O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio.
Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio.
Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se
percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.
- de uma carta de Hélio Pellegrino, (in O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, editora Record, 79ª edição, 2005, SP/RJ).
domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
Manuel Bandeira
O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é a vida!
Manuel Bandeira
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é a vida!
Manuel Bandeira
quinta-feira, 28 de março de 2013
Eugênio de Andrade - in Até Amanhã
As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparados, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
creis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugênio de Andrade, in Até Amanhã
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparados, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
creis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugênio de Andrade, in Até Amanhã
quarta-feira, 27 de março de 2013
Lua - Nova Zelandia
3 Minute MoonRise - "Full Moon Silhouettes" - Wellington
http://www.youtube.com/watch?v=QYI3_Xu4pMc&feature=share
Sophia de Mello Breyner Andresen
Sophia de Mello Breyner Andresen, in OBRA POÉTICA (Ed. Caminho, 2010)
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma
Christafari - Taking in the Son
Christafari - Taking in the Son
http://www.youtube.com/watch?v=aTHPVbvdzdI&feature=share
Chorus: I'm taking in the Son
So brilliantly You shine on me
Yes I'm taking in the Son so vibrantly You shine on me.
So brilliantly You shine on me
Yes I'm taking in the Son so vibrantly You shine on me.
Shine like stars inna the middle of the night
Reflecting the Son so big and so bright
I say shine like stars inna the middle of the night
Reflecting the sun like the moon
So big and so bright
Inna this crooked and depraved generation
Crooked and depraved generation-ration
Crooked and depraved generation
Crooked and depraved generation-ation.
Reflecting the Son so big and so bright
I say shine like stars inna the middle of the night
Reflecting the sun like the moon
So big and so bright
Inna this crooked and depraved generation
Crooked and depraved generation-ration
Crooked and depraved generation
Crooked and depraved generation-ation.
Bridge: So shine, shine, shine on me
(CHORUS).
I wanna live and move in You
Take You in
All of You (Repeat).
Take You in
All of You (Repeat).
So take it all
The passion and the pain
Take it all
The sun and the rain
Take it all
The power and the fame just take, take, take
Take it all (Repeat)
The passion and the pain
Take it all
The sun and the rain
Take it all
The power and the fame just take, take, take
Take it all (Repeat)
(CHORUS)
( BRIDGE).
So may your love shine down every day
May your love shine down every day
And this love never fade away
May your love shine down every day (Repeat)
Wo woy, yeah, wo woy, yeah
May your love shine down every day
And this love never fade away
May your love shine down every day (Repeat)
Wo woy, yeah, wo woy, yeah
segunda-feira, 25 de março de 2013
The Strokes - Tap Out
The Strokes - Tap Out
http://www.youtube.com/watch?v=-7PINAYE4z4
They found our city under the water
Gotta get my hands on something new
You don't want to be without this
Something isn't adding up.
Pre Chorus:
Decide my past
Define my life
Don't ask questions
'Cause I don't know why.
Chorus:
Someone
Didn't wanna know their name.
Drifting
You don't wanna know what's going down
Even though I really like your place
Somehow we don't have to know each other's name
They found our city under the water
I began to listen to your eyes
You don't want to live without it
Even others, they'd abide
Pre Chorus:
Decide my past
Define my life
Don't ask questions
'Cause I don't know why.
2 x Chorus:
Someone
Didn't wanna know their name
Drifting
You don't wanna know what's going down
Even though I really like your place
Somehow we don't have to know each other's name
Decide my past
Define my life
Don't ask questions
Cause I don't know why
I don't listen
And I don't speak
Well, it's a talent
I don't know why
domingo, 24 de março de 2013
Ennio Morricone - Cinema Paradiso
Ennio Morricone - Cinema Paradiso
sábado, 23 de março de 2013
David Gilmour - Sonnet 18 - William Shakespeare
David Gilmour - Sonnet 18 - William Shakespeare
http://www.youtube.com/watch?v=S8Osse7w9fs&feature=share
http://www.youtube.com/watch?v=S8Osse7w9fs&feature=share
Shall i compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of may,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.
Tools - Ferramentas
It had long since come to my attention that people of accomplishment rarely sat back and let things happen to them.
They went out and happened to things.
.......................... ............Leonardo da Vinci
Men have become the tools of their tools.
.......................Hen ry David Thoreau
The expectations of life depend upon diligence; the mechanic that would perfect his work must first sharpen his tools.
.....................Confu cius
Any tool is a weapon if you hold it right.
.................Ani DiFranco
Three things cannot be long hidden: the sun, the moon, and the truth.
.......................... Buddha
Only two things are infinite, the universe and human stupidity, and I'm not sure about the former.
.......................... Albert Einstein
A sword never kills anybody; it is a tool in the killer's hand.
...................... Lucius Annaeus Seneca
They went out and happened to things.
..........................
Men have become the tools of their tools.
.......................Hen
The expectations of life depend upon diligence; the mechanic that would perfect his work must first sharpen his tools.
.....................Confu
Any tool is a weapon if you hold it right.
.................Ani DiFranco
Three things cannot be long hidden: the sun, the moon, and the truth.
..........................
Only two things are infinite, the universe and human stupidity, and I'm not sure about the former.
..........................
A sword never kills anybody; it is a tool in the killer's hand.
...................... Lucius Annaeus Seneca
Mário Quintana
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
sexta-feira, 22 de março de 2013
Legião Urbana - Monte Castelo
Monte Castelo, adaptação do Soneto 11 de Luís Vaz de Camões e de Corintios - capítulo 13, versículos 1, 2 e 3.
http://www.youtube.com/ watch?v=NQ-K8QSStOo
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
http://www.youtube.com/
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
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