segunda-feira, 28 de abril de 2014

Seminário 2008

26/09/2006 14h53min

Programação do VI Seminário Moda, Performance e Espetáculo

19 de outubro
Onde: Auditório 3
Das 8h30 às 9 horas - Recepção do evento

Às 9 horas – Abertura Profa. Dra. Maria Lucia Bueno
Coordenadora do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac
Profa. Dra. Anamélia Bueno Buoro
Coordenadora da linha de pesquisa Arte, Corpo e Indumentária do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac

Das 9h30 às 12 horas - Mesa 1

Moda e performance
A performance como área de interfaces - moda e comportamento
Prof. Dr. Lucio Agra, professor, pesquisador, performer e poeta. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor da graduação em Comunicação e Artes do Corpo da PUC-SP e da pós-graduação de Criação de Imagem e Som em Meios Eletrônicos e Design Gráfico do Centro Universitário Senac. Membro do Grupo de Pesquisa em Estética, Design e Comunicação do Senac e líder do Grupo de Estudos da Performance da PUC-SP. 
O potencial performático na moda
Profa. Dra. Rosangela Leote, artista multimídia e performer. Doutora em Ciências da Comunicação pela USP, integrante do grupo SCIArts-Equipe Interdisciplinar (Prêmio Sergio Motta 2000 e 2005) e Coordenadora do Curso de Comunicação e Multimeios da PUC-SP.
Auto-retrato, o corpo desmaterializado
Fernando Velázquez, artista multimídia. Participou do FILE - Festival Internacional de Imagem Eletrônica, Bits Flexíveis no MIS, entre outras exposições. Mestrando do programa de pós-graduação em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
O imaginário na indumentária: processo de criação do figurino nas artes performáticas
Ozenir Ancelmo, professora, artista plástica, modelista e figurinista. Formada em Moulage pela École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisiènne e Modelagem pela Esmod de Paris. Mestranda em Artes pelo Instituto de Artes da Unicamp. Professora do curso de bacharelado em Design de Moda do Centro Universitário Senac.
Performance: marketing cenográfico ou processo intrínseco à criação de moda? 
Karlla Girotto, estilista.  Graduada em Moda pela Faculdade Santa Marcelina. Expôs na Galeria Vermelho, MAM/RJ, Pinacoteca de São Paulo, Galeria do Sesc Paulista, Galeria Designwork / Semana do Design de Munique.
Mediação:Profa. Dra. Lucia Leão. Professora e pesquisadora do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
Das 14h30 h às 17 horas - Mesa 2

Moda – corpo tecnológico
Computadores vestíveis e espacialidades híbridas: entre o tangível e o visível, entre o local e o remotoProfa. Dra. Luisa Paraguai, mestre e doutora pelo Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. Docente da Uniso. Pesquisa as transformações na percepção e experimentação do corpo e do espaço mediados pela computação pervasiva.
As representações do corpo nos ambientes virtuais: dos corpos maquínicos à hiper beldades
Prof. Dr.Roger Tavares, professor e pesquisador do curso de bacharelado em Mídias Interativas do Centro Universitário Senac. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mantém o website gamecultura.com.br, a maior comunidade independente de games no Brasil. Participa da rede brasileira de jogos e educação.
Corpos orgânicos / corpos virtuais – materialidades de opostas densidades
Profa. Dra. Beatriz Ferreira Pires, arquiteta, artista plástica. Mestre em Artes pelo Instituto de Artes e Doutora em Educação pela Unicamp. Autora do livro O corpo como suporte da arte – piercing, implante, escarificação, tatuagem.
Localize-se. Posicione-se
Leonora Fink, artista e designer de multimídia. Mestranda do programa de pós-graduação em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac. Desenvolve pesquisa sobre computadores vestíveis. Participou de exposições de arte e tecnologia, entre as que se destacam o FILE - Festival Internacional de Imagem Eletrônica.

Arte e corpos nômades Profa. Dra. Lucia Leão, professora, pesquisadora e artista interdisciplinar. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Pós-doutora em Artes pela Unicamp. Professora do Mestrado em Moda, Cultura e Arte e da PUC-SP. Autora de vários livros, entre eles A estética do labirinto.
Mediação: Prof. Dr. Ernesto Giovanni Boccara, professor e pesquisador do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac
Dia 20 de outubro:
Das 9h30 às 12 horas - Mesa 3
Moda e arte

Moda e arte: Experiência no. 3 e Parangoles

Profa. Dra. Cacilda Teixeira da Costa, professora e pesquisadora. Doutora em Artes pela USP. Especializou-se em arte moderna e contemporânea no Brasil, concentrando suas atividades em pesquisa, curadoria, edição de livros e consultoria para programas de televisão. Prêmio Jabuti 1995, pelo livro O sonho e a técnica: arquitetura de ferro no Brasil.
Desfile e performance arte: esgarçamento de limites ou luta interna nos campos da moda e da arte?
Christiana Moraes, artista plástica e arte educadora. Graduada em Artes Plásticas pela USP. Mestranda do programa de pós-graduação em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac. Especialista em Performance pela School of the Art Institute of Chicago. Realizou diversas exposições e performances.
(O)culto do corpo: do corpo máquina à máquina pensante
Profa. Dra. Fernanda Carlos Borges, atriz e filósofa. Mestre em Ciências da Motricidade e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professora da FAAP. Autora do livro A filosofia do jeito, um modo brasileiro de pensar com o corpo.
O corpo na moda o corpo na performance
Profa. Dra. Helena Katz, professora dos cursos de Comunicação e Semiótica e Artes do Corpo da PUC-SP. Coordena o Centro de Estudos do Corpo (CEC). Publicou Um, dois, três.A dança é o pensamento do corpo, entre outros.
Estesias do corpo e da moda: entre o sentido sentido e as reverberações do si mesmo, encontros significantes
Profa. Dra. Ana Claudia Mei de Oliveira, professora da pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, no eixo teórico da Semiótica Discursiva. Publicou os livros Vitrinas, acidentes estéticos na cotidianidade e Semiótica plástica, entre outros.
Mediação:
Profa. Dra. Anamélia Bueno Buoro, professora e pesquisadora do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
Das 14h30 às 17h - Mesa 4

Moda e espetáculo
Entre a veste e o nu: aspectos da poética de Orlan
Profa. Dra. Regina Johas, mestre e Doutora em Artes Plásticas pela USP. Pós-graduada em História da Arte pelo Kunsthistorisches Institut der Universität zu Köln em Colônia, Alemanha. Professora da Unicamp e da FAAP.
Figurino, corpo e movimento: processos de criação em dança contemporânea
Juliana Moraes, graduada em Dança pela Unicamp.  Mestre e especialista pelo Laban Centre for Movement and Dance, em Londres. Criadora e intérprete das peças Querida Sra. M (Prêmio APCA), Dois Sopros, Corpos Partidos, 3 Tempos e 2 e ½ . Professora da Faculdade Belas Artes de São Paulo.
Moda impossível ou o desfile performático
Joana Imparato, graduada em Design de Moda pelo Centro Universitário Senac e em Dança pela Faculdade de Comunicação das Artes do Corpo da PUC-SP. Integrante do grupo de estudos teórico-prático Criação Artes do Departamento de Linguagens do Corpo da PUC-SP.
Moda e o processo criativo
Jefferson Kulig, estilista e artista plástico. Estudou com Marie Rucki no Studio Berçot de Paris. Dono da marca Jefferson Kulig, desfila suas coleções na São Paulo Fashion Week. Trabalha na fronteira entre moda e arte.
Mediação:
Profa. Dra. Agda Carvalho, professora e pesquisadora do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
Programação paralela
Dias 19 e 20 de outubro
Exposições

Curadoria:
 Profa. Dra. Agda Carvalho e prof. Dr. Ernesto Giovanni Boccara
Moda/Design/Arte
Projeto desenvolvido na disciplina Teorias e Princípios do Design do Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
Onde: foyer do Centro de Convenções
Coordenação da disciplina:
Profa. Dra. Agda Carvalho
Profa. Dra. Ernesto Giovanni Boccara
Criação: Cristiane Rose Cândido
Daniela Guedes de Oliveira Freire
Gustavo Matavelli
José Luís de Andrade
Rita Quintanilha
Rui Gonçalves de Souza
Vanessa Maria Silva e Souza Pavan
Winnie Maria Bastian

Tear - instalação multimídia
Projeto desenvolvido na disciplina Laboratório de Criação do Mestrado em
Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac
Coordenação: Profa. Dra. Agda Carvalho, Profa. Dra. Anamélia Bueno Buoro, Prof. Dr. Ernesto Giovanni Boccara
Criação: Leonora Fink, Fernando Velázquez, Jéssica Janetti, Enesoe Chan e
Daniel Basso Polezi

No_logo - auto-retrato - instalação interativa
Concepção e criação: Fernando Velázquez
Onde: sala multiuso do Centro de Convenções
Performances
Dia 19 de outubro
Às 12h15
(In)permanência...
Concepção e criação:
 Prof. José Luís de Andrade, professor, designer e consultor de Moda. Graduado em Design de Moda pelo Centro Universitário Senac. Mestrando do programa de pós-graduação em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac. Professor do bacharelado em Design de Moda do Centro Universitário Senac.
Local: foyer do Centro de Convenções

Às 14 horas
Vestis - uma experiência das territorialidades corpóreas
Concepção: Profa. Dra. Luisa Paraguai
Onde: foyer do Centro de Convenções
Dia 20 de outubro
Às 12h15
Saias para homens

Concepção e criação: Jéssica Janetti, designer de Moda. Mestranda do programa de pós-graduação em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac.
Onde: foyer do Centro de Convenções

Às 14 horas
Mixed - media

Concepção e criação: Joana Imparato
Onde: foyer do Centro de Convenções
Às 17h15
Corposcópio
Performance interativa com danças circulares

Lucia Leão – conceito e direção geral
Nacho Duran - desenvolvimento de software, edição de imagens em tempo
real (VJ)
Rodrigo Gontijo - edição de imagens em tempo real (VJ)
Fernando Velázquez – pesquisa tecnológica e desenvolvimento de sistema
Andrea Leoncini – projeto coreográfico de danças sagradas circulares
Andrea Soares - projeto coreográfico de danças circulares brasileiras e voz
Dudu Tsuda - criação musical
Gisele Fink – percussão e voz
Leonora Fink – produção
Onde: auditório 4 do Centro de Convenções



http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?tab=00002&newsID=a8921.htm&subTab=00000&uf=&local=&testeira=723&l=&template=&unit=

quarta-feira, 5 de março de 2014

My Girl - The Temptations

My Girl - The Temptations

https://www.youtube.com/watch?v=4P1x7Yy9CXI



I've got sunshine on a cloudy day.

When it's cold outside I've got the month of May.

I guess you'd say
What can make me feel this way?
My girl (my girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl (my girl).

I've got so much honey the bees envy me.
I've got a sweeter song than the birds in the trees.

Well, I guess you'd say
What can make me feel this way?
My girl (my girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl (my girl).

Hey hey hey
Hey hey hey
Ooooh.

I don't need no money, fortune or fame.
I've got all the riches, baby, one man can claim.

Well, I guess you'd say
What can make me feel this way?
My girl (my girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl (my girl).

I've got sunshine on a cloudy day
With my girl.
I've even got the month of May
With my girl
Talkin' 'bout
Talkin' 'bout
Talkin' 'bout
My girl
Ooooh
My girl
As long as I can talk about my girl...

Can't Take My Eyes off You - Frankie Valli and The 4 Seasons

Can't Take My Eyes off You - Frankie Valli and The 4 Seasons


https://www.youtube.com/watch?v=NGFToiLtXro


You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You feel like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The sight of you makes me weak
There are no words left to speak
But if you feel like I feel
Please let me know that it's real
You're just to good to be true
Can't take my eyes off you
I love you baby, and if it's quite alright
I need you baby to warm the lonely nights
I love you baby, trust in me when I say
Oh pretty baby, don't bring me down I pray
Oh pretty baby, now that I found you, stay
And let me love you baby, let me love you
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You feel like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
I love you baby, and if it's quite alright
I need you baby to warm the lonely nights
I love you baby, trust in me when I say
Oh pretty baby, don't bring me down I pray
Oh pretty baby, now that I found you, stay
And let me love you baby, let me love you.

terça-feira, 4 de março de 2014

PABLO NERUDA - No hay pura Luz

PABLO NERUDA - No hay pura Luz

NO hay pura luz
ni sombra en los recuerdos:
éstos se hicieron cárdena ceniza
o pavimento sucio
de calle atravesada por los pies de las gentes
que sin cesar salía y entraba en el mercado.

Y hay otros: los recuerdos buscando aún qué morder
como dientes de fiera no saciada.
Buscan, roen el hueso último devoran
este largo silencio de lo que quedó atrás.

Y todo quedó atrás, noche y aurora,
el día suspendido como un puente entre sombras,
las ciudades, los puertos del amor y el rencor,
como si al almacén la guerra hubiera entrado
llevándose una a una todas las mercancías
hasta que a los vacíos anaqueles
llegue el viento a través de las puertas deshechas
y haga bailar los ojos del olvido.

Por eso a fuego lento surge la luz del día,
el amor, el aroma de una niebla lejana
y calle a calle vuelve la ciudad sin banderas
a palpitar tal vez y a vivir en el humo.

Horas de ayer cruzadas por el hilo
de una vida como por una aguja sangrienta
entre las decisiones sin cesar derribadas,
el infinito golpe del mar y de la duda
y la palpitación del cielo y sus jazmines.

Quién soy Aquél? Aquel que no sabía
sonreír, y de puro enlutado moría?
Aquel que el cascabel y el clavel de la fiesta
sostuvo derrocando la cátedra del frío?

Es tarde, tarde. Y sigo. Sigo con un ejemplo
tras otro, sin saber cuál es la moraleja,
porque de tantas vidas que tuve estoy ausente
y soy, a la vez soy aquel hombre que fui.

Tal vez es éste el fin, la verdad misteriosa.

La vida, la continua sucesión de un vacío
que de día y de sombra llenaban esta copa
y el fulgor fue enterrado como un antiguo príncipe
en su propia mortaja de mineral enfermo,
hasta que tan tardíos ya somos, que no somos:
ser y no ser resultan ser la vida.

De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia.




Gritos e Sussurros - Ingmar Bergman - Filme Completo

Gritos e Sussurros - Filme Completo


http://www.youtube.com/watch?v=ZZSvUJtuy5s

Fernando Pessoa - O guardador de rebanhos

Fernando Pessoa - Alberto Caieiro - O guardador de rebanhos 



[213]


Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem

E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz

E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.

Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
..........................................................................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade

Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
.................................................................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
....................................................................................

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

Fernando Pessoa - Se Te Queres Matar

Fernando Pessoa - Se Te Queres Matar


http://www.youtube.com/watch?v=rMZBZGWMzV8

Se te Queres MatarSe te queres matar, por que não te queres matar? 
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
Se ousasse matar-me, também me mataria... 
Ah, se ousares, ousa! 
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas 
A que chamamos o mundo? 
A cinematografia das horas representadas 
Por atores de convenções e poses determinadas, 
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím? 
De que te serve o teu mundo interior que desconheces? 
Talvez, matando-te, o conheças finalmente... 
Talvez, acabando, comeces... 
E, de qualquer forma, se te cansa seres, 
Ah, cansa-te nobremente, 
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira, 
Não saúdes como eu a morte em literatura! 

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! 
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... 
Sem ti correrá tudo sem ti. 
Talvez seja pior para outros existires que matares-te... 
Talvez peses mais durando, que deixando de durar... 

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado 
De que te chorem? 
Descansa: pouco te chorarão... 
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco, 
Quando não são de coisas nossas, 
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte, 
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros... 

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda 
Do mistério e da falta da tua vida falada... 
Depois o horror do caixão visível e material, 
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali. 
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas, 
Lamentando a pena de teres morrido, 
E tu mera causa ocasional daquela carpidação, 
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas... 
Muito mais morto aqui que calculas, 
Mesmo que estejas muito mais vivo além... 
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova, 
E depois o princípio da morte da tua memória. 
Há primeiro em todos um alívio 
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido... 
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente, 
E a vida de todos os dias retoma o seu dia... 

Depois, lentamente esqueceste. 
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente: 
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste. 
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada. 
Duas vezes no ano pensam em ti. 
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram, 
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti. 

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos... 
Se queres matar-te, mata-te... 
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ... 
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida? 

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera 
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor? 

Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida? 
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem. 
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma? 

És importante para ti, porque é a ti que te sentes. 
És tudo para ti, porque para ti és o universo, 
E o próprio universo e os outros 
Satélites da tua subjetividade objetiva. 
És importante para ti porque só tu és importante para ti. 
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim? 

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? 
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, 
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial? 

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida? 
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente, 
Torna-te parte carnal da terra e das coisas! 
Dispersa-te, sistema físico-químico 
De células noturnamente conscientes 
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos, 
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências, 
Pela relva e a erva da proliferação dos seres, 
Pela névoa atômica das coisas, 
Pelas paredes turbihonantes 
Do vácuo dinâmico do mundo... 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

Hilda Hilst

"A vida foi isso de sentir o corpo, contorno, vísceras, respirar, ver, mas nunca compreender. Por isso é que me recusava muitas vezes. queria o fio lá de cima, o tenso que o OUTRO segura, o OUTRO, entendes?"

- Hilda Hilst, in "a obscena senhora D".

Stevie Wonder - My Cherie Amour

Stevie Wonder - My Cherie Amour


http://www.youtube.com/watch?v=b0Gu-CyE-NQ

La la la la la la, La la la la la la

My cherie amour, lovely as a summer day
My cherie amour, distant as the milky way
My cherie amour, pretty little one that I adore
You're the only girl my heart beats for
How I wish that you were mine

In a cafe or sometimes on a crowded street
I've been near you, but you never noticed me
My cherie amour, won't you tell me how could you ignore
That behind that little smile I wore
How I wish that you were mine

La la la la la la, La la la la la la
La la la la la la, La la la la la la

Maybe someday, you'll see my face among the crowd
Maybe someday, I'll share your little distant cloud
Oh, cherie amour, pretty little one that I adore
You're the only girl my heart beats for
How I wish that you were mine

La la la la la la, La la la la la la
La la la la la la, La la la la la la


SUNDAY - I'M GONNA GET MARRIED

SUNDAY - I'M GONNA GET MARRIED


http://www.youtube.com/watch?v=RCc8Esx7qIc

I'm Gonna Get Married 
Kind of love
Just a very special kind of love
Just a very special dream I know I've never lived before
'Til I fell in love with you

Now the leaves are turning apple green
Now my lonely nights are through

These magic moments We're wastin' baby
Let me tie some flowers in your hair
Makin' memories in a summer rainstorm
It's love It's love We only have love to share

I'm Gonna Get Married
And surrey down the aisle on wings of love

Kind of love
Just a very special kind of love

Now you give my heart a song to sing
Lyrics of the many splendored thing

You pass my chair Mess up my hair
All of these little things mean alot
Do I love you? You know I love you
This Merry-Go-Round of love will never stop

I'm Gonna Get Married
And surrey down the aisle on wings of love


segunda-feira, 3 de março de 2014

Manoel de Barros

"Sou uma mulher cheia de recantos.
Os desvãos me constam
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e Beethovens."


Manoel de Barros

Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa

Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=gWI1gs0dJYk


Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
(...)

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão 
E olha devagar para elas.

(...)

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

(...)

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam        Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)


Fernando Pessoa - Sonho Impossível

Fernando Pessoa - Sonho Impossível

http://www.youtube.com/watch?v=lDXtskH298k


Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário,
para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis.
(Fernando Pessoa)
Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão