segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O SUICIDADO PELA SOCIEDADE - ANTONIN ARTAUD


Os corvos pintados por ele, dois dias antes da sua morte, não lhe abriram as portas de certa glória póstuma, como tampouco o fizeram suas demais telas, mas abrem para a pintura pintada, ou melhor, para a natureza não-pintada, a porta oculta de um mais-além possível, de uma permanente realidade possível através da porta aberta por van Gogh para um enigmático e sinistro mais-além.
Não é comum ver um homem, com o balaço que o matou já no seu ventre, povoar uma tela de corvos negros sobre uma espécie de campo talvez lívido, em
todo caso vazio, no qual a cor de borra de vinho da terra se confronta violentamente com o amarelo sujo do trigo.
Mas nenhum outro pintor além de van Gogh teria achado, como ele o fez para pintar seus corvos, esse negro de trufa, esse negro de ?banquete faustoso? e, ao mesmo, tempo, como que excremencial das asas dos corvos surpreendidos pelo resplendor declinante do crepúsculo.
E do que se queixa a terra sob as asas dos faustosos corvos, sem dúvida faustosos só para van Gogh, suntuosos augúrios de um mal que já não o afetará?
Pois ninguém, até então, havia conseguido converter a terra nesse trapo sujo empapado de vinho e sangue.
O céu do quadro é muito baixo, aplastrado,
violáceo como as margens do raio.
A insólita franja tenebrosa do vazio que se ergue atrás do relâmpago.
Van Gogh soltou seus corvos, como se fossem os micróbios negros do seu baço de suicida, a poucos centímetros do alto e como se viessem por baíxo da tela,
seguindo o negro talho da linha onde o bater da sua soberba plumagem acrescenta ao turbilhão da tormenta terrestre as ameaças de uma sufocação vinda do alto.
E contudo o quadro é soberbo.
Soberbo, suntuoso e sereno quadro.
Digno acompanhamento para a morte daquele que em vida fez girarem tantos sóis ébrios sobre tantos montões de feno rebeldes e que, desesperado, com um balaço no ventre, não poderia deixar de inundar com sangue e vinho uma paisagem, empapando a terra com uma última emulsão, radiante e tenebrosa, com sabor de vinho azedo e vinagre talhado.
Pois esse é o tom da última tela pintada por van Gogh, que nunca ultrapassou os limites da pintura e evoca os acordes bárbaros e abruptos do mais patético, passional e apaixonado drama isabelino.
É isso o que mais me surpreende em van Gogh, o mais pintor de todos os pintores e aquele que, sem afastar-se do que chamamos de pintura, sem sair dos limites do tubo, do pincel, do enquadramento do tema e da tela, sem recorrer à anedota, ao relato, ao drama, à profusa ação de imagens, à beleza intrínseca do assunto, conseguiu imbuir a natureza e os objetos de tamanha paixão que qualquer conto fabuloso de Edgar Poe, Herman Melville, Nathanael Haworthone, Gérard de Nerval, Achim von Arnim ou Hoffmann em nada superam, no plano psicológico e dramático, suas modestas telas,
telas que, por outro lado, são quase todas de reduzidas dimensões, como se respondessem a um propósito deliberado.
Uma lamparina sobre uma cadeira, um sofá de palha verde trançada,
um livro no sofá
e está revelado o drama.
Quem vai entrar?
Será Gaughin ou algum outro fantasma?
A lamparina acesa sobre a cadeira de palha verde indica, ao que parece, a linha de demarcação luminosa que separa as duas individualidades antagônicas de van Gogh e Gaughin.
Relatado, o motivo estético da sua divergência talvez não ofereça um grande interesse, mas serve para indicar a profunda divisão humana entre os temperamentos de van Gogh e Gauguin.
Penso que Gauguin achava que o artista deveria buscar o símbolo, o mito, ampliar as coisas da vida até o mito,
enquanto van Gogh achava que é preciso deduzir o mito das coisas mais modestas da vida.
De minha parte, penso que tinha absoluta razão.
Pois a realidade é tremendamente superior a qualquer história, a qualquer fábula, a qualquer divindade, a qualquer super-realidade.
Basta ter o gênio para saber interpretá-la.
O que nenhum pintor havia feito antes do pobre van Gogh,
o que nenhum pintor voltará a fazer depois dele,
pois acredito que desta vez,
hoje mesmo,
agora,
neste mês de fevereiro de 1947,
é a própria realidade,
o mito da própria realidade, da própria realidade mítica, que
está se encamando.
Assim, depois de van Gogh ninguém mais soube mover o grande címbalo, o acorde sobre-humano, perpetuamente sobre-humano pelo qual ressoam os objetos da vida real
quando se sabe aguçar suficientemente os ouvidos para escutar as ondas da sua maré crescente.
Assim ressoa a luz da lamparina, a luz da lamparina acesa sobre a cadeira de palha verde ressoa como a respiração de um corpo amante na presença de um corpo de enfermo adormecido.
Soa como uma estranha critica, um julgamento profundo e surpreendente cuja sentença van Gogh pode nos deixar adivinhar mais tarde, bem mais tarde, no dia em que a luz violeta da cadeira de palha tiver acabado de submergir o quadro.
E não se pode deixar de reparar nessa incisão de luz arroteada que morde as barras da grande cadeira turva, do velho sofá cambaio de palha verde, embora não seja percebida à primeira vista.
Pois o foco de luz está dirigido para outro lugar e sua fonte é estranhamente obscura, como um segredo do qual só van Gogh tivesse conservado a chave.
E se van Gogh não tivesse morrido com trinta e sete anos? Não chamo a Grande Carpideira para me dizer com quantas supremas obras-primas a pintura teria se enriquecido,
pois não consigo acreditar que depois dos Corvos van Gogh
viesse a pintar mais alguma coisa.
Penso que ele morreu com trinta e sete anos porque já havia, desgraçadamente, chegado ao término da sua fúnebre e revoltante história de indivíduo sufocado por um espírito maléfico.
Pois não foi por sua própria causa, por causa da doença da sua própria loucura, que van Gogh abandonou a vida.
Foi sob a pressão do espírito maléfico que, dois dias antes da sua morre, passou a chamar-se doutor Gachet, psiquiatra improvisado e causa direta, eficiente e suficiente da sua morte.
Quando releio as canas de van Gogh para seu irmão, convenço-me firmemente que o doutor Gachet, ?psiquiatra?, na verdade detestava van Gogh, pintor; e que o detestava como pintor e acima de tudo como gênio.
É quase impossível sr ao mesmo tempo médico e uma pessoa honesta, mas é escandalosamente impossível ser psiquiatra sem estar ao mesmo tempo marcado pela mais indiscutível loucura: a de ser incapaz de resistir ao velho reflexo atávico da multidão que converte qualquer homem da ciência aprisionado na turba numa espécie de inimigo nato e inato de todo gênio.
A medicina nasceu do mal, se é que não nasceu da doença e não provocou, pelo contrário, a doença para assim ter uma razão de ser; mas a psiquiatria nasceu da multidão vulgar de pessoas que quiseram preservar o mal como fonte da doença e que assim produziram do seu próprio nada uma espécie de Guarda Suíça para extirpar na raiz o espírito de rebelião reivindicatória que está na origem do gênio.
Em todo demente há um gênio incompreendido cujas idéias, brilhando na sua cabeça, apavoram as pessoas e que só no delírio consegue encontrar uma saída para o cerceamento que a vida lhe preparou.
O doutor Gachet não chegou a dizer a van Gogh que estava ali para endireitar sua pintura (como ouvi o doutor Gaston Ferdiére, médico-chefe do manicômio de Rodez, dizer que estava ali para endireitar minha poesia), porém mandava-o pintar a natureza, sepultar-se na paisagem pra evitar a tortura de pensar.
No entanto, assim que van Gogh voltava as costas, o doutor Gachet lhe fechava o interruptor do pensamento.
Como quem não quer nada, mas com esse franzir a cara aparentemente inocente e depreciativo no qual todo o inconsciente burguês da terra inscreveu a antiga força mágica de um pensamento cem vezes reprimido.
Fazendo assim, o doutor Gachet não só proibia os malefícios do problema,
mas também a inseminação sulfurosa,
o tormento da punção que gira na garganta da única passagem
com a qual van Gogh
tetanizado,
van Gogh suspenso sobre o abismo da respiração,
pintava.
Pois van Gogh era uma sensibilidade terrível.
Para convencer-se basta dar uma olhada no seu rosto, sempre ofegante e, sob alguns aspectos, também um enfeitiçador rosto de açougueiro.
Como o de um antigo açougueiro, agora tranqüilo e aposentado dos negócios, este rosto em sombras me persegue.
Van Gogh se auto-retratou em várias telas que, por melhor iluminadas que estivessem, sempre me deram a penosa impressão de que havia uma mentira ao redor da luz, que haviam retirado de van Gogh uma luz indispensável para abrir e franquear seu caminho dentro de si.
E esse caminho, certamente, não era o doutor Gachet o mais capacitado para indicá-lo.
Pois, como já disse, em todo psiquiatra vivente há um sórdido e repugnante atavismo que lhe faz ver em todo artista e todo gênio à sua frente um inimigo.
E sei que o doutor Gachet deixou para a história, com relação a van Gogh, atendido por ele e que terminou por suicidar-se na sua casa, a impressão de ter sido seu último amigo na terra, uma espécie de consolador providencial.
No entanto, estou cada vez mais convencido que é ao doutor Gachet de Auvers-sur-Oise que van Gogh ficou devendo aquele dia, o dia em que se suicidou em Auvers-sur-Oise;
ficou devendo, repito, ter deixado a vida,
pois van Gogh era uma dessas naturezas dotadas de lucidez superior, o que lhes permite, em qualquer circunstância, ver mais além, infinita e perigosamente mais além que o real imediato e aparente dos fatos.
Quero dizer mais além da consciência que a consciência habitualmente guarda dos fatos.
No fundo desses seus olhos sem pestanas de açougueiro, van Gogh dedicava-se incansavelmente a uma dessas operações de alquimia sombria que tomam a natureza como objeto e o corpo humano como vasilhame ou crisol.
E sei que o doutor Gachet sempre achou que isso cansava van Gogh.
O que no doutor não era o resultado de uma simples preocupação médica,
mas a manifestação de uma inveja tão consciente quanto inconfessada.
Pois van Gogh tinha chegado a esse estágio de iluminismo no qual o pensamento em desordem reflui diante das descargas invasoras da matéria
e no qual pensar já não é consumir-se
e nem sequer é
e no qual nada mais resta senão juntar pedaços do corpo, ou seja
ACUMULAR CORPOS
Já não é mais o mundo do astral, é o mundo da criação direta que é recuperado desse modo, mais além da consciência e do cérebro.
E nunca vi um corpo sem cérebro fatigar-se por causa de telas inertes.
Suportes do inerte - essas pontes, esses girassóis, esses teixos, esses olivais, essas pilhas de feno. já não se movem.
Estão congelados.
Porém, quem poderia sonhá-los mais duros sob o traço seco que põe a descoberto seu impenetrável estremecimento?
Não, doutor Gachet, uma tela nunca fatigou ninguém. São as forças de um louco em repouso, não transtornado.
Eu também estou como o pobre van Gogh: parei de pensar, mas a cada dia dirijo mais de perto formidáveis ebulições internas e gostaria de ver algum terapeuta qualquer vir repreender-me porque me fatigo.
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No momento de escrever essas linhas vejo o rosto vermelho ensangüentado do pintor vir na minha direção, numa muralha de girassóis eviscerados,
numa formidável combustão de fagulhas de jacinto opaco e relvas de lápis-lázuli.
Tudo isso no meio de qualquer coisa como um bombardeio meteórico de átomos em que cada partícula se destaca,
prova que van Gogh concebeu suas telas como pintor, apenas
e unicamente como pintor, mas um pintor que era
exatamente por isso
um formidável músico.
Organista de uma tempestade suspensa que ri na límpida natureza, uma natureza pacificada entre duas tempestades ainda que, como o próprio van Gogh, mostre claramente o que está para acontecer.
Depois de termos visto isso, podemos dar as costas a qualquer tela pintada que já não terá mais o que nos dizer. A tempestuosa luz das telas de van Gogh começa seu sombrio recitativo no momento exato em que deixamos de contemplá-la.
Exclusivamente pintor, van Gogh, e nada mais,
nada de filosofia, nada de mística, nada de rito, nada de psicurgia nem de liturgia,
nada de história, nada de literatura nem de poesia,
esses girassóis de ouro bronzeado são pintados; estão pintados como girassóis e nada mais, mas para entender agora um girassol natural, é obrigatório passar por van Gogh, assim como para entender uma tempestade natural,
um céu tempestuoso,
uma planície da natureza,
de agora em diante é impossível não voltar a van Gogh.
Uma tempestade como essa caía sobre o Egito ou sobre as planícies da Judéia semita;
talvez houvesse trevas semelhantes na Caldéia, Mongólia ou nas montanhas do Tibet, as quais, pelo que sei, continuam no mesmo lugar.
E, no entanto, quando contemplo essa planície de trigo ou pedra, branca como um ossário enterrado, sobre a qual pesa aquele velho céu violáceo,não consigo mais acreditar nas rnontanhas do Tibet.
Pintor, não mais que pintor, van Gogh adotou meios de pintura pura e nunca os degradou,
quero dizer que, para pintar, limitou-se a usar os recursos que a pintura lhe oferecia.
Um céu tormentoso,
uma planície branca como cal,
telas, pincéis, seus cabelos ruivos, tubos, sua mão amarela, seu cavalete,
ainda que todos os lamas do Tibet sacudam sob suas roupas o apocalipse que prepararam,
van Gogh nos terá feito sentir antecipadamente o cheiro do seu peróxido de nitrogênio numa tela que contém uma dose suficiente de catástrofe para obrigar-nos a nos orientar.
Um dia ele decidiu não degradar o tema;
mas, quando se vê um van Gogh, já não se pode acreditar que haja algo menos degradável que o tema do quadro.
Na mão de van Gogh, o tema de uma lamparina acesa num sofá de palha com uma armação violácea diz muito mais que toda a série das tragédias gregas ou dos dramas de Cyril Turner, de Webster ou de Ford que, além disso, até hoje não foram encenados.
Sem querer fazer literatura, é verdade que vi o rosto de van Gogh, vermelho de sangue na explosão das suas paisagens, vir a mim,
kohan
taver
tensur
purtan
num incêndio,
num bombardeio,
numa explosão
para vingar a pedra de moinho que o pobre van Gogh, o louco, teve que carregar durante toda sua vida.
O fardo de pintar sem saber por quê ou para quê.
Pois não é para este mundo,
nunca é para esta terra onde todos, desde sempre, trabalhamos, lutamos,
uivando de horror, de fome, miséria, ódio, escândalo e nojo e onde fomos todos envenenados, embora com tudo isso tenhamos sido enfeitiçados
e finalmente nos suicidamos
como se não fôssemos todos, como o pobre van Gogh, suicidados pela sociedade!

























Van Gogh diz a Theo, seu irmão antes de falecer, dois dias depois de disparar um tiro no próprio peito - La tristesse durera toujours - A tristeza durará para sempre.



Pedro Mariano - Ventania

Composição: Jair Oliveira
Intérprete: Pedro Mariano
Álbum: Pedro Mariano (2007)


Letra: Ventania

Ela chora tempestade
então chove lá fora
nem mesmo ela sabe
como que controla
pensamento é furacão e vento
ela canta sinfonia
amanhece o dia
ela sonha
nasce a fantasia
ela apronta outra ventania
ela muda o tempo
ela inventa a hora
ela faz historia
em cada momento
ela muda o tempo
ela inventa a hora
ela faz historia
em cada momento

Refrão:
por isso é ela
meu vento é ela
eu perto dela
meu tempo é ela (x2)








O Cego e a dançarina, 1980 - João Gilberto Noll


YOU´RE MY EVERYTHING - Carmen Cavallaro

Baby I am yours

Gal Costa e Caetano Veloso - Baby

Caetano Veloso
Você precisa
Saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa
Saber de mim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Você precisa
Tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção
Do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Baby, baby
Há quanto tempo
Você precisa
Aprender inglês
Precisa aprender
O que eu sei
E o que eu
Não sei mais
E o que eu
Não sei mais
Não sei
Comigo
Vai tudo azul
Contigo
Vai tudo em paz
Vivemos
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa
Você precisa...
Não sei
Leia
Na minha camisa
Baby, baby
I love you
Baby, baby
I love you...





Angela GHEORGHIU - Habanera - Carmen - Bizet - L'amour est un oiseau rebelle

L'amour est un oiseau rebelle 


Que nul ne peut apprivoiser 


Et c'est bien en vain qu'on l'appelle 


C'est lui qu'on vient de nous refuser 


Rien n'y fait, menaces ou prieres 


L'un parle bien, l'autre se tait 


Et c'est l'autre que je prefere 


Il n'a rien dit mais il me plait 


L'amour, l'amour, l'amour, l'amour 


L'amour est enfant de boheme 


Il n'a jamais jamais connu de lois 


Si tu ne m'aimes pas je t'aime 


Si je t'aime prend garde a toi 


Si tu ne m'aimes pas 


Si tu ne m'aimes pas je t'aime 


Mais si je t'aime, si je t'aime 


Prends garde a toi 


L'oiseau que tu croyais surprendre 


Battit de l'aile et s'envola 


L'amour est loin, tu peux l'attendre 


Tu ne l'attends plus, il est la 




Tout autour de toi, vite, vite 


Il vient, s'en va puis il revient 


Tu crois le tenir, il t'evite 


Tu crois l'eviter, il te tient 




L'amour, l'amour, l'amour, l'amour 


L'amour est enfant de boheme 


Il n'a jamais jamais connu de lois 


Si tu ne m'aimes pas je t'aime 


Si je t'aime prend garde a toi 


Si tu ne m'aimes pas 


Si tu ne m'aimes pas je t'aime 


Mais si je t'aime, si je t'aime 


Prends garde a toi









Carlos Drummond de Andrade - Passagem da noite

Passagem da noite

É noite. Sinto que é noite 
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Carlos Drummond de Andrade












Arthur Rimbaud - Minha Boemia

De Arthur Rimbaud


Minha Boemia:
Eu caminhava, as mãos soltas, nos bolsos gastos.
O meu paletó, não era bem o ideal Ia sob o céu, musa!
Teu amante leal;
Ah! E sonhava mil amores insensatos......
......eu tecia no percurso
Um rosário de rimas. A grande Ursa,
o meu albergue, brilhava no céu escuro.

domingo, 28 de novembro de 2010

The Tyger - William Blake

THE TYGER

Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night:
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies,
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare sieze the fire?
And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?               10
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?
What the hammer? what the chain,
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp,
Dare its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears
And water’d heaven with their tears:
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?        20
Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night:
What immortal hand or eye,
Dare frame thy fearful symmetry?
                                                            
             (Songs of Innocence and Experience, “Song 42: The Tyger”, William Blake, 1794)




Fagner e Zeca Baleiro - Palavras e Silêncio

Zeca Baleiro E Fausto Nilo
Não se move uma montanha

Por um pálido pedido
De alguém que não se ama
Todo ouro está contigo
Para isso há muita chama
No coração do bandido... (2x)

Mais uma vez o dia chega

Em minha vida...

Como uma chama na selva

O sol na cama da relva
A tua boca e a lua
A minha boca e a tua
Vão deixando pela rua...

Palavras e silêncios

Que jamais se encontrarão... (2x)

Não se move uma montanha

Por um pálido pedido
De alguém que não se ama
Todo ouro está contigo
Para isso há muita chama
No coração do bandido... (2x)

Mais uma vez o dia chega

Em minha vida...

Como uma chama na selva

O sol na cama da relva
A tua boca e a lua
A minha boca e a tua
Vão deixando pela rua...

Palavras e silêncios

Que jamais se encontrarão... (6x)




Tulipa Ruiz - A ordem das árvores

Naquele curió mora um pessegueiro
Em todo rouxinol tem sempre um jasmineiro
Todo bem-te-vi carrega uma paineira
Tem sempre um colibri que gosta de jatobá
Beija-flor é casa de ipê
Cada andorinha é lotada de pinheiro
e o joão-de-barro adora o eucalipto
A ordem das árvores não altera o passarinho
Naquele pessegueiro mora um curió
Em todo jasmineiro tem sempre um rouxinol
Toda paineira carrega um bem-te-vi
Tem sempre um jatobá que gosta de colibri
Beija-flor é casa de ipê
Cada pinheiro é lotado de andorinha
e o joão-de-barro adora o eucalipto
A ordem das árvores não altera o passarinho












Ipê roxo - Fotografia Leonora Fink

Etta James - At Last

Joan Osborne

At Last

At last my love has come along
My lonely days are over
And life is like a song

At last the skies above are blue
And my heart was wrapped in clover
Mmm The night I looked at you

I found a dream that I could speak to
A dream that I could call my own
I found a thrill to press my cheek to
A thrill that I have never never known

Ohh You smiled and then the spell was cast
And here we are in heaven
For you are mine at last
You are mine at last
You are mine...at last