segunda-feira, 30 de abril de 2012

António Ramos Rosa

Um ofício que fosse de intensidade e calma 
e de um fulgor feliz E que durasse 
com a densidade ardente e contemporâneo 
de quem está no elemento aceso e é a estatura 
da água num corpo de alegria E que fosse fundo 
o fervor de ser a metamorfose da matéria 
que já não se separa da incessante busca 
que se identifica com a concavidade originária 
que nos faz andar e estar de pé 
expostos sempre à única face do mundo
Que a palavra fosse sempre a travessia
de um espaço em que ela própria fosse aérea
do outro lado de nós e do outro lado de cá
tão idêntica a si que unisse o dizer e o ser
e já sem distância e não-distância nada a separasse
desse rosto que na travessia é o rosto do ar e de nós próprios

António Ramos Rosa

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