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domingo, 26 de dezembro de 2010

Hilda Hilst - Poema

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite 
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

Hilda Hilst

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Nau, ou O Mistério de Viver - de Alma Welt

A Nau, ou O Mistério de Viver (de Alma Welt)

É tão fina a sintonia do real
Que podemos perdê-la por descuido.
O menor toque errado no dial
E teremos só estática, ruído,

Além dos tais fantasmas do passado,
Aqueles que geramos todo dia
Formando, paralelo, um outro fado,
Que da rota verdadeira nos desvia.

Mas, o mistério de ser e estar na vida
É que sendo tão frágil o equilíbrio
Como nau na procela enraivecida

Que quer ver capitão vencido e morto,
Singramos e empenhamos nosso brio
Qual se nos aguardasse um belo porto...

28/09/2006




terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bluebird animation based on Charle's Bukowski's poem

Em meu coração existe um pássaro, que quer sair
mas sou mais forte que ele
there's a bluebird in my heart that, wants to get out
but I'm too tough for him


Eu falo "fica aí dentro,
eu não vou deixar ninguém te ver"

I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see you


Em meu coração existe um pássaro, que quer sair
there's a bluebird in my heart that, wants to get out

mas eu taco uísque nele e respiro fumaça de cigarro
e as putas e os barmen e as caixas do mercado
nunca sabem que ele está aqui dentro
but I pur whiskey on him and inhale cigarette smoke
and the whores and the bartenders and the grocery clerks
never know that he's in there


Em meu coração existe um pássaro, que quer sair
mas sou mais forte que ele
there's a bluebird in my heart that, wants to get out
but I'm too tough for him


Eu falo "fique aí, você quer me pôr em apuros?"
"você quer estragar meus trabalhos?"
"você quer estragar as vendas dos meus livros na Europa?"

I say, stay down, do you want to mess me up?
you want to screw up the works?
you want to blow my book sales in Europe?


Em meu coração existe um pássaro, que quer sair
there's a bluebird in my heart that, wants to get out

mas eu sou mais esperto,
só deixo ele sair de noite, às vezes
quando todos estão dormindo

but I'm too clever,
I only let him out at night sometimes
when everybody's asleep


Eu falo "sei que você está aí, então não fique triste"
daí o ponho de volta, mas ele ainda canta um pouco aqui dentro,
Eu não o deixei morrer totalmente.

I say, I know that you're there, so don't be sad.
then I put him back, but he's singing a little in there
I haven't quite let him die.


e a gente dorme junto desse jeito
com nosso pacto secreto
e é bacana o suficiente para fazer um homem chorar

and we sleep together like that
with our secret pact
and it's nice enough to make a man weep


mas eu não choro, você chora?
but I don't weep, do you?




http://www.youtube.com/watch?v=3ym-1HU7x-0&feature=player_embedded

domingo, 21 de novembro de 2010

Poema - JOSÉ CARLOS BRUNO

Pistas, alaridos em rimas ricas, permanente evoluir das vistas…
Vestindo nossa ilusão, alquimia da evolução, beijo em revolução…
Fidelidades em almas, advento em felicidades, atavios em carícias,
Flutívagas gaivotas sagazes, voando distância dos mares nacarados.

Quero mergulhar alto, nacela em lábios nacarinos, ósculos mimos…
Aquarela da renúncia, pois sem perseverança, termo d’astúcia…
Talvez óculos ou binóculos, lentes da terapia, códice do doce aletria…
Pra que tanta correria, rezingão da rotina, cegueira que anima?

Desejo do Vitor Hugo, que você tenha a quem amar, e quando
Estiver bem cansado, haja amor pra recomeçar… Conquistar…
É a chave do caminhar, notadamente em pista que não mente,
Graça reside em despistar clarividentes, conquistando as mentes…

Sementes do caminhar, semeando em criar, arte em realizar…
Fecundar o Amor em germinar, merecendo ser conquistado,
Parece o segredo do mago, relutante em sua fada afago, ego dado…
Lança o dado, sorte lançada; dardos e petardos do cupido, lanças de mel!

Nubívagas flores dos nossos sabores, degustando nossas compiladas cores,
Quero um poema do vento; conquista ao relento, núncio atento, tento…
Celebrar do reencontro, superar solidão monstro, lúbrico conto, ponto.
Cada mulher é uma túnica, lúdica, única, beleza supersônica úmida!

Remédio do tédio; acoplando almas, soprando corpos, calor dos nossos,
Assim sem remorsos, flertando o inédito, fim do cético, poético ético, épico!
Harmonia em êxtase, extasiante flerte, confissões auriculares, loquazes luares…
Tocaia natural, em boates ou bares – pilares do desejo – remexendo meu eixo, deixo…

Remelexo do realejo; profetiza química, sedução sacerdotisa, mal exorciza…
Avisa: fêmea atmosfera, sacho do macho, torre de Pisa, naturalmente precisa,
Baliza deliciosa, amantes em universo; vida de verso cor de rosa, poesia da prosa,
Ainda não vi nada que tão bem entrosa, nubentes bailando coreografia… Noite ou dia!

sábado, 2 de outubro de 2010

Poema - Federico Garcia Lorca

Eu pronuncio teu nome 
nas noites escuras, 
quando vêm os astros 
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!



Lorca























domingo, 19 de setembro de 2010

Poesia - Draco Durant

TIME X TIME Draco Durant

rosas e rosas,
ventos e liberdade,
perfumes e correntes
rumos
e passos nenhum.
corpos rijos
de pássaros
em seta
em mergulho
em mar,
deltas...
e face e rostos
sem estrelas
palcos
aplausos
e sem fim...

como show sem dono
latido e pobre
dos q (des)vestiram o manto
e nus como bêbados
brandiram o vento e chamaram a tempestade... 
















Alberto Raposo Pidwell Tavares - Al Berto - poesia

Texto da Wikipedia, leia mais no link


"Alberto Raposo Pidwell Tavares, GCSE (Coimbra, 11 de Janeiro de 1948 - Lisboa, 13 de Junho de 1997), poeta, pintor, editor e animador cultural português.

Nascido no seio de uma família da alta burguesia (origem inglesa por parte da avó paterna). Um ano depois foi para o Alentejo, é em Sines onde passa toda a infância e adolescência até que a família decide enviá-lo para o estalebecimento de ensino artístico Escola António Arroio, em Lisboa.

A 14 de Abril de 1967 foi estudar pintura para a Bélgica, na École Nationale Supérieure d’Architecture et des Arts Visuels (La Cambre), em Bruxelas.

Após concluir o curso, decide abandonar a pintura em 1971 e dedicar-se exclusivamente à escrita. Regressa a Portugal a 17 de Novembro de 1974 e aí escreve o primeiro livro inteiramente na língua portuguesa, À Procura do Vento num Jardim d'Agosto.

O Medo, uma antologia do seu trabalho desde 1974 a 1986, é editado pela primeira vez em 1987. Este veio a tornar-se no trabalho mais importante da sua obra e o seu definitivo testemunho artístico, sendo adicionados em posteriores edições novos escritos do autor, mesmo após a sua morte. Deixou ainda textos incompletos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava.

Morreu de linfoma."







Dizem que a paixão o conheceu

dizem que a paixão o conheceu 
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros 
senta-se no estremecer da noite enumera 
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos







Publicado originalmente por Joca Libânio no Facebook




Mais poesia de Al Berto


http://www.astormentas.com/din/poemas.asp?autor=Al+Berto








quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Maria Bethânia - poema de Fauzi Arap - Jeito estúpido de amar

Texto de Fauzi Arap Com Fundo Musical Jogo de Damas Maria Bethânia


Eu vou te contar que você não me conhece,
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não
Me ouve.
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você permanece comigo mas preso ao que
Eu criei
E não a mim.

E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo
Maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das
Atenções.

Mas a mentira da aparencia do que eu sou,
E a mentira da aparencia do que você é.
Porque eu,
Eu não sou o meu nome,
E você não é ninguém.

O jogo perigoso que eu pratico aqui,
Ele busca chegar ao limite possível de aproximação,
Através da aceitação da distância e do reconhecimento
Dela.

Entre eu e você existe
A noticia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da noticia
E a minha nudez parada
Te denuncia e te espelha
Eu me delato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com as quais
Você me veste.