sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Hilda Hilst

Estou sozinha se penso que tu existes.

Não tenho dados de ti, nem tenho tua vizinhança.

E igualmente sozinha se tu não existes.

De que me adiantam

Poemas ou narrativas buscando

Aquilo, que se não é, não existe

Ou se existe, então se esconde

Em sumidouros e cimos, nomenclaturas

Naquelas não evidências

Da matemática pura? É preciso conhecer

Com precisão para amar? Não te conheço.

Só sei que me desmereço se não sangro.

Só sei que fico afastada

De uns fios de conhecimento, se não tento.

Estou sozinha, meu Deus, se te penso. 


Hilda Hilst

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