Mostrando postagens com marcador manoel de barros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador manoel de barros. Mostrar todas as postagens

domingo, 6 de novembro de 2011

Manoel de Barros - Fragmentos

Manoel de Barros - Fragmentos




Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.

Tudo que não invento é falso.

Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.

Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.

Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.

A inércia é o meu ato principal.

Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.

O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.

A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.

Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.

Por pudor sou impuro.

Não preciso do fim para chegar.

De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.

Do lugar onde estou já fui embora. "

MANOEL DE BARROS

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Manoel de Barros

(…) E, aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.



Manoel de Barros (ft.2011)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Glossário de transnominações em que não se explicam algumas delas (nenhumas) ou menos ARRANJOS PARA ASSOBIO - MANOEL DE BARROS

Árvore, s.f.
Gente que despetala
Possessão de insetos
Aquilo que ensina de chão
Diz-se de alguém com resina e falenas
Algumas pessoas em quem o desejo
é capaz de irromper sobre o lábio
como se fosse a raiz de seu canto.

Boca, s.f.
Brasa verdejante que se usa em música
Lugar de um arroio haver sol
Espécie de orvalho cor de morango
Ave-nêspera!
Pequena abertura para o deserto.

Glossário de transnominações
em que não se explicam algumas delas (nenhumas) ou menos
ARRANJOS PARA ASSOBIO - MANOEL DE BARROS

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Manoel de Barros


Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a belez
a das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática
.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Manoel de Barros

Para entender nós temos dois caminhos:
[o da sensibilidade que é o entendimento
do corpo;
e o da inteligência que é o entendimento
do espírito.
Eu escrevo com o corpo.
Poesia não é para compreender,
[mas para incorporar.
Entender é parede; procure ser árvore
.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Manoel de Barros - Paul Klee - Solyaris Trailer

O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: EU ESCUTO A COR DOS PASSARINHOS.Manoel de Barros 


landscape with yellow birds - paul klee



Solyaris Trailer 

http://www.youtube.com/watch?v=Z08DbcV3vXY&feature=share


terça-feira, 12 de abril de 2011

Manoel de Barros - Fragmentos de canções e poemas 4.

"Que rosa esplendente é o amor!
Que maravilha adorar!

Tenho certeza que ando perdida
E que o Senhor me perdoará.

Que fazer com o rosto de amora
No instante dele chegar?

Meus olhos negros de sonhos
Minha boca de beijar?

(No campo as flores dormem
Banhadas em luz de luar...)

Meu corpo pra que me serve
Senão pra desabrochar
Entre as colinas noturnas
Na hora dele chegar?"

Manoel de Barros - Fragmentos de canções e poemas 4.


Janela - Fotografia - Leonora Fink

Manoel de Barros

‎- do lugar onde estou já fui embora.

Manoel de Barros

Manoel de Barros

‎- não preciso do fim para chegar.
Manoel de Barros