Examinar, reverente, uma caixa de ébano
Depois de passados os anos;
Remover o aveludado pó
Ali deixado pelos verões.
Trazer, sob a luz, uma carta
Pelo tempo esmaecida,
Perscrutar a letra pálida
Que nos aqueceu, feito vinho.
Entre os guardados talvez se encontrem
A corola fanada de uma flor,
Colhida por mão nobre e fértil
Certa manhã, muito longe,
Ou caracóis de frontes,
Por nossa constância olvidadas;
Talvez um antiquado adorno
Em perdidas vestes usado.
Depois, tornar a guardar essas coisas
E voltar aos afazeres,
Como se a pequena caixa de ébano
Não nos dissesse respeito.
(Emily Dickinson, trad. Ivo Bender)
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