terça-feira, 14 de junho de 2011

Amor - Leonora Fink

Suspenso feito um lençol sobre bambus, quase extinto, até a brisa assoprá-lo em movimentos de voos e chamas. Leonora Fink




Fotografia Leonora Fink

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Milton Nascimento - Caçador de Mim


Milton Nascimento - Caçador de Mim
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Amor- Leonora Fink

Suspenso feito um lençol sobre bambus, quase extinto, até a brisa assoprá-lo em movimentos de voos e chamas. Leonora Fink

terça-feira, 7 de junho de 2011

José Miguel Wisnik - Bambino

José Miguel Wisnik - Bambino

E se o ferro ferir
E se a dor perfumar
Um pé de manacá
Que eu sei existir
Em algum lugar
E se eu te machucar
Sem querer atingir
E também magoar
O seio mais lindo que há
E se a brisa soprar
E se ventar a favor
E se o fogo pegar
Quem vai se queimar
De gozo e de dor
E se for pra chorar
E se for ou não for
Vou contigo dançar
E sempre te amar amor
E se o mundo cair
E se o céu despencar
Se rolar vendaval
Temporal carnaval
E se as águas correrem
Pro bem e pro mal
Quando o sol ressurgir
Quando o dia raiar
É menino e menina
Bambino, bambina
Pra quem tem que dar
No final do final
E se a noite pedir
E se a chama apagar
E se tudo dormir
O escuro cobrir
Ninguém mais ficar
Se for pra chorar
E uma rosa se abrir
Pirilampo luzir
Brilhar e sumir no ar
Se tudo falir
O mar acabar
E se eu nunca pagar
O quanto pedi
Pra você me dar
E se a sorte sorrir
O infinito deixar
Vou seguindo seguir
E quero teus lábios beijar

José Miguel Wisnik

Theola Kilgore - The Love of My Man

Theola Kilgore - The Love of My Man


The love of my man
Keeps me safe and warm
The love of my man protects me from all harm
'Cause I know-ow that he loves me
And I know that I,I,I,I,I, I love him

And I,I, I love-a, love-a, love-a my man
Makes my whole li-ife worth living
All the love, the love of my man
Makes me feel just like giving
It all, when his lips
When his lips are on mine
Give me a feeling that's so divine, oh yeah

When he goes away
I'm never, no, no, no
I'm never lonely
Oh, 'cause I know that he thinks of me only
And no matter, no matter
What my friends may say
I'll keep on lovin him any way
Ohhh, yes I will

(The love of my man)
Oh, the love of my man
Oh, early in the morning and late at night
I love to talk about the love of my man
Yeah-ah, the love of my man
His precious love

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Zap Mama - Bandy Bandy

Zap Mama - Bandy Bandy


Like bandy bandy
wave ya body like bandy bandy yeah
Ooh
Like bandy bandy
wave ya body like bandy bandy yeah

When the day gets too long
when its so right now feel so wrong
Listen to what i say
See if you dont agree
Theres something i learned long ago
Down where the blu waters flow
Something people do to et their spirits free



In the morning time
in the afternoon
in the cool evening breeze


Like bandy bandy wave ya body
like bandy bandy yeah
ooh
like bandy bandy wave ya body like bandy bandy yeah
ooh

Any time of the day
wave
Any place
wave
if u feelin down
wave-move ya body like a bendy snake

if u feel the day
wave
anyplace that u happen to be
wave
if u feelin low
wave
just do what u need


int he morning time
in the afternoon
in the cool evening breeze

(2x)like bandy bandy
wave ya body
like bandy bandy yeah
ooh

(2x)Take the time
fill the day
fill the light
fill the day
fill the night take a breath
fill yourself full of light
shine(shine)
until u feel your soul away


http://www.vagalume.com.br/zap-mama/bandy-bandy.html#ixzz1OYNUmydi

Tabacaria - Álvaro de Campos

TABACARIA 

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

‎(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)



Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.



Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928 


sábado, 4 de junho de 2011

Tom Waits - You Can Never Hold Back Spring

Tom Waits - You Can Never Hold Back Spring


You can never hold back spring
You can be sure that I will never
Stop believing
The blushing rose will climb
Spring ahead or fall behind
Winter dreams the same dream
Every time

You can never hold back spring
Even though you've lost your way
The world keeps dreaming of spring

So close your eyes
Open you heart
To the one who's dreaming of you
You can never hold back spring
Baby

Remember everything that spring
Can bring
You can never hold back spring

Paul Weller - The Loved

The Loved

Paul Weller

Everyone thinks it's fine
Making cash, coasting time
Everyone thinks it's fair
To be almost free - to be almost there
But not really aware
Anyone can cry
So wipe away those phoney tears in your eyes
Don't come 'round here
Expecting votes
See who charts the course on a sinking boat
And whatever you give
Listen - you give to give
But humanities so weak - if it can it would give
The loved of the loved
There's a man down there
And it should be clear
I thought we knew
And believed in it too
Anyone can see why
So wipe away the phoney tears you cry
An' don't come 'round here
Expecting votes
See who charts the course on a sinking boat
And whatever you give
Listen - you give to give
But humanities so weak - if it can it would give
The loved of the loved

Paul Weller - Brand New Start

Paul Weller - Brand New Start


I'm gonna clear out my head


I'm gonna get myself straight

I know it's never too late

To make a brand new start





I'm gonna kick down the door

I'm gonna get myself in

I'm gonna fix up the yard

And not fall back again





I'm gonna CLEAN up my earth

And build a heaven ON the ground

Not something distant or unfound

But something real to me

But something real to me





All that I can I can be

All that I am I CAN see

All that is mine is in my hands

So to myself I call





There's somewhere else I should be

There's someone else I CAN see

There's something more I can find

IT'S ONLY UP TO ME





I'm gonna clean up my earth

And build a heaven ON the ground

Not something distant on a cloud

But something real to me

But something real to me





I'm gonna clear out my head

I'm gonna get myself straight

I KNOW it's never too late

To make a brand new start

To make a brand new start

To make a brand new start

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Florbela Espanca - Fanatismo

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de tever!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros

Florbela Espanca

Fernando Pessoa

‎"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."


Fernando Pessoa

BILLIE HOLIDAY - TENDERLY by WALTER GROSS and JACK LAWRENCE

BILLIE HOLIDAY - TENDERLY by WALTER GROSS and JACK LAWRENCE

The evening breeze caressed the trees tenderly
The trembling trees embraced the breeze tenderly
Then you and I came wandering by
And lost in a sigh were we
The shore was kissed by sea and mist tenderly
I can't forget how two hearts met breathlessly
Your arms opened wide and closed me inside
You took my lips, you took my love so tenderly