terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Carta de Amor - Maria Bethânia

http://www.youtube.com/watch?v=NRncIuR7Ir4

Carta de Amor-Maria Bethânia 

Não mexe comigo que eu não ando só

Eu não ando só, que eu não ando só

Não mexe não

Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis

Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro

Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris

Zarabatanas, curarês, flechas e altares.

A velocidade da luz no escuro da mata escura

O breu o silêncio a espera. eu tenho jesus,

Maria e josé, todos os pajés em minha companhia

O menino deus brinca e dorme nos meus sonhos

O poeta me contou

Não mexe comigo que eu não ando só

Eu não ando só, que eu não ando só

Não mexe não

Não misturo, não me dobro a rainha do mar

Anda de mãos dadas comigo, me ensina o baile

Das ondas e canta, canta, canta pra mim, é do

Ouro de oxum que é feita a armadura guarda o

Meu corpo, garante meu sangue, minha garganta

O veneno do mal não acha passagem e em meu

Coração maria ascende sua luz, e me aponta o

Caminho.

Me sumo no vento, cavalgo no raio de iansã,

Giro o mundo, viro, reviro tô no reconcavo

Tô em face, vôo entre as estrelas, brinco de

Ser uma traço o cruzeiro do sul, com a tocha

Da fogueira de joão menino, rezo com as três

Marias, vou além me recolho no esplendor das

Nebulosas descanso nos vales, montanhas, durmo

Na forja de Ogum, mergulho no calor da lava

Dos vulcões, corpo vivo de xangô

Não ando no breu nem ando na treva

Não ando no breu nem ando na treva

É por onde eu vou que o santo me leva

É por onde eu vou que o santo me leva

Medo não me alcança, no deserto me acho, faço

Cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo

Meus pés recebem bálsamos, unguento suave das

Mãos de maria, irmã de marta e lázaro, no

Oásis de bethânia.

Pensou que eu ando só, atente ao tempo num

Começa nem termina, é nunca é sempre, é tempo

De reparar na balança de nobre cobre que o rei

Equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a justiça

Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão

E pra onde você for não leva o meu nome não

E pra onde você for não leva o meu nome não

Onde vai valente? você secô seus olhos insones

Secaram, não vêêm brotar a relva que cresce livre

E verde, longe da tua cegueira. seus ouvidos se

Fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o

Bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe

Você pisa na terra mas não sente apenas pisa,

Apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as

Teclas do teu piano, você está tão mirrado que

Nem o diabo te ambiciona, não tem alma você é

O oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.

O que é teu já tá guardado

Não sou eu que vou lhe dar,

Não sou eu que vou lhe dar,

Não sou eu que vou lhe dar

Eu posso engolir você só pra cuspir depois,

Minha forma é matéria que você não alcança

Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem

Fim dos versos, versos, versos, que brota do

Poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita

Na palma da inspiração de caymmi, se choro, quando

Choro e minha lágrima cai é pra regar o capim que

Alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes

Que você secou.

Se desejo o meu desejo faz subir marés de sal e

Sortilégio, vivo de cara pra o vento na chuva e

Quero me molhar. o terço de fátima e o cordão de

Gandhi, cruzam o meu peito.

Sou como a haste fina que qualquer brisa verga

Mas, nenhuma espada corta

Não mexe comigo que eu não ando só

Eu não ando só, que eu não ando só

Não mexe comigo.




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