O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.
William Shakespeare
domingo, 16 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
Dalai Lama
Creio que quando se está procurando construir um relacionamento verdadeiramente satisfatório, a melhor forma de concretizar isso consiste em conhecer a natureza profunda da pessoa e relacionar-se com ela nesse nível, em vez de meramente com base em características superficiais. E nesse tipo de relacionamento há espaço para a verdadeira compaixão. - Dalai Lama
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
MERCURY REV - CAR WASH HAIR
MERCURY REV - CAR WASH HAIR
http://www.youtube.com/watch?v=MVxAQLtpMBA&feature=related
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair [2x]
drillin' a hole with my soul
in the sand
diggin' for gold
for the hole [whore?], in the bed
catchin' a ride from a band
I sat in the back of the van
they tried to make me understand
'cause if I'm not in a band, don't mean I'm square
and if I am, well then I don't care
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair
number two has got me confused
hope I'll always be numbers one and three [2x]
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair [2x]
drillin' a hole with my soul
in the sand
diggin' for gold
for the ho, in the bed
catchin' a ride from a band
I sat in the back of the van
they tried to make me understand
that if I'm not in a band, doesn't mean I'm square
and if I am, well then I don't care
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair [2x]
you said, hell, well I don't care
if you run your hands through my car wash hair
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair
you said, hell, well I don't care
if you run your hands through my car wash hair
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair
you said, hell, well I don't care
if you run your hands through my car wash hair
wanna ask but I just stare
can I run my hands through your car wash hair
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Eu não existo sem você - Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Eu não existo sem você - Vinicius de Moraes e Tom Jobim
http://www.youtube.com/watch?v=FJjUvppRNcw&feature=share
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Cecília Meireles - Mensagem a um desconhecido
Mensagem a um desconhecido
Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.
Fevereiro, 1956
Cecília Meireles
Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.
Fevereiro, 1956
Cecília Meireles
domingo, 9 de setembro de 2012
CARTA DE AMOR - Maria Bethânia
CARTA DE AMOR - Maria Bethânia
http://www.youtube.com/watch?v=WqYDUcv0HAM&sns=fb
não mexe comigo.
não mexe comigo, que eu não ando só.
eu não ando só.
não mexe, não.
eu tenho zumbi dos palmares, tenho besouro (lenda da capoeira), o chefe dos tupis.
sou tupinambá.
tenho os erês, caboclo-boiadeiro, mãos-de-cura, morubixabas, cocares, arco-íris, zarabatanas, curare, flechas & altares.
tenho a velocidade da luz, o escuro da mata escura, o breu, o silêncio, a espera.
(o tempo sempre a meu favor.)
todos os pajés em minha companhia.
o menino deus brinca & dorme nos meus sonhos, o poeta (português) me contou.
não misturo. não me dobro.
rainha do mar anda de mãos dadas comigo. me ensina o baile das ondas & canta canta canta para mim.
é do ouro de oxum que é feita a armadura que guarda o meu corpo, garante meu sangue, minha garganta. o veneno do mal não acha passagem.
me sumo no vento. cavalgo no raio de iansã. giro o mundo. viro, reviro. vôo entre as estrelas.
vou além. me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas, durmo na forja de ogum guerreiro.
rezo com as três marias no céu.
mergulho no calor da lava dos vulcões: corpo vivo de xangô.
não ando no breu nem ando na treva.
medo não me alcança.
no deserto (sozinho, apenas comigo mesmo) me acho.
faço cobra morder o rabo. faço escorpião virar pirilampo.
fulminar aquele que é injusto, aquele que maltrata, aquele que transforma a vida nas mazelas a que assistimos no dia-a-dia:
tu, pessoa nefasta!
(eu não provo do seu fel, eu não piso o seu chão, e para onde você for, pessoa nefasta, não leva meu nome, não.)
onde vai, “valente”?…
você, pessoa nefasta, secou. seus olhos insones secaram. seus olhos não vêem brotar a relva que cresce livre & verde, longe da sua cegueira. seus ouvidos se fecharam a qualquer som. o próprio umbigo é a única coisa que interessa.
tu, pessoa nefasta, estás tão mirrada, que nem o diabo te ambiciona: não tens alma. tu, pessoa nefasta, pessoa que corrompe a vida, pessoa que coloca na boca dos seus semelhantes o gosto de terra & sangue, és o oco do oco do oco do “sem fim” do mundo. um nada.
(o que é teu, pessoa nefasta, já está guardado. não sou eu quem vou te dar. é a vida & sua reviravolta ante tantos maus tratos propagados por ti. trata-se da lei da ação & re-ação.)
eu posso engolir você, pessoa nefasta, só para cuspir depois.
minha fome é matéria que você não alcança: desde o leite do peito de minha mãe, mulher sempre linda & benvinda, até o sem fim dos versos versos versos que brotam no poeta, versos versos versos que brotam em toda poesia.
se choro, e quando choro & minha lágrima cai, é para regar o capim que alimenta a vida. chorando, eu refaço as nascentes que você, pessoa nefasta, secou.
se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal & sortilégio.
vivo de cara para o vento. na chuva. e quero me molhar.
sou como a haste fina: qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.
não mexe comigo.
não mexe comigo, que eu não ando só.
eu não ando só.
não mexe, não.
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Antonio Carlos Jobim - Amor Em Paz
Antonio Carlos Jobim - Amor Em Paz
http://www.youtube.com/watch?v=Esjk7SoVsGw
Mahatma. 2011. Fotografia ©leonorafink |
Amor e Mar - Cesaria Évora
Amor e Mar Cesaria Evora
Amor é mister
Sima mar di mund inter
Si raso é paixao
Si fundo amizade
Amor é mister
Sima mar di mund inter
Si raso é paixao
Si fundo amizade
Ora bom pa mergudjâ
Ora bom sô pa boiâ
Pa manha podê tem lembrança
Amor sima mar
Tem dia sim, tem dia nao:
Si vento ca soprâ
Bonança, mansidão
Si fazê um viração
Guida bem di coração
Pa manha podé tem lembrança
Si na mar tem spin
També tem planta
Qui ta da flor
Tudo cor
Amor podé firí
Amor també podé florí
Rotcha di mar
Ta dá praia di amor
Pa manha podé tem lembrança
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Amor e Mar_Cesaria Evora
Ora bom sô pa boiâ
Pa manha podê tem lembrança
Amor sima mar
Tem dia sim, tem dia nao:
Si vento ca soprâ
Bonança, mansidão
Si fazê um viração
Guida bem di coração
Pa manha podé tem lembrança
Si na mar tem spin
També tem planta
Qui ta da flor
Tudo cor
Amor podé firí
Amor també podé florí
Rotcha di mar
Ta dá praia di amor
Pa manha podé tem lembrança
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Amor e Mar_Cesaria Evora
terça-feira, 4 de setembro de 2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Cesário Verde
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redação, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras exceções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingênuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convêm, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exatos,
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe umedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Cesário Verde
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redação, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras exceções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingênuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convêm, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exatos,
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe umedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Cesário Verde
Erico Verissimo
Se me pedissem para sugerir um símbolo gráfico para a idéia de Tempo, eu indicaria sem hesitação a imagem duma oliveira. Por quê? Talvez por causa de suas conotações bíblicas, pelo aspecto sofrido de seus troncos e galhos e por tudo quanto o óleo que o fruto dessa árvore produz tem a ver com a vida e a morte: o óleo do batismo, o óleo da extrema-unção, enfim, o óleo que mantém acesas as lâmpadas, não só a dos templos, mas todas as lâmpadas do mundo que iluminam a noite dos homens.
Erico Verissimo, em Solo de Clarineta, 1975, p. 202.
Erico Verissimo, em Solo de Clarineta, 1975, p. 202.
domingo, 2 de setembro de 2012
António Ramos Rosa
Por vezes cada objecto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
...como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
António Ramos Rosa
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
António Ramos Rosa
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