturbadora e absurda da Morte, do Sofrimento e da Maldade no mundo, duas coisas nitidamente divinas são conclusivas quanto à existência de Deus: O Amor e a Bondade. Também o talento. Mas esse não é conclusivo por si só, sem a presença daqueles dois. Tanto mais que o diabo também o tem..." (Alma Welt)

Sobre o carisma
"As pessoas que se constituem como um centro pessoal nem sempre são as que têm mais a contribuir como doação ou obra de grande interesse comum. A gravitação se dá em torno do carisma pessoal, o que é um verdadeiro mistério... Por isso vemos grandes artistas solitários, na história da Arte, cuja obra póstuma adquiriu esse carisma que lhes faltou na vida. Van Gogh é um exemplo disso..." (Alma Welt )

Sobre a permanência do Passado

"A estranha permanência de tudo o que ocorre é parte essencial do mistério do Tempo. Nada se extingue totalmente. Ouvimos ainda o ruído de fundo da explosão do Big Bang e captamos sua radiação. E não estamos ainda dentro do seu processo de expansão? Assim também os fatos de nossa vida gravados em nós e freqüentemente deixando rastros e vestígios na memória coletiva e resgatados ou cobrados quando muito erramos.
Não me digam que o passado morreu e que o futuro ainda não existe. O presente os contém e por isso é tão rico..." ( Alma Welt)


Para se ser um artista

Para seres um artista ou um autor precisas partir do princípio de que todas as pessoas são tão inteligentes quanto tu mesmo. Nunca subestimar a platéia, esse é o segredo. Assim não te rebaixarás, não farás concessões em tua arte, manter-te-hás alto e íntegro... (Alma Welt)

Sobre um absurdo social

"Nossa sociedade é cheia de absurdos deploráveis. Homens que galgam postos de comando em empresas fabricantes de cigarros recebem louvores públicos em reportagem de capa de revistas de negócios e economia. A meu ver, não vejo por quê sejam diferentes dos traficantes de outras drogas pesadas e não mereçam o mesmo tratamento das chamadas “autoridades”. (Alma Welt)

Sobre um único leitor

“Um belo texto, inteligente, profundo, se tiver um único leitor que o pondere e reflita sobre ele, já está justificado. Cumpriu a sua meta, já que a Arte se dirige não à massa, mas sempre ao indivíduo.” (Alma Welt)


Sobre o Amor

“O amor de uma pessoa por uma única outra ou por um animal, já a salva nesta vida. Naturalmente os que estendem o seu amor a todos, aos homens, aos animais e à Natureza, universalmente, salva não só a si mesmo mas também aos outros. São esses que justificam a humanidade aos olhos de Deus, mantendo-a ainda em observação...” ( Alma Welt)

Sobre a sujeição feminina

"O fato de que a beleza da mulher está intimamente relacionada aos seus atributos sexuais de procriação, objetivou a mulher aos olhos dos homens e produziu a sua sujeição e sua disputa milenar. Isso atrasou por milênios o desenvolvimento da mulher e sua libertação, já que no inconsciente masculino permanece como esse objeto de disputa. Mas não podemos deixar de perceber na própria mulher uma reminiscência primitiva que poderíamos chamar de “volúpia da sujeição”, que faz com que a mulher pense a relação sexual como “entrega”, dizendo ao seu parceiro, pelo menos por dentro: “Sou tua, toma-me!” (Alma Welt)

Sobre o Mal e a Mesquinharia

" Para transformar o paraíso terrestre em punição ao homem por sua desobediência, Deus precisou simplesmente introduzir nele o Mal. Este, por sua vez criou não o trabalho, mas o dinheiro; não o Pecado, mas a idéia de pecado. Mas sobretudo estabeleceu a Mesquinharia sobre a terra. Esta é que tolhe as asas dos homens. As asas primordiais que um dia tivemos..." (Alma Welt)

Sobre a Guerra

"O fato de a guerra ter sido por tantos séculos um valor positivo plasmou no inconsciente coletivo da humanidade a figura e a glória do guerreiro. Hoje já não acreditamos na guerra e ela nos horroriza como uma reminiscência da barbárie. Infelizmente a guerra permanece entre nós provavelmente por estar contida no nosso inconsciente profundo como um dos atributos do animus, o lado masculino da nossa alma... (Alma Welt)

Sobre a Inveja

“A Inveja é um defeito de caráter e um dos sete pecados capitais. Ela afeta o seu portador e às vezes o destrói. Como todos os defeitos, a inveja costuma afetar não só seus portadores como os que dela são o alvo. Atribui-se esse fato a más vibrações emanadas, mas isso só acontece se nós, enquanto alvos, estivermos em sintonia com essas ondas ou venenos. A modéstia e o desprendimento são bons antídotos...” (Alma Welt)

Sobre a beleza da Natureza
"A beleza da Natureza é um consolo ou uma atenuante ao anátema de Deus ao jogar-nos contra ela como castigo. É como se Ele nos dissesse: "Estais expulsos, mas podereis sempre ver o que perdestes!" Mas, pensando bem, pode ser que a intenção de Deus fosse ainda mais punitiva ou, no mínimo, irônica. Podemos morrer de fome e sede cercados pela beleza de um paraíso perdido..." (Alma Welt)

Sobre a simpatia

"A verdadeira simpatia não é somente um dom, é uma virtude. Provém não de um desejo ou necessidade de ser aceito, mas de um genuíno interesse pelo outro. Por isso não podemos forjá-la ou imitá-la. Quem tenta fazê-lo soa como um falsete ou brilha como a purpurina para o ouro..." (Alma Welt)

Sobre o desconhecido

"A humanidade oscila entre a atração e a repulsa pelo desconhecido. Na verdade ela se divide entre os que o buscam e os que se defendem dele através dos preconceitos. Mas os pioneiros arrastam a humanidade tímida atrás de si. São da raça dos Titãs, remanescentes entre nós..." (Alma Welt)

Sobre a Mentira

"A Mentira é uma espécie de tabu. Todos a praticam sem jamais reconhecerem isso. Em outras palavras: preferimos a hipocrisia a reconhecer que mentimos. Por isso causa tanta surpresa e escândalo algué...m reconhecer que mentiu, essa confissão funcionando como uma verdadeira subversão aos valores do status-quo. Ou tão hilariante como Macunaíma, pressionado por seus irmãos sobre a estória de perseguir uma paca no asfalto, dizer subitamente : "Eu menti..." (Alma Welt)

Sobre a Verdade

"Costuma-se dizer que a verdade liberta os homens... Acredito que ela deve, sim, ser reverenciada, mas assim como o santo nome de Deus ela não deve ser dita em vão. Mesmo porque, paradoxalmente, em sociedade dizer só a verdade pode ser muito anti-social..." (Alma Welt)

Sobre o valor ou não dos pensamentos comuns

"O que uma pessoa pensa só tem valor para todos se traduzido em arte. E arte quer dizer: o "como" está dito. Até um pensamento negativo expresso por um vilão de uma peça genial, será repetido e refletirá um pouco da alma humana. Haja vista a famosa fala do Macbeth, de Shakespeare, sobre a vida como um "monólogo de um tolo, cheio de som e fúria, significando nada..." (Alma Welt)

Sobre contemplação e integração

“Planejo um dia alcançar a perfeita contemplação. Quero significar com isso a mais completa integração com o que vejo enquanto dádivas de beleza da Natureza e do Cosmos. Essa possibilidade nos foi dada parcialmente aos nossos quatro ou cinco sentidos. Mas o segredo está na alma. É ela que nos integra, se a desatamos, se a libertamos ainda em vida...” (Alma Welt)

Sobre aceitação

“Quanto mais vivemos, sob um certo ponto de vista mais profundo acabamos por aceitar quase tudo o que nós mesmos criamos como sociedade, como algo necessário. Mas creio que nunca poderei aceitar as prisões tal como são, um mal vindo do estado. Também os latifúndios, e a corrupção. Bem... muitas coisas. Talvez eu ainda não tenha vivido o suficiente...” (Alma Welt)

Sobre vida e morte

"Não nos iludamos: não nos tornamos nunca independentes. Não vivemos um único dia sem o concurso e a tolerância de outro ser humano. E ao morrer, suprema entrega, legamos nosso incômodo corpo para que se encarreguem de varrê-lo para debaixo do tapete. O único que podemos fazer é não produzir muito lixo em vida. E, se possível, algumas flores, que nos serão devolvidas..." (Alma Welt)

Sobre a morte

"A morte é um fenômeno tão implacável, por ser o contraponto necessário à vida, que nos obriga a todos à sabedoria. O espantoso portanto é haver tanta gente fútil, como se nada estivesse acontecendo por estar viva... (Alma Welt)

Sobre a felicidade

"A felicidade não é um sentimento que encontramos em circunstâncias externas, muito menos numa situação de posse como realização amorosa. A felicidade é uma virtude a ser conquistada, e, se nos conscientizamos disso, ela pode ser atingida. Mas como ela é a mais abstrata e indefinível das virtudes, o segredo é que para alcançá-la precisamos desenvolver as outras. O amor certamente é um atalho..." (Alma Welt)

Sobre o profissionalismo na Arte

"Os bons artistas devem ser profissionais, para sem dispersão poderem se dedicar à sua arte. Entretanto não devem ser avaros ou especuladores dela. Um artista deve vender sim, mas também exibir, dar e emprestar, conforme o caso, a hora e o lugar. Mas cuidado para não dar quadros como o Van Gogh ao doutor Gachet, que usou um quadro do louquinho, seu paciente, para tapar um buraco na tela do galinheiro... " (Alma Welt)

Sobre o que nos comprometerá no futuro

"Creio que somente duas facetas da nossa época comprometerão irremediavelmente a nossa civilização tecnológica perante a que vier substituí-la num futuro distante: a corrupção e a vulgaridade. Bah! Também a da maldade. Mas, pensando bem... todas são do humano, de um modo geral." (Alma Welt)

Sobre a reversão do inconsciente no futuro

"Calculamos que a nossa vida consciente equivale apenas ao funcionamento de 10% do nosso cérebro. Eu arriscaria afirmar que no futuro o nosso sentido de realidade se inverterá e a nossa vida inconsciente, da qual até hoje só tomamos contato através dos sonhos, dos impulsos e das intuições, irá se superpôr e viveremos uma nova realidade mais ampla, maravilhosa, sem limites..." ( Alma Welt)

Sobre a solidão

"Mesmo ao mais solitário dos poetas apraz contar estórias para o mundo. Não há como existir sem o outro." (Alma Welt).

"Pobre Solidão, fiel companheira tão detratada por sua semelhança com a Melancolia, a Indesejada..." (Alma Welt)

Sobre os verdadeiros artistas

"Um verdadeiro artista é aquele do qual tu não te cansas. Ele estará sempre ali para entreter-te, instruir-te, divertir-te, encantar-te e mesmo embalar-te em seus sonhos, que descobrirás que são os mesmos teus..." (Alma Welt)

Sobre os pensamentos profundos

"Todo pensamento profundo permite a sua contradição. Só os dogmas, por serem rasos ou vazios, não a admitem..." (Alma Welt)

Sobre o sorriso

"A faculdade de sorrir é a expressão mais generosa do ser humano, e no entanto a que despende menos energia, pois é reflexo do que recebemos. Ela é uma dessas contradições em termos, a que chamamos milagre." (Alma Welt)

Sobre o suposto "pecado" do sexo

"Ao atribuir o sentido de pecado ao sexo, numa remota antigüidade, o ser humano adquiriu uma consciência infeliz que por si só lhe roubou a possibilidade de felicidade plena na terra, e produziu mais mortes e sofrimento do que todas as guerras juntas. Com esse dogma idiota o homem castrou a sua liberdade. Foi o primeiro passo da caminhada da estupidez humana..." (Alma Welt)

Sobre os escritores

"Creio firmemente que um escritor deve carregar dentro de si toda a história da humanidade, tendo lido e assimilado os pilares da Literatura, isto é, os clássicos. Não será possível escrever uma única linha que tenha utilidade ou valor se o escritor não tiver o peso da cultura universal como lastro ou reserva-ouro de seu texto. Sem isso não passará de um moedeiro falso..." (Alma Welt)

Sobre o meu nudismo

"Sou nudista na mesma medida dos antigos gregos. A graça está em desnudar-me com naturalidade, andar por aí pela coxilha ou pelo meu bosque, para depois, sem pressa, vestir-me... casualmente. Quando se faz isso desde guria, é curioso perceber como eliminamos o choque e o escândalo. É verdade que a beleza ajuda muito. A beleza nunca é obscena..." (Alma Welt)

Sobre o ciúmes

Não se iludam, o ciúmes nunca é bom. É um sentimento mesquinho e invasivo. Denota uma veleidade de posse, de propriedade sobre o outro. O fato dele ser tão comum não o legitima, assim como aos outros defeitos do caráter e da condição humana, como o ódio, a violência e a maldade. (Alma Welt)

Sobre artistas detratores

"Há artistas talentosos que são detratores da raça humana, e aparentemente desprezam a humanidade. É difícil acreditar em sua sinceridade, já que a arte é feita para o olhar do outro, e mesmo para o seu aplauso. Mas reparem: os maiores são humanistas, acreditam no homem, ou pelo menos nos termos ideais ou potenciais do humano. E o nosso sofrimento os enternece e comove..."
(Alma Welt)

Sobre a alma

"A alma de qualquer pessoa é sempre uma mulher. Os gregos antigos perceberam isso e a chamaram de Psiqué. Os romanos a chamaram de Anima. Logo se deram conta de que havia uma alma universal, não pessoal, e a chamaram de Anima Mundi, a Alma do Mundo, poética e difusa. (Alma Welt)

Sobre a Poesia

"A Poesia consiste num certo olhar que a vida nos permite sobre ela mesma. Um ponto de vista. Quando descobrimos este ângulo possível de todas as coisas, já não podemos olhar o mundo fora dele. Trata-se da revelação do verdadeiro e do real. Qualquer outra angulação passa a ser fútil ou comezinha..." (Alma Welt)

Sobre prisões

“O simples fato de construirmos prisões nos degrada. O ser humano em sua evolução deverá superá-las e encontrar meios de recuperação e reeducação avançados, talvez por meios tecnológicos, mas sobretudo magnânimos e compassivos. A vocação do espírito humano é a luz, a superação do mal, este estigma arcaico e primordial...” (Alma Welt)

Para se escrever versos

"Quanta ingenuidade e idealismo são necessários para se escrever versos, mesmo que sejam complexos, obscuros ou amargos! É preciso querer dar o melhor de si ao outro para escrever poesia, já que bons versos são pensamentos sublimados, estetizados, por vezes musicais. Um verdadeiro poeta nunca dirá que prefere bem mais os animais e os respeita mais que ao homem..." (Alma Welt)

Sobre o olhar

Das pessoas que têm um olhar ingênuo e puro não sentimos falta do brilho agudo da inteligência. Eis a prova de que o "fruto da razão" foi um anátema e não um prêmio... (Alma Welt)

Sobre as pessoas inteligentes

"As pessoas verdadeiramente inteligentes são as que se interessam por tudo, isto é, também por assuntos e temas alheios às suas especialidades profissionais, ou mesmo seus hobbies e lazeres. Na verdade não encontramos muitas pessoas assim..." (Alma Welt)

Sobre dados autobiográficos

"Pediram-me dados autobiográficos precisos. Não sei o que isso seja... Minha vida é minha saga, a história da minha alma, as estórias que vivi através de minha mente imaginativa, de minha rica fantasia realista. Como as crianças não distingo bem entre o de dentro e o de fora. Vivo em Poesia, sinto muito..." (Alma Welt)

Sobre a generosidade
"Estarmos sempre disponíveis para a nossa própria generosidade... eis a providência que permite o fluxo da vida. A avareza do coração o estanca e nos atola. Não acreditem que a vida nos é dada incondicionalmente." (Alma Welt)

Sobre a vaidade

Não duvidamos que a vaidade seja um defeito. Mas como desde os animais ela é quase sempre motivada pela consciência de uma virtude ou uma qualidade notável, a vaidade é tratada com grande indulgência, e frequentemente confundida mesmo com uma virtude. O certo é que ela contém um elemento de ingenuidade que, por exemplo, vista nos animais em sua corte nupcial nos despertam enternecimento e encanto. Isso também ocorre conosco, mormente em relação às mulheres... (Alma Welt)

Sobre a luta entre o bem e o mal

Grandes livros da literatura universal versam sobre a batalha épica entre o Bem e o Mal, quase sempre representada por batalhas reais, cheias de armas e morticínios. Entretanto já apreendemos que o mal não se combate com armas e os verdadeiramente bons nunca formariam um exército armado. Diante dessa verdade, podemos concluir que as nações e suas leis são construídas sobre a ignorância e primitivismo da humanidade. Eis, a meu ver, a razão de não conseguirmos extirpar nenhuma das nossas mazelas sociais. (Alma Welt)

Sobre reflexão e respostas

Ao ser humano é dado refletir sobre todas as questões de sua existência. Isso não quer dizer que obtenhamos respostas. Mas os questionamentos, em si mesmos nos fazem crescer. Quanto a eventuais respostas... bah! delas é que devemos desconfiar. (Alma Welt)

Sobre os sentimentos primitivos

Há uma atração em todos nós pelos sentimentos primitivos... como a vingança, por exemplo. O cinema americano é em grande parte dedicado a essa paixão poderosa, que tanto tem atrasado a humanidade. Isso acontece porque os artistas amam refletir e traduzir todas as paixões humanas, e a superioridade de espírito não é nescessariamente material artístico. O vilão e o vingador nos seduzem muito facilmente. (Alma Welt)

Sobre a evolução da humanidade

Toda vez que um ser humano salva a vida de outro ou de um animal, doméstico ou selvagem, a humanidade dá um pequeno passo em conjunto, rumo à sua própria humanidade ideal. (Alma Welt)

Sobre a guerra

Não existem guerras gloriosas. Toda guerra se baseia no que há de pior no ser humano: o ódio, a prepotência, a crueldade e a vingança. Os povos invadidos e violados acabam se comportando tão mal quanto os invasores. A primitiva doutrina do olho por olho, ainda vigente, reflete a resistência do homem à sua evolução teoricamente possível. (Alma Welt)

Sobre o senso de humor

Pessoas que têm verdadeiro senso de humor não são vulneráveis à mesquinhez alheia. Quanto humor revelou Galileo Galilei, em "off " ao ser liberado pelos seus inquisidores por desdizer-se... " Eppur si muove! " (Alma Welt)

Sobre cultura e Vida

Lucidez e uma bagagem cultural mais ampla, além daquela em que estamos inseridos por circunstância de nascimento e de lugar, nos ajudam a viver mais integralmente a Vida? Creio que não há essa correspondência.... A maioria dos homens simples está profundamente imersa no coração da vida. Quanto à ignorância... ah! isso é outra coisa... (de Alma Welt)

Sobre a saudade

Nossas saudades, contrafluxo do tempo... (Alma Welt)

Sobre os governos e a política

Os governos dos países freqüentemente agem como delinqüentes: mentem, roubam, matam, prendem, escondem, omitem, torcem a verdade. Isso se deve ao fato de que se acredita que só se pode governar com absoluto pragmatismo. O ideal e a generosidade não são valores governamentais, ou da política simplesmente... (de Alma Welt)

O que se transforma em Poesia

As coisas e objetos muito vividos se transformam em Poesia, desde que as tenhamos amado. É o amor, portanto, que perpetua tudo, até as máquinas quando se tornam obsoletas. Vejam o que aconteceu com o trenzinho a vapor, a eterna Maria Fumaça... (Alma Welt)

Sobre o Paraíso perdido

Carregamos em nós, no nosso inconsciente profundo, uma espécie de memória do paraíso perdido. Grande parte do nosso esforço vital é despendido no sentido de superar uma incipiente e persistente depressão causada por essa perda e pela nescessidade de afirmação diante do trauma dessa rejeição primordial... (Alma Welt)

Sobre moral e fanáticos

Moralismo existe quando a pessoa se torna fanática pela moral. O curioso é que isso só acontece com os hipócritas. Mas os verdadeiros fanáticos... ah! esses são ainda mais perigosos... (Alma Welt)

Sobre o primitivo no homem

Acreditamos que por sermos muito recentes na face da Terra conservamos traços primitivos, isto é, animalescos, em nossa estrutura social e psíquica. Entretanto isso não é seguro, pois compartilhamos com os animais as nossas melhores qualidades, e os maiores defeitos são somente nossos... (Alma Welt)

Sobre a posteridade

Serei lida após a minha morte? Há quem não se importe nem um pouco...
Mas se toda grande arte é sempre póstuma, isso é o único que importa. Não há nada mais triste do que imaginar, agora, em vida, meus papéis indo para o lixo, folhas manchadas no solo, ou levadas pelo vento...
Quanto desprezo pela humanidade revela aquele que diz : “Depois de mim, o dilúvio”, ou simplesmente: “Que me importa, depois que eu morrer...” (Alma Welt)


Sobre o homem adulto

O homem totalmente adulto é detestável. É ele que cria as leis, as punições e a burocracia. É o criador das prisões e o destruidor da Natureza. O homem que restaura a Infância, isto é, o olhar infantil, esse... é o Artista. (Alma Welt)

Sobre a infantilidade de tudo

O ser humano mantém a criança dentro de si toda a sua vida. Tudo é infantil, no fundo, na sociedade humana, na humana atividade. Isso seria encantador e inofensivo, se não fosse o perturbador fato de que também a violência e a maldade já se encontram presentes nas crianças. Vejam por exemplo, como elas podem ser cruéis entre si, desde a mais tenra infância... (Alma Welt)

Sobre o meu "mistério"

Muitas pessoas me acusam de dubiedade e mistério. Mas vejam: não somos feito à imagem e semelhança de Deus? Nada mais dúbio e misterioso que Deus, a ponto de grande parte da humanidade duvidar que Ele existe... (Alma Welt)

Sobre a Arte

Como cada pessoa no mundo é um universo para si mesma, a vida em sociedade não seria possível somente com a amarra das leis e das regras. É a Arte que produz a amálgama desses quase infinitos mundos. A arte tudo permeia ou alinhava, por isso é chamada de linguagem universal. A Arte do homem é o paliativo de Deus à Babel das línguas, isto é: a incomunicabilidade punitiva do nosso orgulho... (Alma Welt)

Sobre a Poesia

"Quando guria, muito nova, eu vi pela primeira vez a Poesia. E ela estava nua..." (Alma Welt)


Sobre a desunião entre as mulheres

Por sua desunião a mulher mancomuna-se com a opressão masculina e perdeu séculos de avanço em sua emancipação. Até hoje em suas intrigas, ciúmes e rivalidades, o maior inimigo da mulher é a própria mulher. Na questão sexual, toda vez que uma mulher é intolerante e moralista em relação a outra, faz o jogo repressivo masculino, que está na base da dominação. (Alma Welt)


Sobre Mistérios e Segredos

Um mistério que não deixa rastros e do qual ninguém suspeita, não chega ser um mistério, perdido que está no vazio do Nada. A vocação dos Segredos é a revelação, o desvelamento... (Alma Welt)

Sobre a realidade

"As pessoas tendem a acreditar que os poetas têm pouco senso de realidade. "Vivem com a cabeça nas nuvens, não têm os pés na terra", dizem... Mas é justamente o contrário! Os poetas conhecem tão profundamente a realidade, que se propõem a traduzi-la. É preciso ser especialista para isso..." (de Alma Welt)

Sobre Inferno e Paraíso

"Ao homem é dado, em vida, vivenciar em espírito mil vezes o Paraíso, assim como o Inferno. Não sei por que insistimos em acreditar que precisaremos experimentar novamente tais coisas após a morte." (Alma Welt)

Sobre a Loucura

O que faz com que a sociedade segregue os loucos, a par das óbvias inconveniências e incômodos, é, num plano mais profundo e inconsciente, o fato de que a loucura coloca em xeque nossa razão e mesmo a desvaloriza. A fragilidade de nossas estruturas racionais, na qual a sociedade toda se fundamenta, se torna subitamente evidente. Lembremo-nos do conto "O Alienista" , de Machado de Assis: poderemos bem imaginar todos nós dentro daquele hospício e os loucos aqui fora. O resultado seria o mesmo."(Alma Welt)

O império americano

O império americano teve desde o início da sua expansão, o cinema de Hollywood como sua ponta de lança cultural, da mesma maneira que no século XVI os impérios português e espanhol tiveram nesse papel os jesuítas e sua catequese. A colonização cultural do mundo precede a econômica e são intimamente ligadas. O cinema permanece como principal produto de exportação da Matriz, e tem o poder de destruir culturas locais, abrindo espaço para a expansão do Império. Até os franceses que tiveram esse papel antes da Segunda Grande Guerra e até há poucos anos resistiam, agora tratam de aprender a língua inglesa, isto é, americana. As crianças francesas não brincam de Asterix, mas de Matrix. (de Alma Welt)

Sobre as pessoas comuns

Não gosto das pessoas comuns. Aquelas que só falam e pensam banalidades, vivendo no âmbito das coisas comezinhas do cotidiano, nem sequer imaginando que há outras maneiras de ser e de viver, mais profundas ou mais altas.
Antigamente os intelectuais e os artistas costumavam chamar essas pessoas de “burgueses”. Mario de Andrade, por exemplo, tem uma conhecida “Ode ao burguês” que desanca esse tipo humano pela sua insuportável pobreza interior, pela sua platitude ofensiva ao espírito. Infelizmente a grande maioria se encontra nessa categoria, e nisso consiste metade do problema da Humanidade. A outra metade do problema se encontra na presença dominante da Maldade entre os homens. Entretanto devo reconhecer, que se "de perto ninguém é normal", como disse uma vez o filósofo Caetano Veloso, bem de perto também ninguém é totalmente superficial. O ser humano se aliena por necessidade de iludir ou nublar a insidiosa consciência da solidão e da morte, que atormenta a todos. Por isso é a Arte uma linguagem universal, não só para os eleitos ou "profundos". (Alma Welt)

Uma obsessão americana

Sempre me perguntei a razão da obsessão dos norte-americanos com a figura do pistoleiro, ou da pessoa, homem ou mulher, com uma pistola, fuzil ou metralhadora apontando para todos os lados ou simplesmente atirando compulsivamente. É de uma vulgaridade alarmante! É estranho como eles não conseguem dispensar essas cenas e as colocam pelo menos uma vez até em seus raros filmes que não precisariam ter uma cena sequer de violência. É absolutamente idiota e repetitivo. E eu diria de efeito maligno e deletério comprovado. A estupidez humana não tem fim...
Uma vez, em Londres, aproveitando a presença de um americano de meia idade, namorado de uma amiga brasileira, perguntei a ele, porque eles valorizavam tanto a figura do inspetor de polícia ou do simples policial, a ponto de 95% de seus filmes girarem em torno dessa figura de funcionário público a que nós latinos não dávamos nenhum valor (até recentemente). A despeito do tom de candura com que tentei revestir meu questionamento e minha voz, a pergunta soou irônica e o rapaz se pôs na defensiva, se sentindo estranhamente ofendido. Argumentou, indignado, que se tratava da “luta entre o bem e o mal”, tema fundamental da condição humana. Mas não me convenceu. Creio que há maneiras mais sutis e mais profundas de abordar essa polaridade, dicotomia, ou mesmo escatologia inerente à humanidade. Já está na hora do cinema tratar os expectadores como adultos, que deveríamos ser... ( Alma Welt)

Sobre a existência de Deus (de Alma Welt)

A meu ver, não importa se alguém acredita ou não na existência de Deus. Não importa sequer se Ele realmente existe. O importante é viver como se Deus existisse. (Alma Welt)

Sobre a Poesia

Se eu tivesse que fazer considerações sobre a Poesia,mas de fora da poesia, ou aconselhar um poeta mais jovem e inexperiente, eu diria:
Não se iludam, a grande poesia não é filosófica e muito menos moralista. Evita o conceitual e também o preconceito. Os bons poetas são aqueles que abordam tanto o lado claro como o obscuro das coisas e dos seres com a mesma intensidade e paixão. O poeta é aquele que é capaz de escrever poemas de igual e indistinguível interesse e valor tanto sobre uma cadeira, como sobre um ovo, uma árvore ou uma criança.
A sensibilidade, timbre e originalidade de visão é o que distingue o bom poeta. Também a paixão, naturalmente. Paixão pela vida, pelos seres e coisas. A intensidade é que distingue os grandes. Mesmo que a própria morte os apaixone e abisme. (Alma Welt)



Sobre os Bancos

Os Bancos são uma instituição básica e viceralmente perversa. Consiste na tentativa de legitimar um vício : a usura. Os banqueiros no seu início, na Idade Média pagavam juros às pessoas que lhes confiavam dinheiro para guardar ou aplicar em proveito próprio. Isso durou até o fim da primeira metade do século XX, mas depois deu-se a distorção maior, pois de lá para cá os depositantes agora pagam para os bancos guardarem e usarem o seu dinheiro. Os clientes fazem o papel de idiotas inconscientes enquanto os banqueiros são ladrões e vigaristas disfarçados sob uma capa de respeitabilidade que na verdade começa a ser desmascarada.( Alma welt)

Sobre a Polícia

As pessoas comuns ingenuamente cobram da polícia proteção e até mesmo uma espécie de justiça preliminar. Entretanto isso é um equívoco, pois a raíz histórica da criação dessa instituição está na Guarda Pessoal dos reis, desde a antiguidade. No Império Romano estava na Guarda Pretoriana dos Césares. A polícia portanto foi criada com a finalidade de reprimir e controlar o povo em proveito dos nobres (ou das elites) . Isto ficou no inconsciente coletivo de qualquer policial individualmente, que no momento da escolha protegerá sempre o mais forte (vejam o caso da polícia militar que entregou três rapazes da favela na mão dos traficantes para serem torturados e mortos).(Alma Welt)

Sobre o dinheiro

O dinheiro é o sucedâneo da força, e portanto do poder. Podemos dizer que o próprio poder emana do dinheiro. A razão disso é a seguinte: no início das sociedades humanas, ainda tribais, os homens eram caçadores ou predadores. Aquele que trazia mais carne de caça para a caverna, catalisava o maior número de fêmeas portanto de filhos, o que lhe aumentava o prestígio entre os outros caçadores da tribo. Com o tempo o predador se tornou guerreiro e conquistador de outros povos e isso durou a maior parte da história da humanidade. Com a o advento da era industrial, o poder e a força deslocou-se para o homem do dinheiro, este como substituto simbólico do poder, portanto da força. Assim o homem mais atraente às mulheres continua sendo o mais forte, isto é, aquele que traz mais víveres e bens para dentro da “toca”. Agora o homem forte pode ser um baixinho barrigudo e careca, não precisa mais ter músculos, que não são mais sintomas de “força”.(Alma Welt)

Sobre a Política

A política é arte de seduzir as massas, e de negociar vantagens. A política nasce sempre da hipocrisia, pelas suas origens espúrias, pois nascida entre líderes fracos que temiam ser destronados pelas massas. Nesse sentido podemos dizer que a política é um “mal necessário”, pois segundo a definição de Voltaire, “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”.(Alma Welt)


Reflexão sobre o espelho (de Alma Welt)

A invenção do espelho de vidro, uma das mais antigas da humanidade civilizada, só vingou desde o seu protótipo em tempos imemoriais graças à capacidade prodigiosa desse artefato, imagino que logo detectada por seus criadores, de somente devolver a imagem filtrada pela vaidosa subjetividade de quem nele se mira. Assim, podemos dizer que a expressão "espelho mágico" é uma redundância. Nele somente veremos o que a nossa mente deseja ver. Os pintores oscilaram entre a lisonja e a crueldade até que a fotografia, como imagem compartilhada, veio para desmascarar o espelho e a pintura e reinar para a alegria dos fotogênicos. (Alma Welt)

Sobre a imortalidade (de Alma Welt)

O Criador supremo deu-nos a vida e a morte, mas também o poder de imortalizar-nos. Qualquer ser pode deixar seu pensamento, sua alma, para sempre gravada na letra. Flagrei-me um dia, numa praia a seguir o rastro de um siri na areia, e portanto a pensar nele. É verdade, o rastro logo foi lavado pelas ondas... Mas uma pobre alma pode deixar seu precário pensamento escrito numa folha perdida e ainda assim despertar considerações sobre si e sua imagem nesta vida. Encontrei no lixo uma folha de papel com o esboço de carta de uma empregada doméstica à sua família e o universo de uma mulher simples e seus sonhos se reconstituiram imediatamente, embora fragmentariamente, inteiros em essência em minha mente e aí permanecerão para sempre em algum nicho da memória. Aliás, só permanecemos na mente ou na alma dos outros, essa é a imortalidade que nos coube... (Alma Welt)

A ironia do poder (Alma Welt)

"A grande ironia da política partidária é que a classe operária quando atinge o poder se vinga na classe média, mas passa a bajular os ricos, no mínimo por imitar-lhes os vícios: a corrupção, a acumulação, o desprezo..." (Alma Welt )

Santa Ignorância!
Consta que a origem dessa exclamação remonta a um episódio da morte na fogueira de um famoso dissidente do catolicismo no século XVI, o suiço Jan Huss, que condenado pela Inquisição e já amarrado no poste do suplício, viu aproximar-se uma velhinha curvada, com enorme esforço carregando nas costas um grande feixe de lenha para vir juntá-lo à pilha sobre a qual ele estava. Huss teria então exclamado filosoficamente: "Sancta Simplicitas!", o que, em latim, quer dizer "Santa Ignorância!"
A frase, de extraordinário alcance como reflexão, nos faz ponderar sobre o conceito de ignorância popular, cujo teor de ingenuidade contém um elemento mortífero e à vezes sanguinário em seu cerne. Quantas vezes a ignorância popular se torna juiz e carrasco ao mesmo tempo, baseada sem dúvida na chamada "melhor das intenções". O juiz Lynch, nos estados Unidos do século XIX, aproveitou-se dessa precipitação julgadora, na verdade vingativa, para tentar legitimar a ação coletiva que viria a levar seu nome para sempre: "linchamento". Assim também o "bem intencionado" médico francês do século XVIII, doutor Guilhotin, imortalizou seu nome no instrumento de suplício, que segundo ele iria poupar sofrimentos aos condenados, pela sua intantaneidade.
Diz um outro batidíssimo dito popular que "de boas intenções o inferno anda cheio"(que minha mãe usava bastante a meu respeito...) e realmente podemos ver como a ignorância exerce seu poder mortífero em todas circunstâncias, na paz e na guerra. A ignorância deve ser combatida pois, mas com benevolência e magnanimidade para não imitar a sua violência latente. O sábio compassivo exclama sem ódio: Santa Simplicidade! Santa Ignorância! Santa Ingenuidade! (Alma Welt)

As pessoas que vivem só para si mesmas

As pessoas que vivem só para si mesmas são como sementes estéreis: plantadas entre as outras acabam revelando seu vazio. É portanto um equívoco considerar os artistas pessoas egoístas, sementes que somos geradoras de exuberantes frutos para o deleite do outro.(Alma Welt)

Sobre o fracasso das políticas sociais e econômicas

A meu ver, o fracasso (em todas as épocas) das políticas sociais e econômicas em eliminar as desigualdades e injustiças, crimes e misérias do mundo, reside simplesmente no fato de que a humanidade não constitui um corpo homogêneo em seu grau de evolução, e os espíritos estão mais atrasados ou mais adiantados individualmente, produzindo inúmeros segmentos de níveis diversos de evolução espiritual. A sociedade é como uma imensa e complexa teia de fluxos paralelos, muito desiguais, mas simultâneos. Não é possível um tecido homogêneo, portanto nem sequer um entendimento comum das regras e das leis. Tratar-se-ia então de um verdadeiro Caos? Suspeito que sim. Diante do mundo ou da sociedade cada um dá o que tem, conforme o seu grau de evolução. Se me perguntam: “Então não há esperança de uma evolução da sociedade como um todo? Pelo quê então batalhamos, nós, os bem-intencionados?” Eu diria:
Aos benévolos só resta a benevolência. É o que cumpre fazer, não importa se o resultado do seu trabalho, ou do seu simples gesto, seja como uma gota no oceano. Repito: cada um dá o que tem. (Alma Welt)


Relexão sobre a arte da política (de Alma Welt)

A política é, em última instância, a arte de atingir o poder e de exercê-lo. Esse poder, em princípio, deveria ser o de melhor servir ao interesse coletivo, ao bem comum; mas, atingido, ele logo mostra a sua verdadeira face: ele se corrompe na mão do homem, como sutil ironia de Deus, o grande "mestre-gato"* que não ensina o seu pulo. (Alma Welt)


A Física do dinheiro (de Alma Welt)

A invenção do dinheiro criou necessidades no homem que não estavam na origem e essência de sua relação com o mundo, isto é com a natureza. Essa é, a meu ver, a razão fundamental da impotência do dinheiro em eliminar a miséria no mundo. Diz uma lei de física (de Lavoisier) que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Assim, toda a matéria do Universo é uma mesma e constante, apenas se desloca. O dinheiro sendo matéria não poderia fugir a essa lei. Toda vez que ele é acumulado, cria uma zona vazia, de carência nalgum lugar, como um vácuo em torno do epicentro do acúmulo. (Alma Welt )

A natureza subjetiva do mundo

O mundo é um processo subjetivo. A objetividade é apenas um código comum. A natureza subjetiva do mundo é corroborada teoricamente pela física quântica de Niels Bohr, diante da qual Einstein perguntou ironicamente : "A lua está sempre no céu?" Não! responderíamos, só lá está para os que a observam nas noites. Em princípio todas as pessoas nasceriam aptas a formar o seu próprio universo, sem o qual a vida acaba se tornando insuportável. A tragédia é haver tantas pessoas que instalam sua alma no vazio entre os átomos de um universo de que sequer suspeitam. Trata-se do homem medíocre, o homem vazio, aquele que adota um modelo do mundo simplificado pela moda, ou mesmo pelos costumes, sem jamais questioná-los. (Alma Welt)


Sobre o erotismo (de Alma Welt)

O verdadeiro erotismo não se confunde com a pornografia senão para os menos avisados. Quando isso acontece, geralmente é porque o erotismo, por ser essencialmente livre, às vezes brinca nas águas da pornografia, não para sujar-se mas para adquirir o sabor picante do proibido. Entretanto, paradoxalmente, devemos nos lembrar que a pornografia não é filha da transgressão, mas da submissão, isto é: do sentimento de culpa e de “pecado” em relação ao sexo, e deriva, portanto, do que de pior existe na cultura judaico-cristã : a consciência infeliz. (AlmaWelt)

A Metafísica da Angústia (de Alma Welt)

A angústia existencial do homem, por mais dolorosa que seja, é na verdade um vestígio atenuado, como um ruído ou radiação de fundo, da incomensurável angústia de Deus que produziu um tal “aperto”que se traduziu por um primeiro buraco negro que atraindo e condensando toda a matéria do universo , chegou a tal densidade que explodiu formando o universo em que estamos. Nossa angústia é, pois, também imagem e semelhança da própria angústia de Deus. Mesmo assim, como longínquo e indistinto eco, ela continua vitimando os poetas e os sensíveis.(e Alma Welt)



O Sentido Trágico da Vida (de Alma Welt)

Há um sentido trágico no simples viver. Consiste no fato de que nascemos e vamos morrer. Entre estes dois pólos fundamentais e misteriosos, tudo o mais seria fútil se não fosse heróico: nosso esforço por nos construirmos e persistirmos diante do inevitável desenlace final. Sim, pois todos os projetos estão fadados ao fracasso uma vez que transitórios. O projeto artístico continua sendo o mais heróico de todos, mas também o mais efetivo. Ele não é pessoal: é de toda a humanidade rebelada diante do perturbador destino comum. É o mais hábil e astucioso plano do homem para ludibriar a morte, pois consiste em plasmar o espírito num objeto qualquer mais durável que a corruptível carne: a madeira , o papel, a tela, a tinta, o mármore, o bronze, o ferro, a letra. Diante da arte do homem, Deus sorri, irônico e enternecido. (Alma Welt)