quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Olavo Bilac - As ondas

AS ONDAS

Entre as trêmulas mornas ardentias,
A noite no alto mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:

Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.

Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabatro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;
E bocas verdes, cheias de gemidos,

Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...
(Tarde, 1919.
)

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