sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Orlando Costa Filho - Seu vale encantado

Seu vale encantado

Meu coração é cortado por um rio
fluindo calmamente enquanto balbucia
aos ouvidos da tarde primaveril.
Preâmbulo da noite que asfixia

toda palavra que pretendo lhe dizer
nas liras que escreverei a cada dia
em não tão longínqua e mui bela estância,
onde ventos batem asas de alegria.

Contudo, somente sinto o chão tremer
durante a longa espera que de mim judia,
louco estou, abrir caminho com a espada
no seu vale encantado, é o que me anuncia

a canção que colho no jardim musical
dos seus olhos. Sonatas, noturnos, elegias
a dissolver nossos sentidos nos braços
da madrugada que brinca suas luzes e é tardia.

Meu coração é cortado por um rio
sereno, cristalino, aguarda esse dia,
sob pena de erodir suas margens
revolto, se o sonho que se me prenuncia

desviar sua rota, nossa prosa, nossa história
perderem-se no cipoal da coxia.
Não, nem pensar! A fé move as montanhas
por onde ecoarão os gritos de gozo e lascívia!

Orlando Costa Filho




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